1 em cada 3 brasileiros caiu em golpe virtual: veja os tipos mais comuns e como evitar

Pesquisa mostra R$ 112 bilhões em prejuízos e revela os golpes digitais que mais afetam o Brasil hoje.

Os golpes virtuais dominam o cenário de crimes patrimoniais no Brasil, com um terço da população tendo sido vítima de alguma fraude digital com prejuízo financeiro no último ano. A migração da criminalidade das ruas para o ambiente online resultou em um rombo impressionante de R$ 112 bilhões aos bolsos dos brasileiros, conforme revela pesquisa recente do Instituto Datafolha encomendada pelo Instituto Brasileiro de Segurança Pública (IBSP).

A transformação no perfil dos crimes patrimoniais se intensificou após a pandemia de COVID-19, período em que a digitalização de serviços e o uso de plataformas online cresceram significativamente. Enquanto os roubos físicos diminuem nas estatísticas oficiais, as fraudes digitais avançam rapidamente em todas as classes sociais e faixas etárias.

A pesquisa, realizada entre 2 e 6 de junho com 2.007 pessoas em 130 cidades brasileiras, mapeou os principais tipos de golpes que afetam os brasileiros. As compras em lojas online de procedência duvidosa ou nas redes sociais com preços excessivamente baixos lideram o ranking, afetando 28,8% dos entrevistados. Muitas dessas ofertas “imperdíveis” acabam se revelando armadilhas, com produtos que nunca chegam ou são completamente diferentes do anunciado.

Logo em seguida, aparecem as tentativas de fraude por aplicativos de mensagens ou ligações telefônicas, incluindo as falsas centrais de atendimento bancário, com 27,5% das ocorrências. Neste tipo de golpe, criminosos se passam por funcionários de bancos ou empresas de cartão de crédito, alegando problemas na conta ou transações suspeitas para obter dados pessoais e senhas das vítimas.

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O avanço das fraudes digitais e a atuação do crime organizado

Completando o top 3 dos golpes mais comuns estão as fraudes envolvendo transferências bancárias, pagamentos via Pix ou boletos falsos, com 25,4% das ocorrências. Esses golpes geralmente começam com uma comunicação aparentemente legítima, solicitando pagamentos urgentes ou oferecendo descontos exclusivos que, na verdade, direcionam o dinheiro para contas de criminosos.

Um dado alarmante revelado pela pesquisa é o crescimento dos crimes de extorsão digital. Cerca de 19,1% dos entrevistados relataram ter sofrido roubo de dados pessoais seguido por chantagens, ameaças de violência e exigência de pagamento. Esse tipo de crime tem crescido junto com a digitalização das relações pessoais e profissionais.

O levantamento também trouxe à tona a atuação de facções criminosas tradicionais no universo digital. Organizações como o Comando Vermelho (CV) e o Primeiro Comando da Capital (PCC), historicamente ligadas ao narcotráfico, agora diversificam suas atividades com a operação de centrais telefônicas falsas dedicadas a fraudes bancárias. Essas estruturas criminosas foram identificadas em operações policiais recentes, que desmantelaram esquemas envolvendo o uso fraudulento de Pix, WhatsApp e cartões clonados.

Para essas organizações, os golpes virtuais oferecem dupla vantagem: a possibilidade de movimentar e lavar dinheiro obtido com outras atividades ilícitas e a dificuldade de investigação e rastreamento que o ambiente digital proporciona, permitindo operações criminosas de longo prazo com menor risco de identificação.

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Perfil das vítimas e a evolução dos golpes digitais

Um aspecto interessante revelado pelo estudo é que os golpistas parecem direcionar seus ataques de acordo com o perfil econômico das vítimas. Nas modalidades de fraude que envolvem chantagens e extorsão, as vítimas das classes A e B representam 27,6% dos casos, percentual significativamente maior que os 16,4% registrados nas classes C, D e E. Padrão semelhante ocorre nas fraudes envolvendo compras não entregues, sugerindo uma estratégia criminosa focada em alvejar pessoas com maior poder aquisitivo.

Apesar da dominância crescente das fraudes digitais, os crimes tradicionais ainda afetam uma parcela considerável da população. A pesquisa aponta que 21,8% dos brasileiros foram vítimas de crimes presenciais como assalto, roubo ou sequestro relâmpago no período analisado. O furto ou roubo específico de smartphones atingiu 9,3% dos entrevistados, um número que preocupa especialistas em segurança, já que o aparelho celular concentra hoje diversos dados sensíveis e acesso a contas bancárias.

A digitalização da criminalidade representa um desafio crescente para autoridades e consumidores. Enquanto a segurança pública tradicional conseguiu reduzir crimes de rua em várias regiões do país, a proteção no ambiente digital ainda enfrenta obstáculos como a complexidade das investigações, a facilidade de anonimato dos criminosos e a rapidez com que novas modalidades de golpes são desenvolvidas e aplicadas.

Para se proteger, especialistas recomendam desconfiar de ofertas muito vantajosas, nunca fornecer senhas ou códigos de autenticação por telefone, verificar a procedência de sites antes de realizar compras, utilizar autenticação em dois fatores em todas as contas digitais e manter aplicativos e sistemas sempre atualizados com as últimas versões de segurança.

Fonte: O Globo

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Cearense. 37 anos. Apaixonado por tecnologia desde que usou um computador pela primeira vez, em um hoje jurássico Windows 95. Além de tech, também curto filmes, séries e jogos.
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