HTC

Embora a HTC (http://www.htc.com/br/) produza um volume brutalmente menor de aparelhos que concorrentes como a Nokia, a Sony Ericson ou a Motorola, ela é, na verdade, uma das maiores fabricantes de smartphones. Isso acontece porque a HTC produz apenas smartphones, enquanto a maioria dos outros fabricantes trabalham com linhas mistas, produzindo também um grande número de feature phones e de celulares simples.

O ponto fraco da HTC é que, com exceção do G1, todos os aparelhos são baseados no Windows Mobile, de forma que se você não gosta dele, também não vai se interessar muito pelos aparelhos da empresa. Entretanto, isso pode mudar em breve, já que a HTC tem investido no desenvolvimento de aparelhos baseados no Android.

O aparelho mais famoso da HTC é provavelmente o HTC Touch, lançado em junho de 2007. Ele é um modelo bastante compacto e relativamente leve (112 gramas), baseado no Windows Mobile 6 Professional. A versão original (P3450) tinha apenas 64 MB de RAM e 128 MB de Flash (o que é bem pouco para um aparelho baseado no Windows Mobile), mas ela foi logo atualizada, dando origem à versão P3452, com 128 MB de RAM e 256 MB de Flash.

O Touch é um aparelho bem resolvido e bastante prático de usar se comparado a outros modelos com o Windows Mobile. Os pontos fracos são a falta de suporte a 3G (o que é amenizado pela presença do transmissor Wi-Fi) e o processador TI OMAP 850 de apenas 201 MHz, que restringe o uso do aparelho em algumas áreas. A câmera de 2.0 MP também deixa bastante a desejar (baixa fidelidade nas cores, sem flash, lentes com foco fixo, etc.), mas esta é uma característica comum em outros aparelhos com câmera de 2.0 MP lançados na mesma época.


HTC Touch

Além do HTC Touch original, temos também o Touch Dual, que possui um teclado numérico deslizante, o que o tornou um pouco maior e mais pesado. Outra diferença importante entre os dois é que o Touch Dual possui suporte a 3G, mas, em compensação, exclui o transmissor Wi-Fi disponível no antecessor. Isso faz com que a escolha entre os dois recaia em grande parte sobre o fato de você pretender utilizar um plano de dados ilimitado, ou navegar usando redes Wi-Fi.

Esta deficiência foi suprida pelo Touch Cruise, que combina o suporte a 3G com um transmissor Wi-Fi e suporte a GPS. O Cruise marcou também a migração do OMAP 850 para o Qualcomm MSM7200 de 400 MHz, um processador consideravelmente mais rápido.

O principal diferencial dos aparelhos da linha Touch em relação a outros modelos baseados no Windows Mobile, é a interface TouchFlo, que mascara a interface padrão do Windows Mobile, oferecendo um visual mais agradável e acesso fácil a algumas funções através de gestos. Ela inclui, também, um conjunto de aplicativos adicionais, baseados no mesmo tema visual.

A tela inicial do Windows Mobile foi substituída por uma versão personalizada (a tela Today), com atalhos para os aplicativos mais usados e uma lista dos compromissos do dia. Ao arrastar o dedo da base ao topo da tela, você tem acesso a um menu adicional, com botões de atalho para mais aplicativos. Este menu é chamado de cubo, pois ao arrastar o dedo da esquerda para a direita ou da direita para a esquerda você tem acesso a duas faces adicionais, uma com atalhos para as funções de mídia e outra com um speed dial, baseado em fotos dos contatos.

O TouchFlo é otimizado para uso com os dedos, usando botões grandes e teclas de atalho, o que permite que você tenha acesso às funções sem precisa sacar a stylus. O maior problema é que o TouchFlo dá acesso a apenas um pequeno conjunto de funções; para as demais, você precisa recorrer aos menus tradicionais do Windows Mobile, que destoam da interface criada pela HTC e, diferente do TouchFlo, são otimizados para uso com a caneta.

Ao escrever mensagens e anotações, você precisa recorrer ao teclado onscreen que, novamente, é utilizável apenas com a stylus. Isso faz com que, embora superior à de outros aparelhos também baseados no Windows Mobile, a interface seja inconsistente em diversas áreas. Como resultado disso, as opiniões acabam variando bastante, pois quem gosta do Windows Mobile tende a gostar da interface, enquanto quem está acostumado com outras plataformas tende a ter uma opinião mais crítica.

A tela Today da HTC e os menus do Windows Mobile escondidos sob ela

O Touch Cruise trouxe uma versão levemente aperfeiçoada do TouchFlo, com efeitos de transição 3D e algumas melhorias nos aplicativos. Os efeitos de transição são processados via hardware por um acelerador gráfico incluído no chip MSM7200, por isso não prejudicam o desempenho geral do sistema.

Continuando, outro modelo comum é o HTC S621 (Excalibur), que é um aparelho completamente diferente, mais barato e otimizado para troca de mensagens de texto. Em vez de ser baseado no touchscreen, como o Touch, ele utiliza o Windows Mobile 6.0 Standard (a versão smartphone), sem suporte a touchscreen.

Em compensação, ele utiliza um teclado QWERTY, com otimizações para o uso com apenas uma das mãos, baseado no direcional. Assim como o Touch, ele é um aparelho baseado no OMAP 850 de 201 MHz, com Wi-Fi mas sem suporte a 3G. Ele é bem similar ao Motorola Q em funções e no formato, mas é melhor acabado.


HTC S621, com o Windows Mobile Standard

Outro modelo com o Windows Mobile Standard é o HTC S711, um híbrido que combina o teclado numérico e um teclado QWERTY deslizante. Com o teclado fechado, ele se comporta como um aparelho comum, com a navegação entre as funções feita usando o direcional e a digitação feita usando o T9. Com o teclado aberto, a orientação da tela muda e ele passa a se comportar de forma similar ao S621:


HTC S711, um modelo dual que acabou juntando o pior dos dois mundos

Na teoria, a idéia parece boa, mas na prática revela muitas limitações. Apesar de ser um aparelho compacto, medindo 101.5 x 50.5 mm, ele é espesso (com 18.6 mm) e pesado (com 140 gramas). Assim como o S621, ele combina o suporte a Wi-Fi com a falta do 3G e é baseado no OMAP 850 de 201 MHz. O processador fraco faz com que o desempenho fique longe do ideal, com a transição de orientação da tela ao abrir e fechar o teclado demorando 3 segundos ou mais.

O próximo modelo da lista é o HTC TyTN II (Kaiser), que surgiu da idéia de oferecer um aparelho com touchscreen e um teclado QWERTY deslizante. À primeira vista, ele parece apenas um Pocket PC avantajado (e pesado, com 190 gramas), com a tradicional tela sensível ao toque e os botões de atalho, mas um mecanismo interno esconde um teclado deslizante, que, ao ser aberto, muda a orientação da tela para o modo de paisagem.

O fato de ter aumentado as dimensões e o peso do aparelho, faz com que o teclado seja, ao mesmo tempo, o grande diferencial e o principal defeito do TyTN II. Para quem usa o smartphone como ferramenta de comunicação, escrevendo e-mails e textos longos, editando documentos e preparando apresentações, o teclado completo é um pré-requisito e justifica qualquer aumento no peso. Entretanto, para quem não precisa digitar muito, o teclado acaba se tornando um elefante branco. Isso explica por que a HTC tem investido nos dois segmentos, produzindo tanto aparelhos com teclado deslizante quanto os modelos da linha Touch.


O TyTN II. A HTC o chama de Kaiser (imperador), talvez por causa do tamanho 🙂

O TyTN II utiliza um processador Qualcomm MSM7200TM de 400MHz, o que o torna bem mais ágil que o Touch na questão do desempenho. Ele inclui também suporte a Wi-Fi e 3G simultâneos, além de uma câmera de 3.15 MP (também sem flash). Diferente do Touch Cruiser, que é baseado no mesmo processador, ele utiliza uma versão reduzida do TouchFlo, incluindo a tela inicial personalizada e os atalhos, mas sem o efeito de cubo 3D.

Na verdade, o chipset utilizado no Kaiser oferece recursos de aceleração 3D, mas ele não inclui os drivers necessários. Uma possibilidade é que a HTC tenha escolhido desativar o suporte a 3D por restrições no consumo elétrico (já que o Wi-Fi, GPS e o 3G já drenam suficientemente as baterias), ou simplesmente por questões de marketing, já que o TyTN II é oferecido como uma solução para profissionais móveis e não como um dispositivo para jogos e multimídia. De qualquer forma, você encontra um driver 3D (não completamente estável) desenvolvido de forma independente no http://www.htcclassaction.org/driverprogress.php.

Com relação ao uso do GPS, o TyTN II vendido na Europa acompanha uma versão de demonstração do TomTom Navigator (que dá direito a baixar o mapa de apenas uma cidade). Entretanto, devido a questões de licenciamento, a versão vendida pela HTC no Brasil foi fornecida sem nenhum software de localização (o que causou frustração em muitos usuários), deixando a instalação por conta da operadora. A Tim, por exemplo, possui um convênio com a Garmin, enquanto a Vivo oferece um navegador próprio. Você pode também instalar o Google Maps, o Garmin Mobile ou outro software de navegação a que tenha acesso (veja mais detalhes no capítulo sobre GPS).

Temos em seguida o Touch Pro e o Touch Diamond, que são os sucessores do TyTN II e do Touch original. Eles são caros e por isso nem sempre são as melhores escolhas, mas, em compensação, introduzem diversas melhorias.

O Touch Pro é, provavelmente, o melhor aparelho já lançado pela HTC. Além das melhorias visuais, ele implementa uma série de aperfeiçoamentos na parte de hardware, incluindo o uso de uma tela VGA, de 640×480 e 2.8″, um processador um pouco mais rápido (um Qualcomm MSM7201A de 528 MHz) e o dobro de memória dos modelos anteriores, com 288 MB de memória RAM e 512 MB de memória Flash, complementados pelo cartão microSD. Ele inclui, também, uma versão aperfeiçoada da interface TouchFlo 3D, com novas funções e aplicativos atualizados para tirar proveito da maior resolução da tela.

Assim como outros aparelhos atuais, ele oferece suporte ao padrão SDHC, com suporte a cartões de até 32 GB. Da mesma forma que tantos outros limites da informática, os 32 GB podem parecer um valor inatingível, mas, com as sucessivas quedas nos preços da memória Flash, não vai demorar para que os cartões microSD com esta capacidade se tornem populares, assim como são atualmente os cartões de 2 e 4 GB.

Continuando, ele oferece o kit básico de recursos para um modelo high-end atual, com Wi-Fi, GPS, acelerômetro, suporte a HSDPA (ele é também um dos primeiros aparelhos a oferecer suporte ao padrão HSUPA, que aumenta a velocidade do upload) e saída para TV, que serve como uma opção ao assistir vídeos.

Ele inclui também uma câmera de 3.15 MP (que, diferente dos modelos anteriores, é equipada um flash LED) e uma versão um pouco mais confortável do teclado deslizante introduzido pelo TyTN II. Ele está longe de ser um aparelho fino ou leve, mas é um pouco mais compacto que o TyTN II, pesando 165 gramas:


O Touch Pro em comparação com o antecessor

Ao contrário do que pode parecer à primeira vista, a tela VGA não representa uma diferença muito grande na interface e no uso do sistema em relação aos aparelhos com tela QVGA. Apesar da resolução ser maior, o tamanho físico da tela continua sendo o mesmo, o que obriga o sistema a renderizar as fontes em um tamanho igualmente maior, para que elas continuem legíveis. Como resultado, a interface fica um pouco mais detalhada, mas a maioria dos aplicativos continua exibindo o mesmo volume de texto e de ícones que você veria em uma tela QVGA.

As exceções ficam por conta dos aplicativos que são capazes de operar em modo de alta resolução, como no caso do IE Mobile. Neles, ao ativar o modo de alta resolução as fontes passam a ser renderizadas no tamanho original, permitindo que você realmente veja um volume de texto quatro vezes maior. Entretanto, a utilidade é limitada, já que, ao usar o tamanho padrão, as fontes ficam pequenas demais para ler. Na prática, você acaba tendo que aumentar o tamanho das fontes, chegando a um meio-termo:

IE Mobile em uma tela QVGA e em uma tela VGA em modo de alta resolução

Continuando, no Touch Pro a transição da tela para o modo landscape é coordenada por um acelerômetro, que detecta quando você coloca o aparelho na posição horizontal. Isso permite que você use o modo landscape quando quiser visualizar páginas web e documentos, sem precisar necessariamente abrir o teclado.

Assim como no caso do Touch e do Touch Dual, a HTC lançou também uma versão mais fina do Touch Pro, o Touch Diamond. Ele é quase idêntico ao Touch Pro, com exatamente o mesmo tamanho e a mesma interface. A grande diferença entre os dois é que o Touch Diamond não tem o teclado QWERTY, e tem, por isso, apenas dois terços da espessura, além de ser muito mais leve, com apenas 110 gramas. O grande problema é que sem o teclado QWERTY, você fica restrito ao teclado onscreen.

A HTC conseguiu suavizar o problema melhorando a sensibilidade da tela touchscreen e incluindo layouts adicionais de teclado. Além do teclado completo, estão disponíveis opções que simulam um teclado numérico (com o T9) e um teclado SureType (com duas letras por tecla), que são utilizáveis usando os dedos:


Uma pesada limitação do Touch Diamond é que, diferente do Touch Pro, ele não possui o slot para cartões microSD, o que limita o aparelho aos 4 GB de memória interna. Com cartões microSD de 8 GB já custando menos de 30 dólares em lojas do exterior (e em breve também no Brasil), esta limitação desnecessária acaba sendo um motivo de desistência para muitos.

O mais novo da família, que deve causar um certo furor quando chegar ao Brasil (provavelmente lá pelo final de 2009, depois que completar um ano do lançamento internacional 😉 é o HTC Touch HD, o primeiro smartphone a utilizar uma tela WVGA, com surpreendentes 800×480. Esta é a mesma resolução da tela usada no Asus Eee e em outros Netbooks, que deve passar a ser adotada em mais e mais smartphones ao longo de 2009:


HTC Touch HD, o primeiro modelo com tela WVGA

Assim como em outros modelos da HTC, o browser padrão é o Opera Mobile, que trabalha de forma similar ao Safari do iPhone, exibindo uma miniatura da página, onde você clica para ampliar. Entretanto, a alta resolução da tela faz com que, ao usar o aparelho em modo landscape, você possa ler boa parte do conteúdo das páginas sem precisar ampliar, o que torna a navegação bem mais dinâmica.

Junto com a resolução, o tamanho físico da tela também cresceu, indo de 2.8″ para 3.8″, resultando em uma densidade de 245ppi (pontos por polegadas), que é na verdade melhor que a do Touch Diamond, onde os pixels ficam mais espremidos, com 285ppi. Entretanto, a mudança custou o botão direcional, que faz bastante falta em diversas operações.

O Touch HD mantém os 288 MB de RAM e os 512 MB de Flash do Touch Pro, trazendo de volta o uso de cartões microSD. O processador também continua sendo o mesmo MSM7201A de 528 MHz (que, com a maior resolução da tela, começa a apresentar sinais de cansaço ao exibir vídeos e ao processar os efeitos 3D da interface) e mantém os demais recursos básicos (Wi-Fi, 3G, GPS, acelerômetro, etc), com um pequeno upgrade na câmera, agora de 5.0 MP.

Muitos apontam o Touch HD como um matador de iPhones mas na prática não é bem assim. As especificações de hardware são bem superiores (a começar pela tela), mas, por outro lado, ele é baseado no Windows Mobile que é um caso de amor ou ódio.

Quem gosta da interface do iPhone, dificilmente vai se interessar por ele, independentemente das diferenças no hardware e vice-versa. Seria como comparar um PC com o Windows e um Mac. A grande diferença (e o principal motivo de alguns escolherem o PC e outros escolherem o Mac) não está no hardware, mas sim no sistema operacional e nos softwares.

Voltando aos aparelhos, embora não tenha recebido tanta atenção quanto o Touch HD, outro lançamento recente que merece uma citação é o HTC Touch 3G, uma versão atualizada do Touch original, que ganhou suporte a 3G, GPS, câmera de 3.2 MP, Wi-Fi e um pouco mais de memória RAM (196 MB contra 128 MB do original). Embora a tela continue sendo QVGA, o processador é agora um Qualcomm MSM7225 de 528 MHz, uma versão levemente modificada do mesmo chip usado no Touch HD.

Apesar das mudanças no hardware, o desenho continua o mesmo, com uma pequena mudança no layout do botão direcional. Ele ficou também um pouco mais fino e 16 gramas mais leve (96 contra 112 do touch original):


HTC Touch 3G

A principal vantagem dos modelos da HTC é que, em vez de se limitarem a produzir aparelhos com o Windows Mobile padrão (como no caso de muitos modelos da LG, por exemplo), eles têm se esforçado em introduzir novos recursos de hardware (como no caso do Touch HD), aperfeiçoar o TouchFlo e calibrar o conjunto de aplicativos pré-instalados, oferecendo, por exemplo, o Opera Mobile como navegador padrão (no lugar do fraco IE Mobile) em diversos modelos. Diferente de alguns modelos da Motorola, os aparelhos da HTC incluem também uma JVM pré-instalada (possibilitando a instalação de applets Java), o que aumenta a oferta de aplicativos.

Entretanto, apesar das melhorias, os aparelhos da HTC sofrem dos mesmos problemas que afetam outros modelos baseados na plataforma Windows Mobile, com destaque para o desempenho, que é o ponto fraco do sistema. Mesmo os modelos mais parrudos, como o Touch Pro, demoram um ou dois segundos para chavear entre os aplicativos (ou mesmo entre muitos dos menus), o que prejudica bastante a usabilidade, fazendo com que você demore mais para conseguir concluir as tarefas.

Concluindo, temos o HTC G1 (HTC Dream), sobre o qual falei rapidamente no tópico sobre o Android. O lançamento do G1 foi uma manobra corajosa da HTC, já que a versão do Android usada ainda não é uma versão madura da plataforma.

Como todo lançamento inicial, o G1 acabou ficando com várias arestas, o que faz com que ele não seja exatamente um aparelho recomendável (a menos que você realmente faça questão de ser o primeiro com um smartphone baseado no Android), mas ele será sucedido por outros aparelhos mais bem acabados, dando origem a uma segunda família de modelos, que servirá como alternativa aos baseados no Windows Mobile.

Devemos ver diversos outros lançamentos baseados no Android ao longo de 2009, não apenas por parte da HTC, mas também da maioria dos outros fabricantes. Ele será, provavelmente, o catalizador de grandes mudanças.

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