Formatação lógica

Em seguida, temos a formatação lógica, que adiciona as estruturas utilizadas pelo sistema operacional. Ao contrário da formatação física, ela é feita via software e pode ser refeita quantas vezes você quiser. O único problema é que, ao reformatar o HD, você perde o acesso aos dados armazenados, embora ainda seja possível recuperá-los usando as ferramentas apropriadas, como veremos mais adiante.

Chegamos então ao sistema de arquivos, que pode ser definido como o conjunto de estruturas lógicas que permitem ao sistema operacional organizar e otimizar o acesso ao HD. Conforme cresce a capacidade dos discos e aumenta o volume de arquivos e acessos, esta tarefa torna-se mais e mais complicada, exigindo o uso de sistemas de arquivos cada vez mais complexos e robustos.

Existem diversos sistemas de arquivos diferentes, que vão desde sistemas simples como o FAT16, que utilizamos em cartões de memória, até sistemas como o NTFS, EXT3 e ReiserFS, que incorporam recursos muito mais avançados.

A formatação do HD é feita em duas etapas. A primeira é o particionamento, onde você define em quantas partições o HD será dividido e o tamanho de cada uma. Mesmo que você não pretenda instalar dois sistemas em dual boot, é sempre interessante dividir o HD em duas partições, uma menor, para o sistema operacional, e outra maior, englobando o restante do disco para armazenar seus arquivos. Com isso, você pode reinstalar o sistema quantas vezes precisar, sem o risco de perder junto todos os seus arquivos.

Podemos ter um total de 4 partições primárias ou três partições primárias e mais uma partição estendida, que pode englobar até 255 partições lógicas. É justamente a partição lógica que permite dividir o HD em mais de 4 partições.

Esta limitação das 4 partições primárias é uma limitação que existe desde o primeiro PC, lançado em 1981. Os projetistas que escreveram o BIOS para ele precisavam economizar memória e chegaram à conclusão que 2 bits (4 combinações) para o endereço das partições seriam suficientes, pois na época os HDs mais vendidos tinham apenas 5 MB e só existia um sistema operacional para PCs (o MS-DOS), de forma que era raro alguém precisar criar mais de uma partição. As coisas mudaram “um pouco” de lá pra cá, mas infelizmente a limitação continua até os dias de hoje.

Para amenizar o problema, foi adicionada a possibilidade de criar partições lógicas. Em vez de criar 4 partições primárias e ficar sem endereços para criar novas partições, você cria uma “partição estendida”, que é uma espécie de container, que permite criar mais partições. A partição estendida contém uma área extra de endereçamento, que permite endereçar as 255 partições lógicas. É possível criar até 4 partições estendidas, de forma que (em teoria) é possível dividir o HD em até 1020 partições.

Digamos que você queira particionar um HD de 160 GB para instalar Windows e Linux em dual boot, deixando uma partição de 20 GB para o Windows, uma partição de 20 GB para o Linux, uma partição de 1 GB para swap (do Linux) e uma partição maior, englobando os 119 GB restantes para guardar seus arquivos.

Como precisamos de 4 partições no total, seria possível criar diretamente 4 partições primárias, mas neste caso você ficaria sem endereços e perderia a possibilidade de criar novas partições mais tarde, caso resolvesse testar uma outra distribuição, por exemplo.

Ao invés disso, você poderia começar criando a partição de 20 GB do Windows como primária (é sempre recomendável instalar o Windows na primeira partição do HD e em uma partição primária, devido às particularidades do sistema) e em seguida criar uma partição estendida, englobando todo o resto do espaço, criando as demais partições como partições lógicas dentro dela.

Este é um screenshot do Gparted, que mostra um HD dividido em várias partições. Veja que a quarta partição está marcada como “extended”, ou seja, como partição extendida. Ela não armazena dados, nem ocupa um espaço considerável no disco, mas permitiu que fossem criadas as partições de 5 a 7. Veja que existe também um trecho marcado como “não alocada”, ou seja, espaço vago onde é possível criar mais uma partição:


Exemplo de particionamento no Gparted

Do ponto de vista do sistema operacional, cada partição é uma unidade separada, quase como se houvesse dois ou três discos rígidos instalados na máquina. Cada partição possui seu próprio diretório raiz e sua própria FAT. As informações sobre o número de partições, sua localização no disco e o espaço ocupado por cada uma são armazenadas na tabela de partição, que compartilha o primeiro setor do disco com o setor de boot.

Você pode particionar o HD usando o próprio assistente mostrado durante a instalação do Windows XP ou Vista, usando um dos particionadores mostrados durante a instalação de várias distribuições Linux ou através de programas avulsos, como o Partition Magic (no Windows) ou o Gparted (no Linux), que você pode usar dando boot através de uma distribuição live-CD que o traga pré-instalado.

Tanto o PartitionMagic quanto o Gparted são particionadores gráficos fáceis de usar. O espaço disponível é mostrado na forma de uma barra na parte superior da tela, que vai sendo dividida em retângulos menores, conforme você vai criando as partições. A cor de cada partição representa o sistema de arquivos usado e os espaços não particionados do disco aparecem em cinza. Além de criar e deletar partições, os dois programas também oferecem opções adicionais, como redimensionar partições (sem perder os dados), muito útil quando você já tem um sistema operacional instalado e precisa liberar espaço para instalar um segundo sistema em dual boot, por exemplo.

Este é um screenshot do PartitionMagic. Veja que a interface é muito similar à do Gparted, que mostrei a pouco:


PartitionMagic

Em seguida, temos a formatação propriamente dita, onde as estruturas do sistema de arquivos são finalmente gravadas na partição. Na maioria dos casos, o próprio programa de particionamento se encarrega de formatar a partição usando o sistema de arquivos escolhido, mas, em outros, temos dois programas diferentes, como no caso do fdisk e do format, usados no Windows 98.

No mundo Windows, temos apenas três sistemas de arquivos: FAT16, FAT32 e NTFS. O FAT16 é o mais antigo, usado desde os tempos do MS-DOS, enquanto o NTFS é o mais complexo e atual. Apesar disso, temos uma variedade muito grande de sistemas de arquivos diferentes no Linux (e outros sistemas Unix), que incluem o EXT2, EXT3, ReiserFS, XFS, JFS e muitos outros. Para quem usa apenas o Windows, estes sistemas podem parecer exóticos, mas eles são velhos conhecidos de quem trabalha com servidores, já que neles o Linux é o sistema mais popular.

Vamos começar estudando as estruturas do sistema FAT. Por ser o sistema mais antigo ele é também o mais simples e mais fácil de entender.

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