Enquanto o mundo digital gera dados em velocidade exponencial, o setor de cold storage ainda depende de uma tecnologia criada nos anos 1950: as fitas magnéticas LTO. Agora, uma startup britânica propõe uma virada ousada com uma solução holográfica que promete armazenar até 200 TB por cartucho, com baixo custo, longa durabilidade e sem exigir mudanças radicais na infraestrutura existente.
A aposta holográfica para substituir as fitas magnéticas
Fitas magnéticas ainda dominam o armazenamento de longo prazo por uma razão simples: funcionam bem, são baratas e estão integradas em centros de dados do mundo inteiro. Mas não são perfeitas. Elas têm vida útil limitada, baixa densidade de dados e exigem robôs industriais volumosos para manuseio.
É nesse ponto que entra a HoloMem, uma startup do Reino Unido que acredita ter encontrado o próximo salto no armazenamento frio: fitas holográficas com até 200 TB de capacidade por cartucho, cinco vezes mais duráveis e compatíveis com os sistemas LTO já utilizados.
Quem está por trás do projeto?
O fundador da HoloMem é Charlie Gale, engenheiro que passou anos na Dyson desenvolvendo robôs aspiradores e secadores de cabelo. Foi durante o trabalho com etiquetas de segurança multiholográficas que surgiu a faísca criativa para transformar essa tecnologia em um novo padrão de armazenamento.
Agora, com apoio de investidores de peso — incluindo o incubador da Intel — a startup já desenvolveu um protótipo funcional, pronto para testes no mundo real.
O que torna a tecnologia da HoloMem tão promissora?
Esses são os principais diferenciais técnicos que fazem a solução holográfica da HoloMem chamar atenção:
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Capacidade massiva: um único cartucho comporta até 200 TB, mais de 11 vezes o que cabe nas fitas LTO atuais (18 TB).
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Vida útil ampliada: enquanto uma fita magnética dura cerca de 10 anos, a HoloMem projeta 50 anos de conservação de dados.
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Tamanho enxuto: os 200 TB ocupam apenas 100 metros de fita, contra cerca de 1 km nas versões magnéticas.
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Custo acessível: a cabeça leitora usa um diodo laser de US$ 5, e os materiais da fita já estão disponíveis em larga escala.
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Compatibilidade industrial: o cartucho tem o mesmo formato físico de uma LTO. Isso permite uso imediato nas bibliotecas robóticas existentes, sem modificar máquinas ou sistemas.
E os concorrentes?
A corrida por um substituto da fita magnética não é exclusiva da HoloMem. Microsoft investe no Project Silica, baseado em armazenamento em vidro, enquanto a Cerabyte aposta em gravação por feixe de elétrons. Mas há uma diferença crítica: essas soluções exigem infraestruturas completamente novas, o que representa um grande obstáculo para a adoção em massa.
É aí que a HoloMem pode vencer. Ao focar em compatibilidade direta com o ecossistema LTO, ela oferece uma transição natural e menos custosa — algo extremamente valorizado em ambientes corporativos e governamentais que precisam arquivar dados por décadas.
Quando veremos isso em ação?
Ainda não há uma data oficial para o lançamento comercial das fitas HoloMem. No entanto, a empresa já fechou um acordo com a TechRe, consultoria britânica especializada em data centers, para testar a tecnologia em ambiente real. A ideia é validar sua confiabilidade, resistência e desempenho em operações de longo prazo.
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