A família Ubuntu

Além do Ubuntu propriamente dito, que é mantido através da combinação dos esforços da Canonical e da Ubuntu Foundation, a família inclui diversos outros projetos menores, desenvolvidos de forma comunitária, como o Kubuntu, o Xubuntu e o Edubuntu.

Eles oferecem versões alternativas do sistema, que utilizam o mesmo repositório de pacotes, o mesmo instalador e mantêm as mesmas características básicas, mas incluem diferentes conjuntos de pacotes, atendendo a diferentes públicos. Falei um pouco sobre o Kubuntu no tópico sobre o uso do KDE. Vamos então a uma explicação rápida sobre as outras opções disponíveis:

Xubuntu: O Xubuntu (http://www.xubuntu.org/) é uma versão “sem colesterol” do Ubuntu, onde o GNOME dá lugar ao XFCE. Em resumo, o XFCE é um desktop leve baseado na biblioteca GTK2, o que oferece um ambiente de trabalho até certo ponto similar ao do GNOME, mas utiliza ferramentas de configuração próprias e é composto por um volume muito menor de componentes, o que resulta em um melhor desempenho e um consumo de memória mais baixo.

Aplicativos GTK2 como o Firefox e o Gimp rodam de forma muito ágil sobre o XFCE. O grande problema é que, aplicativos que utilizam componentes do GNOME ou do KDE acabam sendo penalizados, já que precisam carregar componentes e bibliotecas do ambiente correspondente antes de poderem ser abertos. Com isso, o ganho efetivo de desempenho ao rodar o XFCE depende muito dos aplicativos que você utiliza.

Assim como no caso do Kubuntu, é possível instalar o XFCE e os demais componentes do Xubuntu sobre o Ubuntu padrão através do metapacote “xubuntu-desktop”:

$ sudo apt-get install xubuntu-desktop

Com ele instalado, basta voltar à tela de login e abrir uma sessão do XFCE:

Você vai perceber que a mistura deixará os menus um pouco bagunçados (já que o pacote apenas instala os aplicativos do Xubuntu, sem remover os aplicativos já instalados), mas, de resto, a transição é simples. Se não gostar, basta dar logout e voltar ao GNOME.

Edubuntu: O Edubuntu (http://edubuntu.org/) é o braço educacional do Ubuntu, destinado ao uso em escolas de primeiro e segundo grau. Os dois grandes diferenciais são uma implementação bastante simples de usar do LTSP 5 e uma coleção de aplicativos educacionais, incluindo o GCompris (uma suíte educacional com atividades para crianças), o SchoolTool Calendar (um aplicativo de groupware destinado ao uso em escolas) e os aplicativos do KDE Education Project, que inclui títulos como o KStars (planetário) e o Kalzium (tabela periódica), sem falar no TuxPaint e outros aplicativos disponíveis no CD.

Incluir o suporte ao LTSP (tradicionalmente complicado de instalar) em uma distribuição destinada a ser usada por professores e voluntários pode parecer uma ideia estranha, mas na verdade se encaixa bem com a realidade da maioria das escolas, onde são usadas máquinas antigas ou com poucos recursos:

PCs com o Edubuntu em uma creche na Inglaterra e em um laboratório de informática de uma escola em Gana

O uso do servidor LTSP permite que elas sejam usadas como terminais, dando boot diretamente pela rede. Isso acaba reduzindo bastante o trabalho necessário para colocar o laboratório para funcionar, já que você não precisa instalar o sistema em cada uma das máquinas. Basta configurar o servidor e, em seguida, configurar os terminais para darem boot através da rede, ajustando a ordem de boot no setup.

O trabalho da equipe do Edubuntu em simplificar a instalação do LTSP acabou dando origem à opção “Instalar um servidor LTSP”, que fica disponível na tela de boot das versões recentes do Ubuntu.

É possível também evocar o script de instalação com o sistema já instalado (funciona também no Kubuntu e nos outros membros da família) instalando os pacotes “ltsp-server-standalone” e “openssh-server” e, em seguida, executando o script “ltsp-build-client”:

$ sudo apt-get install ltsp-server-standalone openssh-server
$ sudo ltsp-build-client

Ubuntu Studio: O Ubuntu Studio (http://ubuntustudio.org/) é mais uma derivação do Ubuntu, dedicada ao processamento de arquivos de áudio, vídeo e imagens. Ele inclui aplicativos como o Ardour e o Audacity (edição de áudio), o JACK (um servidor de áudio alternativo, de baixa latência), o PiTiVi e o Kino (edição de vídeo), Blender, Scribus e diversos outros. A página é a http://ubuntustudio.org/.

Além de instalar o sistema através das imagens disponíveis no site, é possível adicionar os componentes a uma instalação regular do Ubuntu instalando um conjunto de metapacotes:

$ sudo apt-get install ubuntustudio-desktop ubuntustudio-audio \
ubuntustudio-audio-plugins ubuntustudio-graphics ubuntustudio-video

Mythbuntu: Esta é mais uma versão especializada do Ubuntu, destinada ao uso em DVRs (PCs usados para gravar e exibir programas da TV) e em home theaters. Ele permite que você utilize um PC com uma placa de captura para gravar os programas da TV e exibir arquivos de mídia diversos, com direito à gravação programada e outras funções.

Por utilizar um banco de dados MySQL e ser dividido em dois componentes, o MythTV é tradicionalmente um pouco indigesto de instalar, atendendo bem ao público geek, mas passando longe do usuário médio. O Mythbuntu (http://www.mythbuntu.org/) soluciona o problema, oferecendo uma versão pré-instalada que é configurada através de um painel de controle gráfico.

Normalmente, o PC é configurado em modo “Both”, onde ele simplesmente executa todas as funções, gravando, armazenando e exibindo. Entretanto, é possível também configurar instalações do Mythbuntu em modo “Frontend”, onde elas atuam como clientes de um PC já configurado, permitindo assistir os vídeos gravados via streaming.

Medibuntu: Diferente dos outros, o Medibuntu (http://www.medibuntu.org/) não é uma distribuição, mas sim um repositório de pacotes, destinado a distribuir codecs e outros pacotes de distribuição restrita (como o Acrobat Reader e o Skype) ou com disputas relacionadas a patentes (como o Mplayer), que não podem ser incluídas na distribuição principal por questões diversas. Graças à equipe do Medibuntu, eles podem ser instalados sem dificuldades em todas as distribuições da família, depois de adicionado o repositório no sources.list.

Ubuntu Server: Diferente dos outros, que são projetos comunitários, o Ubuntu Server (http://www.ubuntu.com/products/whatisubuntu/serveredition) é mantido diretamente pela Canonical, junto ao Ubuntu principal.

Embora o repositório seja o mesmo, o Ubuntu Server é instalado usando o instalador em modo texto (não existe uma versão Live-CD) e instala por padrão apenas um conjunto mínimo de pacotes (sem interface gráfica), permitindo que o servidor seja configurado com somente os pacotes desejados.

Um dos principais diferenciais do Ubuntu Server, em relação a outras distribuições destinadas a servidores, é o longo período de suporte (nada menos do que 5 anos), o que permite que os servidores sejam usados por muito tempo, sem grandes intervenções além da instalação das atualizações de segurança.

Ubuntu Netbook Remix (UNR): Este é o caçula da família: uma versão do sistema otimizada para uso em netbooks baseados em processadores Intel Atom (http://www.canonical.com/projects/ubuntu/unr).

Ele mantém o uso do GNOME e dos demais componentes do Ubuntu tradicional, mas adota um novo lançador de aplicativos e diversas pequenas mudanças para facilitar o uso em telas pequenas:

Ele inclui também um conjunto de otimizações para reduzir o consumo elétrico do sistema e tirar o melhor proveito dos recursos de hardware dos equipamentos, com algumas otimizações específicas para processadores Intel Atom e também melhoras relacionadas ao tempo de boot e ao desempenho geral.

Embora ele também seja disponibilizado ao público, assim como as demais versões do Ubuntu, a grande ênfase do projeto está no uso por parte dos fabricantes, para que o sistema venha já pré-instalado nos equipamentos, o que é uma medida bem positiva considerando a baixa qualidade de algumas distribuições que são usadas por muitos integradores.

Além da própria Canonical, o projeto tem o apoio da Intel, que tem investido também no desenvolvimento do Moblin (http://moblin.org/), uma distribuição Linux otimizada para uso em MIDs, que são mini-PCs para acesso à web ainda mais compactos que os netbooks.

Eles são também baseados em processadores Intel Atom ou outros chips de baixo consumo, mas são mais leves (a maioria pesa menos de 600 gramas) e utilizam um design próprio para uso com ambas as mãos, saindo do conceito de “mini-notebook” e se aproximando dos tablets. Apesar do formato, eles nada mais são do que mini-PCs, que rodam o Firefox e podem acessar a web através de redes Wi-Fi ou de modems 3G:

Inicialmente, o Moblin foi desenvolvido pela própria Intel, mas logo ganhou o status de projeto neutro, passando a ser hospedado pela Linux Foundation e sendo desenvolvido através da combinação das contribuições da Intel e de outras empresas. É bem provável que você ainda ouça falar bastante dele.

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