O WebOS e o Palm pré

O WebOS e o Palm pré

Em 2006 a Palm anunciou o desenvolvimento do “Nova”, o nome-código do projeto que enverga a responsabilidade de ser o sucessor do Garnet. Assim como o Access, o Nova é baseado em Linux, mas foi desenvolvido de forma independente pela Palm, com a ajuda de alguns ex-engenheiros da Apple. O lançamento do sistema foi sucessivamente adiado, de 2006 para 2007, depois para 2008, até ser, finalmente, demonstrado ontem, durante a CES.

A nova plataforma foi batizada de “WebOS”, deixando claro o principal objetivo do sistema, que é o uso de aplicativos de comunicação e acesso à web. Embora o sistema seja baseado em Linux, toda a interface, aplicativos e as ferramentas de desenvolvimento foram desenvolvidos a partir do zero, de maneira que ele conserva poucas diferenças com uma distribuição Linux. Tudo o que você vê é a interface, que roda sobre a engine do WebKit (a mesma engine utilizada pelo Google no Chrome e pela Apple no Safari).

O WebOS será usado apenas em aparelhos da própria Palm (ou talvez de alguns poucos parceiros), assim como o antigo Palm OS Garnet. O primeiro deles é o Palm pré, um modelo com um desenho fortemente baseado no iPhone, que utiliza uma tela touchscreen HVGA (320×480) de 3.1″, combinada com um teclado QWERTY deslizante (com teclas bem similares às do Palm Centro), 8 GB de memória Flash interna, Wi-Fi, GPS e uma câmera de 3.0 MP:

Um acessório que chamou a atenção de muitos é o “Touchstone”, um carregador sem fios, que carrega o aparelho quando ele é deixado sobre a base, sem necessidade encaixar nenhum plug. Ele é baseado no princípio de indução eletromagnética, uma versão high-tech do sistema utilizado pelas escovas de dente elétricas, que também são carregadas por indução quando deixadas sobre a base.

O WebOS é um sistema multitarefa, que utiliza uma série de conceitos novos. Assim como no caso do iPhone, é utilizada uma tela touchscreen com suporte a multitouch, o que torna o uso da interface bastante fluído. Em vez de janelas, os aplicativos são abertos em “cartas” (como um um baralho), que podem ser movidas livremente:

A interface é bastante pesada, o que demanda o uso de um processador poderoso, que, por sua vez, resulta em uma autonomia longe do ideal para a bateria. Entretanto, o principal problema com a plataforma será a disponibilidade de aplicativos, já que os desenvolvedores já estão ocupados demais desenvolvendo para o Android, para o iPhone e para o S60.

Tendo isso em mente, a Palm optou por desenvolver um framework baseado em HTML, Javascript e CSS, que permite desenvolver aplicativos de forma rápida, usando as mesmas linguagens usadas no desenvolvimento de páginas web (daí o nome “WebOS”). Essa é uma aposta arriscada, pois, embora sejam simples de desenvolver, os aplicativos serão limitados em recursos.

Um bom paralelo poderia ser feito em relação ao iPhone, que permite o desenvolvimento de “widgets”, que são pequenos aplicativos escritos em HTML e Javascript, executados através do navegador. Diferente dos aplicativos nativos, os widgets são bastante limitados e são por isso usados apenas em utilitários muito simples.

Outra característica do WebOS é que as funções do sistema são fortemente baseadas no uso da web, de forma que o aparelho se torna quase inútil quando usado sem um plano de dados. Esta é, na verdade, uma tendência que pode ser percebida também em outros sistemas, como no caso do Android e do iPhone.

O Palm pré será lançado por volta de junho e será vendido apenas nos EUA, através da Sprint (que é a principal concorrente da AT&T, que foi escolhida pela Apple para vender o iPhone). A Sprint é uma das poucas operadoras que ainda utiliza uma rede CDMA, o que indica que a Palm precisará desenvolver uma versão GSM do pré antes de poder lançá-lo em outras partes do mundo.

Ainda é cedo para dizer se o WebOS e o Palm pré farão sucesso ou não. A Palm terá que recomeçar do zero, reconquistando a confiança dos desenvolvedores e dos próprios usuários, o que levará tempo. O pré terá que conquistar seu espaço com base no mérito, disputando com aparelhos baseados no Android e no S60 5ed, sem falar do próprio iPhone 3G, que deve ganhar uma versão atualizada em algum ponto de 2009. Será uma batalha longa e difícil para a Palm.

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