Configuração da rede

 A configuração da rede continua sendo feita através do bom e velho NetworkManager, disfarçado agora de applet do Unity:

O NetworkManager surgiu ainda na década passada, como um utilitário de configuração de rede de “nova geração”, que utiliza as informações coletadas pelo HAL para detectar as interfaces que estão disponíveis, oferecendo um menu de opções que permite que você se conecte a redes wireless, redes cabeadas e até mesmo a conexões 3G ou ADSL/PPPoE, alternando entre as redes disponíveis de maneira bastante prática.

Ao ativar o transmissor da rede wireless, ele detecta as redes disponíveis e mostra a lista através do applet ao lado do relógio. Ao se conectar a uma rede protegida, ele se oferece para salvar a passphrase e guarda a configuração, passando a se conectar à rede automaticamente quando você estiver dentro da área de cobertura, assim como seria de se esperar.

Ao plugar um cabo de rede, ele chaveia automaticamente da rede wireless para a rede cabeada, obtendo a configuração via DHCP. Desconectando o cabo de rede, ele volta a tentar se conectar a uma das redes wireless disponíveis, e assim por diante.

Por default, ele tenta configurar todas as conexões via DHCP (e desativa a conexão caso o DHCP não esteja disponível, ou o servidor esteja fora do ar), mas você pode também configurar os endereços manualmente, acessando as propriedades da interface, clicando com o botão direito sobre o applet e acessando o “Editar conexões”:

Desde o Ubuntu 8.10, ele oferece também suporte a modems ADSL configurados em modo bridge (conexão via PPPoE) e até mesmo a conexão com VPNs, oferecendo uma solução de conectividade bastante completa. No caso das conexões ADSL, existe também a opção de usar o clássico pppoeconf (“sudo pppoeconf” no terminal), que é o mesmo assistente de configuração usado em outras distribuições derivadas do Debian.

Está disponível também o suporte a conexões 3G, que podem ser configuradas manualmente ou através de um assistente:

As conexões 3G se comportam de forma muito similar às antigas conexões dial-up, incluindo um número de discagem, login de usuário e APN (que funciona como uma espécie de gateway padrão). Existem valores padronizados para cada operadora, por isso o assistente não tem problemas em configurar a conexão a partir da indicação da operadora usada. A questão central é que o modem usado precisa ter suporte no Linux. Atualmente, a maior parte dos modems USB (com exceção de alguns modelos recentes) e também celulares da Nokia (conectados ao PC em modo PC Suite) e outros que suportam o uso como modem USB são diretamente suportados pelo sistema, através do módulo usbserial, mas ainda existem casos em que você precisa adicionar uma regra específica, ou mesmo instalar algum módulo ou utilitário para ativar o suporte. Vale notar que esta opção se destina apenas a modems USB e telefones ligados através da porta USB. No caso dos mobile hotspots, a conexão é feita diretamente, já que eles se comportam como pontos de acesso Wi-Fi

Embora tenha sido criticado em suas primeiras versões, devido a problemas diversos, o NetworkManager cresceu e se tornou uma solução bastante estável. De qualquer forma, o uso do NetworkManager não impede que você configure a rede manualmente caso desejado. Para isso, basta adicionar a configuração da rede no arquivo “/etc/network/interfaces“. O NetworkManager monitora a configuração do arquivo e deixa de monitorar interfaces especificadas manualmente nele.

Por padrão, o arquivo inclui referência apenas à interface de loopback, permitindo que o NetworkManager monitore as demais interfaces:

auto lo
iface lo inet loopback

Ao adicionar uma configuração manual de rede dentro do arquivo, o sistema passa a usar a configuração especificada, desativando o uso do NetworkManager. Essa é uma boa solução se você usa um desktop conectado a uma rede cabeada e não tem necessidade de ficar alternando entre várias redes. Um exemplo de configuração seria:

auto lo eth0
iface lo inet loopback

iface eth0 inet static
      address 192.168.1.23
      netmask 255.255.255.0
      network 192.168.1.0
      broadcast 192.168.1.255
      gateway 192.168.1.1

Se você estiver usando uma placa wireless, a configuração manual é feita em dois passos. O primeiro é gerar o arquivo de configuração do wpa_supplicant, usando o wpa_passphrase, especificando o nome da rede (ex: rede) e a passphrase de acesso (ex: 123456), como em:

# wpa_passphrase rede 123456 > /etc/wpa_supplicant.conf

Assim como em outros comandos que escrevem diretamente em arquivos, ele precisa ser executado diretamente como root, não com o sudo.

Com o arquivo de configuração gerado, falta apenas a configuração no arquivo “/etc/network/interfaces”. A configuração é a mesma que usamos para placas cabeadas, com a adição de duas novas linhas, que ativam o uso do wpa_supplicant e indicam o arquivo de configuração que será usado, como em:

auto lo wlan0
iface lo inet loopback

iface wlan0 inet static
      address 192.168.1.23
      netmask 255.255.255.0
      network 192.168.1.0
      broadcast 192.168.1.255
      gateway 192.168.1.1
      wpa-driver wext
      wpa-conf /etc/wpa_supplicant.conf

Edite também o arquivo “/etc/resolv.conf“, adicionando os endereços dos servidores DNS (um por linha), como em:

nameserver 208.67.222.222
nameserver 208.67.220.220

Se mudar de ideia, basta desfazer as alterações e o NetworkManager voltará a gerenciar as interfaces.

O NetworkManager roda como um serviço de sistema, e não como um aplicativo. É por isso que você não consegue desabilitá-lo diretamente através do ambiente gráfico. O ícone que aparece ao lado do relógio é na verdade uma instância do “nm-applet”, um pequeno utilitário destinado apenas a mostrar as redes disponíveis e permitir que você altere a configuração.

Para realmente desativar o NetworkManager, é necessário parar diretamente o serviço, usando o comando “stop network-manager ” e em seguida editar ou remover o arquivo “/etc/init/network-manager.conf“, para que ele deixe de ser inicializado automaticamente durante o boot (veja mais detalhes no tópico sobre a configuração do Upstart mais adiante). Entretanto, isso é desnecessário na maior parte dos casos, uma vez que você pode desativá-lo simplesmente especificando a configuração de rede no “/etc/network/interfaces”.
 

Em versões antigas do Ubuntu, que ainda não utilizavam o Upstart, o comando para desativar o NetworkManager era o “/etc/init.d/NetworkManager stop” (para o serviço temporariamente) ou o “update-rc.d NetworkManager remove” (para desativar em definitivo, fazendo com que ele deixe de ser carregado durante o boot). Em versões muito antigas, anteriores ao 7.04, o comando era o “/etc/dbus-1/event.d/25NetworkManager stop”. Nelas, a interface de configuração manual era também bem diferente e as opções para configurar conexões ADSL, modems 3G e VPNs ainda não estavam disponíveis.

Concluindo, temos também a questão do Ndiswrapper que, apesar da evolução dos drivers open-source, ainda é necessário para ativar algumas placas wireless. Se você está chegando agora, o Ndiswrapper é um software derivado do Wine, que permite ativar placas wireless que não possuem drivers para Linux, utilizando os drivers do Windows XP. Ele trabalha convertendo as chamadas NDIS (a interface para drivers de rede utilizada pelo Windows) em chamadas entendidas pelo kernel Linux, de maneira que a placa possa ser usada pelo sistema.

Para usá-lo, é necessário instalar o pacote “ndiswrapper-utils-1.9” (o “1.9” é o número da versão, que pode eventualmente mudar em edições futuras do Ubuntu), juntamente com o ndisgtk, que é a interface para gerenciar os drivers:

$ sudo apt-get install ndiswrapper-utils-1.9 ndisgtk

Se, por acaso, você precisar baixar os pacotes a partir de outro PC (afinal, sem uma conexão de rede, você não tem como instalar os pacotes via apt-get), você pode baixar os pacotes “ndiswrapper-common”, “ndiswrapper-utils-1.9” e “ndisgtk” referentes à versão do Ubuntu em uso no http://packages.ubuntu.com/ e instalá-los usando o “dpkg -i”.

Depois de instalados os pacotes, é criado o “Sistema > Administração > Drivers Windows para placas de rede sem fio”. Dentro dele, basta clicar no “Instalar novo driver” e indicar a localização do arquivo .inf (como em “neti2220.inf”) dentro da pasta com os drivers do Windows, que devem ter sido previamente descompactados.

Se o led da placa acendeu ao carregar o driver, experimente configurá-la da forma usual, utilizando o NetworkManager. Ao ser ativada através do Ndiswrapper, a placa wireless é vista pelo sistema como “wlan0”.

Se não funcionar, teste com uma versão diferente do driver for Windows. Acesse o http://ndiswrapper.sourceforge.net/mediawiki/ e veja se não existe uma versão do driver recomendada para a sua placa. 

Sobre o Autor

Redes Sociais:

Deixe seu comentário

X