Prefácio

São Bernardo de Chartres gostava de dizer que se imaginava um anão sentado nos ombros de um gigante. Com isto, valorizava o conhecimento dos que, antes dele, haviam interpretado as profecias de Daniel e explicava como, de sua posição, ainda conseguia
dar nova luz a elas. Este é o maior valor do conhecimento: podermos nos valer de uma base tão grande de bagagem cultural, aprendizagem de outros, para em cima desta base construir ainda mais. E é por isto que é importante que o conhecimento seja sempre
livre, e que não esteja escondido por mecanismos artificiais como patentes e propriedades intelectuais que beneficiam a tão poucos. Mas é também por isto que eu gosto do Morimoto.

Eu nem sei se o Morimoto conhecia São Bernardo de Chartres. Nem sei se ele é católico. Sei que ele não é anão… Conheci-o já há algum tempo em Curitiba, e por incrível que pareça agora que ele mora em Porto Alegre só temos nos falado por ICQ ou
e-Mail. Mas a verdade é que com sua distribuição de GNU/Linux, o Kurumin, o Morimoto foi capaz de dividir a história do software livre nos computadores pessoais, os desktops. Agora ela se divide entre “A.K.” e “D.K.”: Antes e depois do Kurumin. Tenho
recomendado a todos os que vão começar agora a se aventurar pelo maravilhoso mundo do software livre que comece pelo Kurumin.

Quando o Morimoto me convidou pra escrever este prefácio, ele me fez um resumo dos resumos das funcionalidades do Kurumin: têm suporte a mais placas wireless que outras distribuições, o melhor suporte a pendrives, a melhor compatibilidade com
aplicativos de um certo sistema operacional muito utilizado (ainda, vestígios da era A.K.), é bastante leve, uma excelente documentação em português e um dos maiores fóruns de discussão na internet através do qual os usuários podem tirar suas dúvidas.

Para criar o Kurumin o Morimoto se baseou na distribuição Knoppix, e herdou dela a possibilidade dos usuários poderem primeiro testar o sistema executando-o direto do CD, e depois decidindo-se pela sua instalação. O Knoppix, por sua vez, foi baseado no
Debian, uma distribuição do sistema Gnu/Linux que dentre uma série de outras coisas possui um sistema bastante democrático de desenvolvimento e um sistema de atualização automatizada de software extremamente profissional. O Debian, que existe desde agosto
de 1993, juntou em uma distribuição de instalação já mais facilitada os pacotes desenvolvidos para o sistema Gnu e o kernel Linux (kernel, pra quem não sabe, é o núcleo do sistema operacional, capaz de fazer o computador útil o suficiente para poder rodar
outros programas aplicativos), desenvolvido pelo finlandês Linus Torvalds a partir de 1991. Linus usou as ferramentas do Gnu para criar o seu kernel. O sistema operacional Gnu foi concebido por Richard Stallman, já no princípio dos anos 80, como um
substituto livre do sistema operacional Unix (Gnu é um acrônimo recursivo: Gnu is Not Unix — Gnu Não é Unix). Assim, é toda uma história de um subindo nos ombros dos outros, em um exemplo de desenvolvimento cooperado, comunitário, que criou um sistema
livre que assusta um monopólio poderosíssimo.

Acima de todos, olhando o que está acontecendo e com isto podendo alinhavar conhecimentos alheios e criar novos está o Morimoto, feliz que nem pinto em quirela porque sabe que depois dele virão ainda outros, e nem por isto o que fez deixa de ter
importância.

Neste livro você vai conhecer o Kurumin, este trabalho de tantos gigantes com o Morimoto nos ombros. E como o software é livre, todo o conhecimento que você vai encontrar aqui pode ser explorado além da sua casca, fique a vontade! Aproveite as
facilidades que o Morimoto criou para que sua vida com o Gnu/Linux seja um grande prazer, e se quiser, construa ainda mais em cima dele.

Cesar Brod
Fundador da Solis e consultor de tecnologia

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