Homem compra PS1 usado e se depara com relíquia esquecida da era das trapaças; saiba o que é

Acessório plugado na traseira do console chamou atenção e revelou uma peça histórica usada para desbloquear códigos, cheats e até jogos piratas.

Em uma época onde encontrar consoles antigos se tornou um hobby para colecionadores e entusiastas retrô, um comprador teve uma surpresa incomum: ao adquirir um PlayStation 1 usado em uma venda de garagem, ele percebeu que havia uma caixa estranha conectada na parte de trás do console. Intrigado, foi até o Reddit para perguntar à comunidade o que era aquilo.

A resposta veio rapidamente — e trouxe um toque de nostalgia para muitos leitores: ele havia encontrado um GameShark original, um dos acessórios mais emblemáticos da era dos cheats e hacks nos anos 90.

What is this box plugged into the back of this PS1? Found at garage sale.
byu/PeanutBrettle inpsx

O que é o GameShark?

Distribuído pela Mad Catz, o GameShark era um dispositivo que se conectava à porta paralela do PS1 fat. Ele carregava uma base de dados com códigos de trapaça pré-instalados, permitindo que o jogador desbloqueasse vantagens como:

  • Vidas infinitas

  • Munição ilimitada

  • Acesso a áreas secretas dos jogos

  • Modificações de física, texturas e colisões

  • Bypass de menus, destravamento de personagens e muito mais

Jogos como Resident Evil 2, Final Fantasy VII, Gran Turismo e Tomb Raider podiam ser manipulados com comandos que pareciam mágicos — e que muitas vezes levavam os jogadores a áreas secretas, salas de debug ou até elementos inacabados deixados pelos desenvolvedores.

Nos anos 90, o GameShark era símbolo de poder gamer underground — e motivo de orgulho ou discussão acalorada entre os que amavam ou odiavam “cheaters”.

Não era só trapaça: ele também destravava jogos piratas

Um dos usos mais conhecidos (e polêmicos) do GameShark era sua capacidade de burlar proteções de região e permitir a execução de CDs gravados — prática muito comum na época, principalmente em países onde os jogos originais tinham preços proibitivos.

A técnica geralmente envolvia um “swap trick”, em que o jogador iniciava o GameShark, abria a tampa do console, trocava o disco e iniciava o jogo desejado — muitas vezes uma cópia não licenciada. Era um atalho para quem queria acessar jogos importados, versões alternativas ou backups caseiros.

No caso do PS1 adquirido pelo comprador desse PS1 usado, ele também encontrou discos gravados junto ao console, reforçando que o antigo dono fazia uso completo do acessório — tanto para trapaças quanto para rodar backups.

O GameShark também evoluiu: da caixinha ao CD

Game Shark

O modelo encontrado é um dos mais antigos, que exigia conexão física à traseira do console, em versões como os SCPH-100x até SCPH-750x.

Mas com o tempo, o GameShark passou a ter versões distribuídas apenas em CD, dispensando o acessório externo. Esses discos funcionavam como bootloaders — e, após carregarem os códigos, o jogador trocava o disco pelo jogo desejado.

Essa mudança aconteceu porque os modelos mais novos do PS1, como SCPH-900x e, posteriormente, o PSOne, conhecido no Brasil como PS1 Baby, não tinham mais a porta paralela, obrigando os fabricantes a adaptarem o método de inicialização.

Esses discos carregavam os códigos de trapaça e, em seguida, o usuário precisava trocar o disco pelo jogo desejado. A troca de discos após o carregamento do GameShark CDX exigia que o leitor de CD do PS1 fosse permissivo a esse tipo de operação. Nem todos os modelos do console facilitavam essa troca, e o processo podia ser complicado.

Uma viagem nostálgica à era dos códigos e revistas de dicas

Nos comentários do Reddit, muitos jogadores relembraram com carinho a época em que usavam revistas especializadas para copiar à mão códigos de GameShark, que depois eram inseridos manualmente no menu do acessório. Cada código era uma espécie de feitiço secreto que revelava facetas escondidas dos jogos.

Mais do que “trapaça”, era um modo de explorar o que estava por trás da interface, entender a estrutura dos games e até testar os limites da programação. Em alguns casos, os códigos permitiam entrar em salas de desenvolvedor ou visualizar assets nunca usados na versão final do jogo.

Um achado raro — e um lembrete da era hacker dos consoles

Encontrar um acessório desses plugado num PS1 usado, hoje em dia, é como tropeçar em uma relíquia de museu gamer. Para muitos, o GameShark foi o primeiro contato com o conceito de “modificação de software”, ainda que rudimentar. Para outros, era apenas a chance de finalmente zerar aquele jogo impossível da infância.

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Editor-chefe no Hardware.com.br/GameVicio Aficionado por tecnologias que realmente funcionam. Segue lá no Insta: @plazawilliam Elogios, críticas e sugestões de pauta: william@hardware.com.br
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