Ao adotar o uso de processadores e chipsets Intel, a Apple tornou os Macs muito parecidos com os PCs do ponto de vista do hardware, com exceção de dois pequenos detalhes. O primeiro é que em vez de utilizarem o bom e velho BIOS, como no caso das placas para PC, as placas-mãe usadas pela Apple utilizam o EFI (Extensible Firmware Interface), um sistema desenvolvido pela Intel (originalmente para uso em servidores baseados no Itanium), que oferece um sistema modular, mais elegante e extensível que um BIOS monolítico.
O EFI é combinado com o uso de um chip TPM (Trusted Platform Module) que inclui funções de segurança que são verificadas pelo MacOS X, impedindo que o sistema possa ser usado fora do hardware da Apple. Isso permitiu que mantivessem a vantagem competitiva relacionada ao uso do sistema, apesar da migração para a plataforma Intel.
O EFI inclui uma camada de compatibilidade com o BIOS, que é usada pelo Boot Camp para permitir a instalação do Windows XP, Vista ou 7 em dual-boot, muito similar ao que temos ao usar Windows e Linux em um PC. O Boot Camp está disponível a partir do MacOS X 10.5 (Leopard) e inclui ferramentas para reparticionar o HD e os drivers necessários, que são gravados em um CD. Executadas as duas etapas, basta dar boot usando o DVD do Windows e instalar os drivers no final do processo, da mesma forma que faria em um PC.
A possibilidade de usar o Windows em dual-boot é uma vantagem competitiva para a Apple, já que é a única maneira legítima de ter os dois sistemas no mesmo computador. Além do Windows, é possível também rodar Linux nos Macs, também em dual-boot com o OS X.
Apesar do uso do EFI e do TPM, não demorou até que surgissem versões crackeadas do OS X, que podem ser instaladas em PCs comuns. Como o OS X é destinado a ser executado apenas em algumas configurações específicas, o suporte a hardware é limitado, mas mesmo assim este se tornou um hack bastante popular, com os PCs rodando o OS X sendo apelidados de Hackintoshes.
Você pode checar a lista de compatibilidade de hardware de cada versão do sistema e howtos de instalação no https://www.osx86project.org/. Ao montar um PC especificamente para a tarefa, a compatibilidade não é um grande problema, pois você precisa apenas escolher entre uma lista de placas-mãe com chipsets suportados e uma lista de placas 3D compatíveis com o OS X (os netbooks baseados na plataforma Diamondville, com o chipset 945GSM são também bastante compatíveis). Entretanto, ao tentar usar o sistema em PCs de configurações arbitrárias, os resultados vão variar.
Além de toda a questão econômica e de diferenciação dos produtos, essa questão dos drivers é um dos motivos de a Apple ter optado por fornecer o OS X apenas em conjunto com seu próprio hardware, em vez de tentar concorrer diretamente com o Windows, vendendo-o separadamente. Essa postura permite que eles se concentrem no desenvolvimento de drivers para alguns componentes específicos, evitando o desgaste de tentar oferecer suporte a todo o hardware existente (como no caso do Linux).
De volta aos hackintoshes, as primeiras versões “abertas” do OS X foram desenvolvidas com base em um kit de desenvolvimento disponibilizado pela Apple na época da transição para os processadores Intel e prosseguiu com versões modificadas do Os X 10.4.x, 10.5.x e 10.6, resistindo às mudanças introduzidas pela Apple para dificultar o processo.
Naturalmente, tanto a distribuição das versões modificadas quanto o uso em hardware não-Apple é proibido pela EULA, mas isso não tem impedido a distribuição das imagens com os patches através de sites de torrents e fóruns. Basta fazer uma pesquisa rápida por “OSx86” ou “Mac OS X patched” para encontrar imagens do sistema já com os patches aplicados. Existem até mesmo versões live, para o uso em pendrives.