Se você já abriu um computador e viu uma pequena bateria do tamanho de uma moeda presa na placa-mãe, talvez tenha pensado: isso ainda é necessário? Sim, com certeza!
Essa pequena bateria, normalmente do tipo CR2032, é responsável por manter viva uma parte essencial do sistema: o chip CMOS — que armazena configurações do BIOS e mantém o relógio interno funcionando quando o computador está desligado. Sem ela, o PC literalmente “esquece” como deve iniciar, voltando às configurações padrão a cada boot.
Essa memória especial armazena as configurações básicas do BIOS — o software que ensina seu computador a reconhecer componentes como processador, memória RAM e discos rígidos. Quando você pressiona o botão de ligar, o BIOS já sabe exatamente o que fazer graças às informações mantidas pela bateria CMOS.
De onde veio essa ideia?
Nos primórdios da computação pessoal, como no IBM PC original de 1981, as configurações do sistema eram feitas com DIP switches — e nada era salvo ao desligar a máquina.
Tudo mudou em meados dos anos 80, quando fabricantes passaram a usar chips como o Motorola MC146818. Eles integravam um relógio em tempo real (RTC) e uma pequena memória SRAM, que exigia uma fonte constante de energia.
A solução? Uma bateria de lítio tipo botão.
Desde então, a maioria das placas-mãe — de PCs antigos a consoles modernos — adotou esse sistema para manter suas configurações salvas mesmo sem energia da fonte.
Por que não usam memória flash como nos smartphones?
Embora hoje tenhamos memória flash barata e confiável, as placas-mãe continuam usando o sistema CMOS por uma razão inteligente: durabilidade. A memória SRAM alimentada por bateria suporta ciclos de escrita quase infinitos, enquanto a memória flash se degrada após milhares de operações.
E quando ela falha?
Quando a bateria CMOS se esgota, o sistema começa a dar sinais claros:
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O relógio do computador zera ou mostra datas como 1/1/2000
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As configurações do BIOS voltam para os padrões de fábrica
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O computador pode demorar a iniciar — ou nem conseguir iniciar
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Em consoles, pode haver falhas para validar licenças digitais
E mais: se o seu PC começar a esquecer o horário mesmo conectado, essa é a dica definitiva de que está na hora de substituir a bateria.
A troca mais simples que você pode fazer
Substituir uma bateria CMOS é surpreendentemente fácil. Você precisa apenas:
- Desligar completamente o computador
- Localizar a bateria redonda na placa-mãe
- Usar um objeto fino para removê-la cuidadosamente
- Inserir a nova bateria (geralmente CR2032)
Atenção: Você perderá todas as configurações personalizadas do BIOS e precisará reconfigurá-las.
O relógio interno que nunca para
Dentro do seu computador existe um relógio de tempo real (RTC) que funciona a apenas 32.768 Hz — uma frequência baixíssima comparada aos gigahertz do processador. Esse relógio mantém a data e hora precisas mesmo com o computador desligado.
Aplicativos modernos dependem dessa informação para funcionar corretamente. Sem ela, você pode enfrentar problemas desde certificados de segurança expirados até erros em softwares que verificam licenças.
Nos consoles, o impacto da bateria pode ser ainda maior
A maioria dos usuários de PC sabe que perder o BIOS não é o fim do mundo — você pode reconfigurar tudo. Mas nos consoles, o contexto é diferente.
Em vários consoles dos anos 80 e 90, como o PS1, Nintendo 64 e Sega Saturn, a bateria interna alimentava uma pequena memória SRAM responsável por armazenar dados importantes, como os saves dos jogos e configurações do sistema. Se essa bateria acaba, os dados armazenados são perdidos, o que pode tornar o jogo injogável ou exigir a configuração do console do zero.
Nos consoles modernos, que lidam com jogos digitais e sistemas de licenciamento, a validação da autenticidade dos jogos acontece principalmente via servidores online e armazenamento seguro em memória flash — processos que não dependem diretamente da bateria CMOS ou de SRAM alimentada por ela. Mesmo que servidores fiquem temporariamente indisponíveis, em geral, os jogos continuam acessíveis, pois as licenças já estão associadas ao console ou à conta do usuário.
Porém, um caso específico chamou atenção: em alguns modelos do PlayStation 4, a bateria CMOS descarregada causava uma falha que impedia a execução de jogos, mostrando o erro CE-30391-6. Esse problema estava ligado à necessidade do console reconhecer a data e hora correta para validar certas funções internas. A Sony lançou uma atualização de firmware para corrigir essa situação, mostrando que, embora raro, o problema pode ocorrer em consoles modernos, especialmente se o software não tratar corretamente a bateria descarregada.
Entre os colecionadores de retro games, o problema da bateria interna esgotada ainda é muito real e comum. Muitos dispositivos antigos já apresentam falhas justamente por causa do vazamento ou descarga total dessas baterias, resultando em perda de dados e dificuldade para ligar ou usar os consoles normalmente.
Uma curiosidade que talvez você não saiba é que no PocketStation, o acessório para o PS1 que era praticamente uma alternativa ao VMU do Dreamcast, a bateria embarcada nele era personalizada, ela tinha o logo do Ps. Legal, né? No PS2, essa bateria personalizada também foi utilizada.
Como prolongar a vida da sua bateria CMOS
Uma bateria CMOS típica dura entre 5 a 10 anos, mas você pode maximizar sua vida útil mantendo o computador em ambiente com temperatura estável e evitando umidade excessiva, a oxidação causada por umidade pode comprometer os circuitos alimentados pela bateria.