Pacto indesejável: Nokia anuncia a adoção do Windows Phone 7

Pacto indesejável: Nokia anuncia a adoção do Windows Phone 7

Confirmando os boatos que reportei a poucos dias, a Nokia anunciou oficialmente a parceria com a Microsoft em torno do Windows Phone 7, que se tornará a plataforma primária para smartphones da Nokia, o que relegará o Symbian aos aparelhos mais simples (eventualmente assumindo um posto similar ao do S40, usado nos feature phones, sem receber muitos investimentos daqui em diante) e muito provavelmente substituirá o Meego, colocando por água abaixo a parceria anterior com a Intel. Nas palavras do CEO: “O Meego será uma plataforma para aprendizado, mas ele não se tornará uma plataforma competitiva”.

Uma ressalva em relação à adoção do Windows Phone 7 é o fato de que a Nokia pretende manter o Qt como uma plataforma comum de desenvolvimento, criando uma plataforma consistente de desenvolvimento entre o Symbian e o Windows Mobile. A parceria inclui também a adoção de tecnologia da Nokia por parte da Microsoft, com o Ovi Maps se tornando parte dos serviços de localização da Microsoft, e a integração da Ovi Store no Windows Phone 7.

É bem verdade que a Nokia se encontrava em uma situação insustentável, incapaz de oferecer aparelhos high-end competitivos com o Symbian e a um ano ou mais de ter em mãos competitiva do Meego. Entretanto, a pergunta óbvia é o por que de a Nokia não ter adotado o Android, que afinal já salvou outras empresas, incluindo a Sansung e a HTC, que vinham patinando em outras plataformas e agora aparecem no topo das estatísticas.

A grande verdade é que a Nokia é uma empresa fechada, muito similar à Apple em muitos aspectos, onde impera uma cultura centralizadora e burocrática. A empresa estava indo mal, os acionistas pediram a cabeça do CEO e colocaram no lugar um executivo vindo da Microsoft, que conseguiu convencê-los de que o Windows Phone 7 seria a salvação e que o Android não era uma boa ideia, já que ele já é usado por muitos outros fabricantes e não seria possível diferenciar os produtos.

A grande questão é que o único local onde o Windows Phone 7 tem alguma participação é nos EUA, e muitos dos destaques oferecidos pelo sistema são destinados especificamente a este mercado. Usuários de outros países estão mais interessados no Android e no iOS e a Nokia vai ter muito trabalho para convencê-los de que o Windows Phone 7 é uma boa opção.

Naturalmente, a estratégia pode acabar dando certo caso consigam moldar o sistema a ponto de oferecer uma plataforma competitiva e ao mesmo tempo oferecer um caminho de migração suave para os usuários vindos do Symbian. Existem mais de 200 milhões de usuários do Symbian no mundo e caso a Nokia consiga migrar a maior parte deles para o Windows Phone 7 isso será suficiente para garantir o sucesso da plataforma. Por outro lado, esta é uma estratégia de alto risco, que pode alienar os usuários existentes.

Nota: o mercado não adotou bem a ideia; neste momento, 15h20, as ações da Nokia caíram mais de 10%!

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