O Apple II

O Apple I foi logo aperfeiçoado, dando origem ao Apple II, lançado em 1977. Diferente do Apple I, que era produzido artesanalmente, o Apple II foi produzido em escala industrial, com um gabinete de plástico injetado e um teclado incorporado, bem mais parecido com um computador atual.

A versão mais básica era ligada na TV e usava o famigerado controlador de fita K7, ligado a um aparelho de som para carregar programas. Gastando um pouco mais, era possível adquirir separadamente uma unidade de disquetes:

Apple II

O preço era um pouco salgado: US$ 1298, que equivalem a quase 10.000 dólares em valores corrigidos. Apesar disso, ele fez um grande sucesso, sendo inclusive adotado por várias universidades e escolas de segundo grau, principalmente nos EUA.

O Apple II vinha com apenas 4 KB de memória, mas incluía mais 12 KB de memória ROM, que armazenava um interpretador BASIC e o software de bootstrap (similar ao BIOS dos PCs atuais), lido no início do boot. Isso foi uma grande evolução, pois você ligava e já podia começar a programar ou a carregar programas. No Apple I, era preciso primeiro carregar a fita com o BASIC, para depois começar a fazer qualquer coisa.

O BASIC era a linguagem mais popular na época (e serviu como base para diversas linguagens modernas). Ele tem uma sintaxe simples se comparado com o C ou o Assembly, utilizando comandos derivados de palavras do Inglês.

Este é um exemplo de programa em BASIC simples, que pede dois números e escreve o produto da multiplicação dos dois:

10 PRINT “MULTIPLICANDO”
20 PRINT “DIGITE O PRIMEIRO NUMERO:”
30 INPUT A
40 PRINT “DIGITE O SEGUNDO NUMERO:”
50 INPUT B
60 LETC=A*B
70 PRINT “RESPOSTA:”, C

Este pequeno programa precisaria de 121 bytes de memória para rodar (os espaços depois dos comandos são ignorados pelo interpretador, por isso não contam). Ao desenvolver programas mais complexos você esbarrava rapidamente na barreira da memória disponível, o que obrigava os programadores a otimizarem o código ao máximo. Aplicativos comerciais (e o próprio interpretador BASIC) eram escritos diretamente em linguagem de máquina, utilizando as instruções do processador e endereços de memória, de forma a extraírem o máximo do equipamento.

Não é muito diferente do que temos atualmente, onde os sistemas operacionais e muitos softwares complexos são escritos em C ou C++, enquanto aplicativos mais simples e jogos são escritos usando linguagens de alto nível, que oferecem um desempenho mais baixo, mas permitem um desenvolvimento mais rápido.

Voltando ao Apple II, a memória RAM podia ser expandida para até 52 KB, pois o processador Motorola 6502 era capaz de endereçar apenas 64 KB de memória, e 12 KB já correspondiam à ROM embutida. Um dos “macetes” naquela época era o uso de uma placa de expansão, fabricada pela recém formada Microsoft, que permitia desabilitar a ROM e usar 64 KB completos de memória.

Além dos jogos, um dos programas mais populares para o Apple II foi o Visual Calc (ou VisiCalc), ancestral das planilhas atuais:

Foto de um manual antigo que mostra a interface do Visual Calc

A linha Apple II se tornou tão popular que sobreviveu até o início dos anos 90, quase uma década depois do lançamento do Macintosh. O último lançamento foi o Apple IIC Plus, que utilizava um processador de 4 MHz (ainda de 8 bits) e vinha com um drive de disquetes de 3.5″, similar aos drives atuais.

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