Um editor ranzinza analisa o Claws Mail

Um editor ranzinza analisa o Claws Mail

The Grumpy Editor reviews Claws Mail

Autor original: Jonathan Corbet

Publicado originalmente no: http://lwn.net/

Tradução: Roberto Bechtlufft

Parte da série do Editor Ranzinza do LWN

O guia dos clientes gráficos de email do Editor Ranzinza foi publicado há quase exatamente um ano. Naquela época, seu editor estava procurando por um cliente que pudesse substituir um esquema MH que, apesar da antigo, oferecia um grau de flexibilidade e velocidade difícil de bater. Eu recebo pilhas de emails, mesmo sem contar com listas como a linux-kernel, por isso tenho uma necessidade real de um cliente que processe as mensagens sem perder nem alguns poucos segundos para isso. Na época, nenhum dos clientes analisados deu conta do recado; parece que os desenvolvedores de clientes gráficos priorizam uma série de recursos em detrimento da velocidade e da flexibilidade.

Aquela análise mencionou um cliente chamado sylpheed-claws; na época, esse cliente era uma espécie de ramificação de desenvolvimento do sylpheed, e a intenção era que as mudanças realizadas nele fossem incluídas no sistema. Desde então, o sylpheed-claws evoluiu e se tornou um fork pleno, objetivando a criação de um aplicativo independente, e ganhou um novo nome: Claws Mail. Em 2004, achei o sylpheed-claws uma plataforma instável; 2008 pareceu ser um bom momento para voltar lá e ver o que os desenvolvedores andaram fazendo nos últimos quatro anos. Então, instalei o Claws Mail 3.4.0 e fui testá-lo.

A boa notícia é que com o tempo o cliente se estabilizou. Não consegui fazê-lo travar, o que é sempre bom em um cliente de email. Muitos dos recursos em desenvolvimento quatro anos atrás agora são estáveis e suportados – e geralmente bem documentados. O Claws Mail trilhou um longo caminho.

imgOs desenvolvedores do Claws Mail deram ênfase à liberdade de configuração, por isso há muitas opções a serem desvendadas. O layout da janela é altamente customizável, permitindo ao usuário escolher a maneira mais conveniente de dispor do espaço na tela. Quase tudo no cliente pode ser alterado. Para quem estiver disposto a caminhar por uma longa série de telas de configuração, o Claws Mail oferece a habilidade de adaptar o cliente a todo tipo de necessidade.

Lidar com email exige um uso pesado do teclado. Uma de minhas maiores reclamações sobre os clientes gráficos é a necessidade de alternar constantemente entre o teclado e o mouse – uma transição que quebra o foco e toma tempo. O Claws Mail melhorou as coisas nesses sentido, e várias ações podem ser desempenhadas sem o uso do mouse. E ao contrário de alguns clientes gráficos, é fácil mudar os atalhos de teclado.

Para algumas operações simples, como entrar em uma pasta para ler e apagar mensagens, o Claws Mail pode ser um pouco lento. Trabalhar com IMAP não ajuda, é claro, mas é mais lento do que, digamos, o Thunderbird. Além disso, por padrão, quando se apaga uma mensagem e a seleção passa para a próxima, o Claws Mail não exibe essa mensagem. Com isso, são necessários dois comando no teclado (ou dois clicks) para excluir uma mensagem e exibir a próxima. Mas uma mexida nas configurações pode resolver esse problema. A lentidão que sobrou pode ter seu impacto reduzido desabilitando a opção “execute moves and deletes immediately” (mover e deletar imediatamente) – o que também auxilia na recuperação daquelas situações em que o “dedo do delete” é mais ágil do que deveria.

Uma de minhas tarefas rotineiras é abrir uma mensagem em um programa externo. De modo geral, os clientes gráficos não fazem isso, embora quase todos os não gráficos façam. O Claws Mail inclui o conceito de “ações” que são, essencialmente, programas externos que agem sobre as mensagens. Esse recurso quase resolve o problema; as ações podem ser configuradas com bastante flexibilidade, e podem ser chamadas por atalhos de teclado. Mas não há o equivalente ao “|” dos clientes em modo texto, ou seja, não é possível direcionar uma mensagem para um comando qualquer. O Claws Mail só passa pelos cabeçalhos de email visíveis na tela – e parece que isso não pode ser configurado.

Os emails em HTML parecem ser um daqueles fatos infelizes da vida na Internet. O Claws Mail renderiza emails em HTML como texto por padrão. Há alguns plugins que renderizam emails em HTML da maneira que o remetente pretendia. Agradou ao meu coração o fato de que o Claws Mail, ao contrário de outros clientes, não envia emails em HTML por padrão. Na verdade, ele nem é capaz de mandar emails em HTML. Parece que esses desenvolvedores sabem estabelecer as prioridades certas.

O uso offline também é um recurso legal dos clientes de email. O Claws Mail tem esse recurso, mas só consegui fazê-lo funcionar pela metade. O cliente pode baixar emails para leitura offline, mas alterar ou enviar emails resulta em uma série de avisos de “Não posso fazer isso”. Mexer mais um pouco nas configurações (por exemplo, criando uma pasta local de rascunhos) ajudaria nesse sentido, mas parece que há trabalho sendo feito nessa área.

Os recursos não acabam por aí. O Claws Mail suporta emails criptografados, verificação ortográfica, filtro de mensagens recebidas (com um plugin opcional em Perl para aqueles serviços de filtragem mais complicados), modelos de email, marcação de emails com etiquetas coloridas, suporte a tags, avaliação, acompanhamento de discussões e mais. Há plugins para acender o LED do laptop quando uma mensagem chegar, remover anexos, exibir arquivos PDF, acompanhar feeds RSS, lidar com mensagens de vCalendar etc. Há um mecanismo de busca complexo que pode fazer bem mais do que apenas casar padrões. Em resumo, o Claws Mail é uma ferramenta com mais recursos do que qualquer um seria capaz de usar.

Vocês acham que eu troquei de cliente? Ainda não. Ainda é preciso dar um jeito na velocidade, e pode ser necessário escrever um plugin para fazer o Claws Mail lidar com alguns procedimentos do LWN. E ainda há alguns outros detalhes a acertar. Mas posso dizer que o Claws Mail chegou mais perto do que qualquer outro cliente gráfico de email que eu já tenha testado.

Créditos a Jonathan Corbethttp://lwn.net/

Tradução por Roberto Bechtlufft <robertobech at gmail.com>

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