Instalando placas wireless

Depois dos modems, as placas wireless são provavelmente a categoria de periféricos que mais causam dores de cabeça no Linux. Quase todas as placas funcionam no Linux de uma forma ou de outra, mas muitas usam drivers ou firmwares binários, que, assim como no caso dos softmodems, precisam ser instalados manualmente.

O número de chipsets, assim como o número de drivers disponíveis cresceram assombrosamente do início de 2004 para cá. Ao usar qualquer placa relativamente atual, é importante, antes de mais nada, usar uma distribuição recente, de preferência com o Kernel 2.6.11 em diante.

Tenho colocado bastante ênfase na versão do Kernel, pois ela é o quesito mais importante com relação a suporte a dispositivos. Novas versões do Kernel trazem sempre novos drivers e atualizações dos drivers antigos, que dão suporte a novos modelos. É sempre uma briga de gato e rato.

Com relação aos drivers, as placas wireless podem ser divididas em dois grupos. O primeiro é o das placas com drivers nativos, como as com chipset Prism, Lucent Wavelan (usado, por exemplo, nas placas Oricono), Atmel, Atheros, Intel IPW2100 e IPW2200, ACX100 e 111 e, recentemente, também as Ralink e Realtek 8180. O segundo grupo é o das placas que não possuem drivers nativos, mas podem ser usadas através do Ndiswrapper, que permite ativar a placa usando o driver do Windows.

Note que o fato da placa ter um driver disponível não significa que ele venha pré-instalado em qualquer distribuição. Muitos dos drivers são parcialmente proprietários, outros são completamente abertos, mas precisam do arquivo de firmware da placa, que por sua vez é proprietário. Muitas distribuições incluem um conjunto bastante reduzido de drivers por padrão, outras incluem os drivers, mas não incluem os firmwares, que são igualmente necessários.

Isso faz com que muita gente que possui placas com drivers nativos acabe utilizando-as em conjunto com o Ndiswrapper, muitas vezes com um desempenho ou estabilidade inferiores aos que teriam usando o driver nativo. Este é mais um campo em que conhecer e saber como instalar cada um dos drivers disponíveis pode poupá-lo de muita dor de cabeça.

Uma observação importante é que, para usar qualquer placa wireless no Linux, você deve ter instalado o pacote “wireless-tools“, que contém os comandos necessários para configurar a placa, como o iwconfig. Hoje em dia, quase todas as distribuições o instalam por padrão, mas não custa verificar.

Os comandos “de baixo nível” para configurar os parâmetros da rede wireless são:

# iwconfig wlan0 essid minharede
(configura o ESSID da rede)

# iwconfig wlan0 channel 10
(configura o canal usado)

# iwconfig wlan0 key restricted 123456789A
ou
# iwconfig wlan0 key restricted s:qwert
(configura a chave de encriptação da rede, ao usar WEP. O primeiro comando usa uma chave em hexa e o segundo uma chave ASCII).

Depois de definir os parâmetros da rede, rode o comando “iwconfig“. Ele mostra os detalhes da rede e o endereço MAC do ponto de acesso ao qual a placa está associada:

ath0 IEEE 802.11g ESSID:”minharede”
Mode:Managed Frequency:2.462 GHz Access Point: 00:50:50:84:31:45
Bit Rate:11 Mb/s Tx-Power:18 dBm Sensitivity=0/3
Retry:off RTS thr:off Fragment thr:off
Power Management:off
Link Quality=52/94 Signal level=-43 dBm Noise level=-95 dBm
Rx invalid nwid:0 Rx invalid crypt:0 Rx invalid frag:0
Tx excessive retries:0 Invalid misc:0 Missed beacon:5

A partir daí, a conexão wireless é configurada da mesma forma que uma cabeada, com a definição do endereço IP, máscara de sub-rede, gateway e DNS. Praticamente todas as distribuições trazem ferramentas para configurar a rede de forma mais prática; as duas mais genéricas são o “wireless-config” (do Gnome) e o “Kwifimanager” (do KDE).

Naturalmente, só é possível configurar a rede wireless depois que a placa é detectada pelo sistema e, para isso, é necessário que o driver adequado esteja instalado e o módulo correspondente carregado.

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