Configuração do KDE

Voltando ao tema principal, além do grande número de aplicativos incluídos no pacote, outro ponto forte do KDE é o fato de ter uma ferramenta de configuração central, o kcontrol (centro de controle).

À primeira vista o Kcontrol parece bem simples. Do lado esquerdo da tela temos uma lista dos módulos disponíveis, organizados em categorias. Clicando em qualquer um você tem acesso às opções no frame do lado direito.

Caso tenha dúvidas sobre um determinado módulo você pode clicar na aba “Help” que exibe a ajuda. Os módulos mais simples possuem apenas um texto curto explicando para quê servem, mas alguns possuem manuais bem completos. Vale à pena dar uma olhada.

Apesar da organização ser bem simples, existem muitas opções disponíveis o que faz com que muita gente acabe usando apenas a seção LookNFeel para personalizar o visual, mas fique batendo a cabeça para configurar o layout do teclado por exemplo, cuja opção está bem abaixo.

Uma nota é que boa parte dos screenshots que estou usando aqui são da versão em Inglês do KDE e de outros aplicativos. Apesar disso, o KDE já foi quase que inteiramente traduzido para o Português desde a versão 3.01, basta instalar o pacote kde-i18n-pt_BR, encontrado na pasta kde-i18n, dentro da pasta com os pacotes para a sua distribuição no FTP do KDE.

Vamos então dar uma olhada nas configurações disponíveis em cada categoria do kcontrol para que você possa conhecer todas as opções disponíveis.

:. FileBrowsing

Na primeira categoria, FileBrowsing estão algumas opções referentes ao comportamento do konqueror como gerenciador de arquivos. Aqui você pode alterar as fontes, o diretório padrão, associações de arquivos e assim por diante. Você pode acessar as outras configurações do Konqueror no próprio Konqueror, nos menus View, Settings e Window. O Konqueror é um gerenciador de arquivos bem interessante, pois possui uma configuração muito flexível, visualizadores para imagem, som, video e vários formatos de arquivos, pré-visualização e assim por diante. Existe até mesmo um utilitário para gerar álbuns de fotos para a Web (com miniaturas) que pode ser encontrado em Tools > Create Image Gallery.

Uma coisa que eu particularmente gosto no konqueror é a possibilidade de ter um terminal de texto na parte inferior da tela (Window > Show Terminal Emulator), permitindo que você misture comandos com o mouse com comandos de texto. Para quem tem alguma prática, muitas operações podem ser realizadas muito mais rápido via linha de comando, como renomear um monte de arquivos de uma vez, encontrar um arquivo específico, juntar arquivos e assim por diante. O terminal do konqueror é “colado” no gerenciador gráfico; quando você muda o diretório no gerenciador gráfico o terminal também muda de diretório automaticamente e assim por diante:

Claro que todos estes recursos também tornam o konqueror um pouco pesado, por isso muita gente prefere usar gerenciadores de arquivos mais simples e leves, como por exemplo o endeavour2, que pode ser baixado em: http://wolfpack.twu.net/Endeavour2

Um detalhe interessante sobre o endeavour é que ele é desenvolvido por uma programadora, a Tara Milana. Sim, existem excelentes programadoras mulheres no mundo open source, caso você ainda tenha alguma dúvida. 🙂

:. Information

Aqui estão disponíveis informações sobre os periféricos instalados no seu micro, e inclusive dados mais técnicos sobre os endereços de IRQ e DMA ocupados, configuração do X, etc. Todos os dados aqui são apenas para conferência, não é possível configurar nada por aqui.

Na verdade, a maioria das opções apenas mostram o conteúdo de alguns arquivos de configuração do sistema de uma forma mais amigável. Por exemplo a opção “Partitions” mostra o conteúdo do arquivo /etc/fstab, a opção “Processor” mostra o conteúdo do arquivo /proc/cpuinfo e assim por diante.

:. LookNFeel

Esta é provavelmente a área mais acessada do kcontrol 😉 Parece que todo mundo gosta de personalizar o seu desktop e o KDE oferece uma grande flexibilidade neste sentido. Você pode alterar a decoração das janelas, o tamanho da barra de tarefas, o conjunto de ícones do sistema e assim por diante.

A distribuição padrão do KDE vem apenas com alguns poucos conjuntos de ícones e três ou quatro temas (além do default) de gosto um pouco questionável e nem sempre as distribuições incluem mais opções. Apesar disso, existem centenas de temas e conjunto de ícones que você pode baixar no: http://www.kde-look.org.

Para instalar um conjunto de ícones basta baixar o arquivo .tar.gz, acessar a seção Icons e clicar em “Install New Theme“. Depois basta selecionar o conjunto recém instalado na lista. Eu recomendo dar uma olhada no conjunto Crystal desenvolvido pelo Everaldo da Conectiva que pode ser baixado em: http://www.kde-look.org/content/show.php?content=2539

No caso dos temas a coisa é um pouco mais complicada. Os temas mais simples podem ser instalados através da opção “Theme Manager“, clicando em “add…” como seria de se esperar. Porém, temas mais elaborados possuem sistemas diversos de instalação, geralmente seguindo os passos de descompactar, e dar o ./configure, make, make install, como no caso dos programas distribuídos em código fonte.

A questão é que temas como o Mosfet Liquid e o Geramik não são simples temas, eles fazem modificações profundas nos funcionamento do KDE, adicionando novos componentes e recursos. O Mostef Liquid por exemplo adiciona sua própria máquina de renderização. Se você fica babando quando vê a interface do MacOS X, vai gostar dele, pois ele deixa o KDE com uma interface muito parecida. A página oficial é a http://www.mosfet.org/liquid.html onde estão disponíveis também alguns screenshots. Você encontrará pacotes RPM para o Mandrake 9 e outras distribuições no http://www.kde-look.org

Em alguns casos estão disponíveis arquivos .RPM para as principais distribuições que podem ser instalados facilmente, em outros é preciso dar uma lida no read-me (lembra-se do que falei sobre aprender Inglês?).

Além dos ícones e temas, você vai encontrar papéis de parede, conjuntos de sons, skins para alguns programas, splash screens (a imagem que aparece na abertura do KDE), screenshots, proteções de tela e outras bugigangas, vale à pena incluir nos bookmarks e visitar de vez em quando para ver as novidades: http://www.kde-look.org

O Keramic tornou-se o tema default no KDE 3.1, vale à pena conferir.

:. Network

A opção “Email” permite configurar o e-mail de sistema para onde são enviados avisos, que serve como remetente de bugs reportados à equipe de desenvolvimento, etc. É opcional e não tem relação com a configuração do seu leitor de e-mails.

O “LAN Browsing” funciona em conjunto com o konqueror (no modo gerenciador de arquivos), mostrando os compartilhamentos Windows, NFS, FTP e Web disponíveis nas máquinas da rede. Você deve especificar os endereços IPs das máquinas que serão pesquisadas.

Para poder visualizar os compartilhamentos Windows você ainda precisa fornecer seu login e senha de rede no “Windows Shares”. Até o KDE 3.0 a navegação pelos compartilhamentos Windows do Konqueror ainda não funciona muito bem. O ideal é que você utilize o komba2 (que veremos no capítulo 4). Isto deve ser corrigido em breve, provavelmente no KDE 3.1. Outra dica é que para que a navegação funcione é preciso manter ativado o serviço “lisa“.

O “News Ticker” é outro aplicativo interessante que permite ler tickers de notícias publicados por vários sites de informática. Estes tickers são resumos das notícias publicadas. O módulo encontrado no kcontrol permite configurar o programa, dizendo quais tickers ele deve exibir, enquanto o News Ticker encontrado no iniciar > rede > news permite ler os selecionados. A vantagem de usar os tickers é que você pode ler as novidades de vários sites num único lugar.

:. Pheriperals

Aqui você pode configurar o layout do teclado e a sensibilidade do mouse. No caso do teclado, basta marcar a opção “Enable Keyboard Layouts” e escolher o modelo do teclado e o layout. Por default o KDE usa o mesmo layout de teclado usado pelo sistema, ou seja, se você configurou o teclado corretamente durante a instalação do Linux, não precisa se preocupar em configurar novamente.

Logo abaixo estão as opções referentes ao mouse. Você tem basicamente quatro opções: a aceleração do ponteiro, sensibilidade, intervalo do duplo clique e a sensibilidade da roda do mouse.

Algumas distribuições incluem também um módulo para configurar câmeras digitais, onde você deve especificar o modelo da câmera, o tipo de conexão (serial ou USB) e, no caso das seriais, a porta a que a câmera está conectada. O Linux já suporta mais de 250 modelos de câmeras, incluindo as PenCan e outros modelos baratos. Depois de apontar o modelo e testar a câmera, você pode ver e transferir as fotos abrindo o konqueror e acessando o endereço “camera:/”. No capítulo 4 veremos mais dicas de como instalar câmeras digitais no Linux.

:. Personalization

A primeira opção da lista, Accessibility inclui opções para usar o teclado numérico para controlar o cursor do mouse, alarmes visuais e outras opções destinadas a usuários deficientes.

A opção Country & Language permite especificar a linguagem do sistema e de quebra também os formatos de data, moeda, etc. É aqui que você pode ativar o suporte a Português do Brasil caso tenha instalado o pacote kde-i18n-pt_BR, disponível no FTP do KDE.

No Mandrake, Red Hat, SuSe e Conectiva tudo já é configurado automaticamente quando você escolhe a opção “Português do Brasil” durante a instalação do sistema. Este não é o caso do Slackware, Lycoris e algumas outras distribuições, onde você precisa baixar e instalar o pacote depois. No Slackware por exemplo você encontra o pacote na pasta “/kde/i18n” do FTP do Slackware.

Mais uma configuração importante é a do corretor ortográfico (Spell Checking). O Kword, Kwrite e outros editores do KDE utilizam o Ispell como corretor ortográfico, que suporta várias línguas. O Ispell é usado por default em vários outros aplicativos e pode ser utilizado inclusive em conjunto com o OpenOffice (como veremos no capítulo 3).

:. PowerControl

Esta seção é especialmente útil para quem usa um notebook, pois permite configurar os alarmes que são emitidos quando a bateria está fraca. Estas configurações também se aplicam a quem tem um no-break ligado a uma das portas seriais do micro. Neste caso é preciso manter também o serviço de sistema “ups” ativado.

Para quem não tem nem uma coisa nem outra, a única opção útil é a “Energy”, onde você configura a economia de energia para o monitor entre as opções Standby, Suspend e Power Off. Estas opções podem desligar também o HD, caso você tenha configurado isso no setup do micro.

Um monitor de 15″ consome cerca de 90 Watts de energia, então é sempre importante fazer com que ele desligue quando o PC não estiver em uso. Antigamente se recomendava que os monitor só deveria ser desligado quando o micro fosse ficar sem uso por mais de uma hora, mas os modelos fabricados de uns dois anos pra cá podem ser desligados mais frequêntemente sem prejuízo para a vida útil. Você pode configurar o suspend para 5 minutos de inatividade e o Power Off para 15 minutos por exemplo.

No caso dos monitores de LCD os desligamentos depois de 15 minutos de inatividade ajudam a prolongar a vida útil do aparelho. Basicamente, a tela de um monitor de LCD é como um chip, ela não tem vida útil definida, pode trabalhar durante décadas sem problemas. O que queima depois de alguns anos de uso são as lâmpadas de catodo frio que iluminam a tela que têm uma vida útil estimada pelos fabricantes em 10 mil horas (cerca de 3 anos caso fiquem ligadas 10 horas por dia). Estas lâmpadas podem ser substituídas, mas não é exatamente um conserto barato, então o ideal é fazê-las durar o máximo possível 😉

:. Sound

O KDE possui seu próprio servidor de som que é utilizado não apenas pelo Noatun e outros aplicativos do KDE, mas também por outros programas que você abra enquanto estiver usando o KDE.

Aqui estão disponíveis opções de qualidade para arquivos em MP3 e Ogg, a prioridade do servidor de som e também o tamanho do buffer de áudio (opção Sound Server). Você pode diminuir bastante a utilização do processador ao ouvir música e de quebra ganhar imunidade contra eventuais falhas nos momentos de atividade simplesmente aumentando o buffer para 400 ms ou mais. Assim o sistema passa contar com uma reserva maior e pode utilizar melhor os tempos ociosos do processador para decodificar o áudio.

Para ajustar o volume do áudio é preciso abrir o kmix (basta chamá-lo num terminal) e depois clicar em Mixer > Save current Values (no painel de controle) para tornar o ajuste definitivo. É um pequeno erro de interface não colocarem logo o ajuste no próprio painel de controle, mas enfim, ninguém é perfeito. Ao fechar o kmix ele permanecerá no system tray (até que o feche também por lá), permitindo que você ajuste o volume com um único click do mouse:

:. System

Algumas partes desta seção podem ser acessadas apenas pelo root, já que alteram aspectos sensíveis do sistema. Para abrir o kcontrol como root, basta pressionar “Alt+F2” para abrir a janela de executar e dar o comando “kdesu kcontrol”.

No topo temos o “Alarm Daemon”, que trabalha em conjunto com o korganizer, que é o programa de agenda e contatos oficial do KDE. O Alarm Daemon é o programa que verifica as entradas na agenda e se encarrega de avisar dos compromissos marcados na agenda.

A opção logo abaixo, “Date & Time” permite como esperado acertar o horário do relógio do sistema e o fuso-horário. Você pode fazer o mesmo simplesmente clicando com o botão direito sobre o relógio da barra de tarefas. Para alterar o horário do sistema é preciso fornecer a senha de root.

O módulo “Font Installer” é uma das novidades do KDE 3, ele permite que você instale fontes true type que passam a ser usadas automaticamente pelos aplicativos do KDE e também pelo OpenOffice/Star Office. Ele é bem simples de usar, basta indicar a pasta onde estão as fontes e clicar em “install”. Você pode tanto instalar as fontes logado como usuário normal, de modo que eles estejam disponíveis apenas para o seu login, ou como root, tornando-as disponíveis para todos os usuários. Não é difícil encontrar vários sites que disponibilizam fontes por aí. Você também pode copiar as pastas de fontes do Windows (c:\Windows\Fonts) ou de programas como o Corel Draw!

A opção “Konsole” permite configurar o terminal do KDE, ativando a transparência, mudando o tamanho e cores das fontes, etc. O konsole é um emulador de terminal bem flexível, que permite abrir várias seções na mesma janela e assim por diante.

O “Linux Kernel Configurator” é uma ferramenta gráfica para configuração do Kernel. Naturalmente ele só tem utilidade para quem gosta de recompilar o Kernel do sistema para ativar recursos ou melhorar o desempenho. Ele substitui o menuconfig e o xconfig com as vantagens de ser mais amigável e ter um sistema de ajuda bastante completo. Você pode ler mais sobre a compilação do Kernel no capítulo 4 mas, se você está lendo esta texto a partir do Linux então não precisa se preocupar com isso, pois o Kernel que veio na sua distribuição já está fazendo o que precisa 🙂

A seção Login Manager permite configurar a tela de login do sistema, alterando as cores, papel de parede, etc. É aqui que você pode também ativar ou desativar o auto-login, aquele recurso que permite que o Linux já logue automaticamente um usuário específico, sem pedir login durante o boot.

Completando, temos o “Session Manager”, que apesar do nome sugestivo permite apenas que você desative a janela de confirmação ao fechar o KDE e se prefere que por default o micro seja reinicializado, desligado ou simplesmente volte para a tela de login.

:. WebBrowsing

Esta última seção permite configurar o konqueror quando ele está atuando como Navegador web. As configurações feitas aqui não se aplicam ao Mozilla e outros navegadores, que devem ser configurados separadamente.

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