Comandos do prompt

Apesar da interface gráfica ser muito mais fácil de usar, é bom você ter pelo menos uma boa noção de como as coisas funcionam pelo prompt de comando, isso vai lhe dar um domínio muito maior sobre o sistema.

Em vários pontos deste livro, sem falar de outros tipos de documentação sobre Linux/Unix, você verá receitas com longas listas de comandos que devem ser dados para configurar ou alterar algo. Na grande maioria dos casos existe algum utilitário gráfico
que permite fazer o mesmo, mas os autores geralmente preferem dar a receita de como fazer via linha de comando, pois nem todo mundo terá os utilitários à mão e muitas vezes existem diferenças entre as opções disponíveis nas diferentes distribuições. Dar
simplesmente uma lista de comandos torna a dica utilizável para um número maior de usuários.

Outro ponto é que muitas vezes é realmente mais fácil simplesmente dar um comando para abrir um arquivo e descomentar algumas linhas do que abrir um utilitário que demora 15 segundos pra carregar, navegar por um monte de menus diferentes e
marcar algumas opções escondidas. Uma coisa interessante no Linux é que você não precisa realmente digitar os comandos, basta selecionar a linha e usar o botão do meio do mouse para já cola-la na janela do prompt.

O modo de comando é uma forma de “conversar” com o sistema, com mais opções do que seria possível através de um utilitário gráfico e obtendo respostas mais rápidas. É claro que o modo de comando pode assustar no início, mas um pouco de insistência vai
facilitar bastante sua vida daqui em diante. Não seja apressado, o legal é justamente ir aprendendo comandos novos conforme os problemas forem aparecendo.

Aqui estão alguns comandos básicos:

cd : Serve para acessar os diretórios, como no DOS. “cd /” volta ao diretório Raiz, e “cd ..” sobe um diretório. Para abrir o diretório “/proc” por exemplo, digite “cd /proc”.

Se você estiver dentro da pasta /home/fernando/mail por exemplo e quiser ir para a pasta /usr/local, não é preciso usar o “cd ..” para voltar ao diretório raiz, para só depois abrir a pasta, basta dar o comando “cd /usr/local” dentro de qualquer pasta,
que o sistema se encarregará de acessar a pasta correta. Se por outro lado, você quiser apenas abrir a pasta “old” dentro da pasta /home/fernando/mail, basta apenas digitar “cd old”.

startx : Serve para abrir a interface gráfica apartir do prompt, caso você tenha escolhido inicializar o sistema em modo texto.

ls : Listar. Corresponde ao DIR do DOS. O “ls l more” quebra a lista em páginas, serve para pausar a listagem, para que você consiga ler tudo. “ls -a” mostra também arquivos ocultos (que no Linux têm o nome iniciado com um ponto,
como .mail) e “ls -alh” mostra mais detalhes sobre os arquivos, incluindo as permissões de acesso e o tamanho.

man : Manual. Esse comando quebra um galhão, serve para acessar os manuais do comandos. Se você tiver dúvida sobre a sintaxe ou as opções de um comando qualquer basta digitar “man comando” como por exemplo “man ls“. ele vai abrir um
arquivo de texto com todos os detalhes sobre o comando. Para sair, pressione “q

info : Informações. Traz informações mais detalhadas sobre o comando. Enquanto os manuais do man são técnicos, desenvolvidos para serem manuais de referência, os do info utilizam uma linguagem mais simples, abordando apenas as opções mais
comuns. Nem todos os comandos possuem uma página info, mas o número vem crescendo. Para usa-lo, basta digitar “info comando”, como em “info lsmod

Se você preferir transformar as páginas de manual num arquivo, para ler num editor de textos ou imprimir, use o comando “man comando | col -b > arquivo.txt“, que copia toda a saída do comando man para o arquivo.txt mantendo a formatação
e as quebras de linha. Naturalmente, você pode salvar em qualquer arquivo, nem mesmo a extensão .txt é obrigatória no Linux. Para imprimir direto, sem gerar o arquivo, use o “
man comando | col -b | lpr“, onde o lpr é o utilitário que
se encarrega de enviar os dados para a impressora.

| : Já que estamos falando dele, o | (pipe ou “cano”) é um parâmetro que direciona a saída de um comando para outro comando, como fizemos acima ao mandar a página de manual para a impressora. O pipe é um componente básico de muitos
comandos avançados que veremos ao longo do livro.

cp : Copiar. Serve para copiar arquivos, corresponde ao COPY do DOS. Se você copiar todos os arquivos, use apenas um “*” ao invés de “*.*” como usaria no DOS. Por exemplo, “cp * /home/fernando” copia todo o conteúdo da pasta atual
para a pasta “/home/fernando”.

Lembre-se a diferença entre usar a barra ou não no início do arquivo. Uma barra especifica que você está dando o caminha completo a partir do diretório raiz: /home/fernando/arquivos por exemplo. Ao dar o nome de uma pasta, sem a barra, o sistema
entende que a pasta está dentro do diretório atual. Por exemplo, se você está no diretório /home e quer acessar a pasta /home/fernando/arquivos, você precisaria digitar apenas “cd fernando/arquivos

mv : Mover. Serve tanto para mover arquivos, como em “mv foto.pgn /home/morimoto“, que move o arquivo do diretório atual para o /home/morimoto, quanto para renomear arquivos, como em “mv foto.png foto-old.png

rm : Remover. Como o nome indica, serve para deletar arquivos, corresponde ao DEL do DOS. Para deletar um diretório, use o “rm -r”, como em “rm -r teste”. Se preferir que o comando seja executado imediatamente, sem avisar sobre erros ou
confirmar a cada arquivo, acrescente um f de “forçar”, como em “rm -rf teste

mkdir : “Make Dir”. Serve para criar um diretório, “mkdir fernando”

rmdir : “Remove Dir”. Para deletar um diretorio, como em “rmdir fernando“. O rmdir só funciona com diretórios vazios. No caso de diretórios com arquivos, use o “rm -r” ou “rm -rf

cat : Serve para ver o conteúdo de um arquivo. Por exemplo, “cat carta” mostra o conteúdo do arquivo “carta”. Este comando serve bem para ver o conteúdo de arquivos de texto pequenos, sem precisar abrir um editor mais sofisticado. Ele também
pode ser combinado com outros comandos para realizar tarefas mais complexas. Por exemplo, se você tem um arquivo “boot.img” com a imagem de um disquete de boot, não bastaria simplesmente copiar o arquivo para o disquete com o comando cp, você precisaria
fazer uma cópia bit a bit. Existem várias formas de fazer isso, mas uma solução simples seria usar o comando:

$ cat boot.img | /dev/fd0

Neste caso ele lista o conteúdo do arquivo, mas ao invés de mostrar na tela ele o escreve no disquete (/dev/fd0). Este é mais um exemplo do uso do pipe.

Se você tivesse por exemplo um gravador de EPROMs ligado no seu micro por exemplo, você poderia regravar chips de BIOS usando este mesmo comando 🙂 Bastaria naturalmente substituir o “/dev/fd0” pela localização do gravador no seu sistema.

head : Este é um dos primos do cat, ele permite ver apenas as primeiras linhas do arquivo, ao invés de exibir a coisa inteira. Basta especificar o número de linhas que devem ser exibidas, como por exemplo:

$ head -20 texto.txt
$ head -15 arquivo.txt

Outro parente distante é o tail (cauda), que mostra as últimas linhas do arquivo. O uso é o mesmo, basta indicar o número de linhas que devem ser mostradas e o nome do arquivo:

$ tail -12 meu_longo_texto.txt

Este comando é muito usado por administradores de sistemas para acompanhar os arquivos de logs de seus sistemas. Como as novas entradas destes arquivos vão sendo inseridas no final do arquivo, o tail permite verificar rapidamente apenas as novas
inclusões, sem precisar perder tempo abrir o arquivo inteiro.

pwd : Mostra o diretório atual, use sempre que estiver em dúvida:

[morimoto@beta-2 morimoto]$ pwd
/home/morimoto/arquivos
[morimoto@beta-2 morimoto]$

clear : Limpa a tela. Equivale ao comando CLS do DOS.

split : Esse comando serve para quebrar arquivos em vários pedaços, muito útil quando você precisa gravar arquivos grandes em vários disquetes ou CDs por exemplo. Imagine que você queira quebrar um arquivo de 3 GB chamado “tenshi.avi” em vários
arquivos de 650 MB cada um. O comando seria:

split -b 650000000 tenshi.avi

O “650000000” (650 milhões) é o número de bytes em cada pedaço. Você precisa apenas trocar o tamanho dos pedaços e o nome do arquivo. Esse comando vai gerar vários arquivos, xaa, xab, xac, xad, etc. que podem ser transportados. Para juntá-los depois
usamos o comando cat que vimos acima. Basta reuni-los todos na mesma pasta novamente e rodar o:

cat x* > tenshi.avi

Isso junta todos os arquivos (na ordem) restaurando o arquivo original. Isso funciona por que os fragmentos de arquivo gerados pelo split sempre começam com x.

& : Este é um parâmetro que permite rodar aplicativos mantendo o terminal livre. No Linux, todos os aplicativos, mesmo os gráficos podem ser chamados a partir de uma janela de terminal. O comando “konqueror” por exemplo abre o Browser
com o mesmo nome. O problema é que ao chamar algum aplicativo, o terminal ficará bloqueado até que o aplicativo seja finalizado, lhe obrigando a abrir um para cada programa.

Acrescentar o & no final do comando, como em “konqueror &” resolve este problema, mantendo o terminal livre. Note que alguns aplicativos exibem mensagens depois de serem abertos, basta pressionar Enter para voltar ao
prompt.

Histórico : O Linux mantém um histórico dos últimos 500 comandos digitados. Para repetir um comando recente, simplesmente pressione as setas para cima ou para baixo até encontrá-lo. Para fazer uma busca use o comando “history | grep
comando
” , como em “history | grep vi” para mostrar todas as entradas começadas com “vi”.

Você também pode executar uma fila de comandos de uma vez. Basta separá-los por ponto e vírgula, como em “ls; pwd” ou “cd /home/morimoto; ls

Lembre-se que o Linux distingue letras maiúsculas e minúsculas. “ls” é diferente de “LS”. Quando criar novos arquivos e pastas, prefira usar nomes em minúsculas, assim você evita confusão.

Sobre o Autor

Redes Sociais:

Deixe seu comentário

X