O designer John Romero, conhecido por revolucionar os jogos de tiro com o clássico Doom, declarou em entrevista recente que os games independentes já são a principal força criativa da indústria. Segundo ele, os estúdios indie não apenas disputam prêmios importantes como o Jogo do Ano, mas também influenciam diretamente as estratégias de gigantes do setor.
“ Quando olhamos para os prêmios de Jogo do Ano, metade das vezes são jogos independentes .” afirmou Romero durante o podcast Deep Dive, do estúdio Nightdive. Para ele, essa ascensão não é passageira: é um movimento estrutural. “São esses jogos que estão fazendo as empresas triple-A pensarem: ‘Espera aí… precisamos fazer como eles’”, completou.
Mercado indie cresce mais rápido que o tradicional
Os números confirmam a visão do criador de Doom. Apenas em 2024, a plataforma Steam recebeu quase 19 mil novos jogos — a maioria deles criada por desenvolvedores independentes. Sites como Itch.io também registram uma explosão de projetos autorais, variando de experimentações artísticas a produções completas.
No mobile, a tendência se repete. Jogos indie frequentemente superam os títulos de grandes publishers em popularidade, especialmente graças ao uso de motores gratuitos como Godot e Unreal Engine, que eliminaram antigas barreiras técnicas.
Publicar nunca foi tão acessível — e competitivo
Romero destaca que a verdadeira revolução está na distribuição. “Hoje você pode criar um jogo e lançar diretamente ao público”, diz. Com o fim da dependência de mídias físicas e grandes distribuidoras, um único criador pode alcançar uma audiência global.
Mas a facilidade também trouxe um novo desafio: a concorrência. Com milhares de lançamentos mensais, a visibilidade virou um obstáculo sério. “Como alguém vai encontrar o seu jogo?”, questiona Romero. A resposta, segundo ele, está na excelência de design: só produtos criativos e bem-executados conseguem se destacar.
Dificuldades financeiras ainda são um obstáculo
Apesar do avanço criativo, a sustentabilidade financeira segue sendo um gargalo para os pequenos estúdios. Muitos criadores precisam equilibrar a paixão pelos jogos com a necessidade de pagar as contas. E nem mesmo veteranos estão imunes: Romero revelou que seu próprio estúdio perdeu investimentos da Microsoft após uma onda de cortes internos.
Além disso, o fim dos incentivos e aportes abundantes da época da pandemia tornou o cenário ainda mais apertado para quem depende de financiamento externo
Base de jogadores está crescendo — e isso favorece os indies
Por outro lado, o crescimento da base global de jogadores abre novas oportunidades. Segundo Romero, mais pessoas jogam hoje do que nunca — e estão cada vez mais abertas a propostas inovadoras, autorais e fora do padrão.
Com isso, jogos indie conquistam espaço ao explorar nichos, experimentar narrativas diferentes e propor mecânicas fora da curva. Para Romero, o futuro não está nos jogos com mais orçamento — está nos jogos com mais identidade.
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