Phenom X3

Para contrabalançar a vantagem da Intel com relação ao desempenho por clock, a AMD optou por uma estratégia original: vender versões triple-core do Phenom por preços similares aos do Core 2 Duo, na esperança de que o terceiro núcleo compensasse a diferença. Com isso, posicionaram os antigos Athlon X2 de 65 nanômetros como processadores de baixo custo, os Phenom X4 como opções de médio custo (entre US$ 150 e 250 no exterior) e usaram os Phenom X3 para oferecer opções intermediárias entre as duas famílias.

A ideia de um processador com três núcleos soa tão estranha hoje quanto soava em 2008. Afinal, estamos acostumados a pensar em potências de dois, sempre com dois, quatro ou oito núcleos. Mesmo voltando no tempo e examinando as páginas anteriores da história da informática, é difícil encontrar sistemas com três unidades de processamento. Sempre se pula direto do dois para o quatro.

Do ponto de vista da AMD, entretanto, a ideia fazia sentido, e por um motivo simples. Diferente do Core 2 Quad baseado no core Kentsfield (criado a partir da junção de dois núcleos dual-core), o Phenom era um processador quad-core nativo. Devido ao tamanho e ao brutal número de transistores, defeitos de fabricação eram comuns, mas na maioria dos casos afetavam apenas um dos núcleos.

Em uma época de boas vendas, talvez a direção da AMD se contentasse em desativar dois dos núcleos e vender estes processadores como versões dual-core, mas com a Intel dominando o jogo, qualquer oportunidade precisava ser aproveitada, daí a decisão de criar uma série triple-core, desativando o núcleo defeituoso e mantendo os demais.

Explicados os motivos mercadológicos, resta a questão do desempenho. Hoje em dia é fácil justificar a utilidade de processadores dual-core, já que eles representam um ganho mais do que tangível em uso real, não apenas devido ao grande volume de softwares já otimizados, mas devido à questão da multitarefa. Mesmo benchmarks como o SYSMark mostram ganhos de 40 a 60% ao ir de um para dois núcleos, mesmo que o restante da configuração do PC continue igual.

Ao ir de dois para quatro núcleos entretanto, o ganho é muito menor. Isso ocorre não apenas por que o volume de softwares capazes de manter todos os núcleos ocupados é pequeno, mas também por que outros componentes (barramento da memória, GPU, HDs, etc.) começam a gargalar o desempenho muito antes do processador. Processadores quad-core são bons para codificar vídeo e rodar aplicativos científicos, mas em aplicativos de produtividade e jogos eles são muitas vezes um upgrade desnecessário.

Naturalmente, a Intel e a AMD sabem disso melhor do que ninguém e por isso se esforçam para reduzir a diferença de preços e reforçar as campanhas de marketing, enfatizando as áreas em que a diferença é mais marcante. Um processador quad-core não seria muito atrativo se custasse o dobro do preço (pelo menos não em um desktop), mas se a diferença cai para apenas 20 ou 30%, a coisa muda de figura.

No caso do Phenom X3, o ganho de desempenho proporcionado pelo terceiro core é ainda menor e muitos aplicativos não são capazes de utilizá-lo, já que são preparados para utilizar apenas números pares de cores. Naturalmente, a situação já melhorou bastante desde o lançamento do Phenom X3, já que os desenvolvedores passaram a atualizar os softwares para trabalharem em conjunto com ele, mas o problema ainda persiste em muitas áreas.

Tendo tudo isso em mente, a estratégia da AMD se concentrou em manter os preços baixos, fazendo com que eles concorressem na mesma faixa de preço dos Core 2 Duo. Em outras palavras, a AMD aproveitou a oportunidade para vender três cores pelo preço de dois. Você pode ver alguns números no:

http://techreport.com/articles.x/14606/3
http://www.anandtech.com/showdoc.aspx?i=3293&p=5

O Phenom X3 é baseado no núcleo “Toliman”, que nada mais é do que uma versão castrada do Agena (usado no X4), com o quarto núcleo desativado, mas mantendo os mesmos 2 MB de cache L3 e o uso do soquete AM2+. Os modelos incluem:

Phenom X3 8850: 2.5 GHz, 3x 512 KB, 2 MB, AM2+, stepping B3
Phenom X3 8750 BE: 2.4 GHz, 3x 512 KB, 2 MB, AM2+, stepping B3, mult. destravado
Phenom X3 8750: 2.4 GHz, 3x 512 KB, 2 MB, AM2+, stepping B3
Phenom X3 8650: 2.3 GHz, 3x 512 KB, 2 MB, AM2+, stepping B3
Phenom X3 8600: 2.3 GHz, 3x 512 KB, 2 MB, AM2+, stepping B2
Phenom X3 8550: 2.2 GHz, 3x 512 KB, 2 MB, AM2+, stepping B3
Phenom X3 8450: 2.1 GHz, 3x 512 KB, 2 MB, AM2+, stepping B3
Phenom X3 8400: 2.1 GHz, 3x 512 KB, 2 MB, AM2+, stepping B2

Note que com exceção do X3 8600, todos os modelos são baseados no stepping B3, já sem o TLB bug. Isso faz com que eles acabem superando os Phenom X4 baseados no stepping B2 (com o patch ativo) em diversas situações, muitas vezes por uma boa margem.

Além destes, foram lançados também dois modelos de baixo consumo, o X3 8250e (1.9 GHz) e o X3 8450e (2.1 GHz), que usam uma tensão mais baixa (1.125V em vez de 1.2V) e trabalham com um TDP de 65 watts, contra os 95 watts dos demais:

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