Teclado mecânico: o que avaliar na hora de comprar

Teclado mecânico: o que avaliar na hora de comprar

Há 5 década eles eram a única opção, num formato que em diversos modelos era praticamente artesanal, nos anos 80 adentraram no lar de muitos que vivenciaram a corrida da computação pessoal, com computadores da IBM e Apple como os grandes personagens dessa fase, e nos últimos anos este produto voltou aos holofotes, com a procura intensa do público gamer. Estamos falando do teclado mecânico. 

Neste artigo você saberá os principais pontos a considerar na hora de comprar um teclado deste tipo. Para a produção deste material contamos com a ajuda do Iuri Santos, que é o gerente de tecnologia da HyperX, empresa que tem diversos modelos de teclados mecânicos disponíveis no mercado brasileiro. 

Partindo do básico: O que é um teclado mecânico?

Basicamente quando falamos de teclados duas tecnologias imperam: membrana e mecânico. Os de membrana, bem mais populares por causa do fator custo, surgiram a partir dos anos 80 como uma alternativa aos mecânicos, e acabaram se tornando a escolha óbvia para diversos produtos eletrônicos de consumo e computadores mais baratos. Só pra ficar mais claro, aqueles teclados que você encontra num escritório, por exemplo, são de membrana

Com os mecânicos a situação é completamente diferente. São mais caros, tem uma proposta completamente diferente em relação a sua parte técnica, e atualmente estão disponíveis numa variedade de modelos gigantesca, atendendo com maestria o público gamer –  do jogador mais casual ao hardcore – , e aqueles que precisam de um teclado resistente para longas sessões de digitação.

Os teclados mecânicos utilizam switches (interruptores) individuais para o acionamento dos comandos. Embaixo de cada tecla há uma estrutura mecânica que, quando ativada, envia um sinal para o computador. 

No caso do teclado de membrana ele não conta com esse acionamento individual, sua principal característica é uma estrutura baseada em membranas de silicone e borracha. 

Quando você pressiona uma tecla, faz a pressão sobre aquela tecla, o sinal elétrico é acionado e vai direto para o computador. Essa membrana é um mecanismo único, todo integrado, cada uma das teclas funciona numa região dessa membrana, o que acarreta em alguns pontos negativos, quando comparado com os mecânicos. 

“Quando você pressiona muitas teclas, situação muito comum durante diversos tipos de jogos, como os de FPS, os teclados de membrana podem apresentar o efeito conhecido como ‘tecla fantasma’, que significa o registro das teclas em torno da região da membrana. O computador acaba registrando uma tecla que não deveria ser acionada naquele momento”, explica Iuri. 

Membrana

Com o teclado mecânico esse tipo de questão não acontece, já que cada tecla tem o seu mecanismo independente de acionamento, além de entregar mais sensibilidade para o usuário, pelo contato com o mecanismo de acionamento. Essa é uma diferença crucial entre os dois tipos de teclado, a sensibilidade com o mecânico é muito mais aprimorada e uniforme, nos de membrana é muito comum encontrar teclas com sensibilidades diferentes, pela questão do próprio desgaste ao longo do tempo.

Sair do teclado de membrana significa abandonar uma tecnologia mais suscetível a falhas de pressionamento, e que tem um limite no registro do pressionamento das teclas. 

Com os mecânicos, a sensibilidade é uniforme, e o usuário, na hora de escolher o produto, tem uma boa variedade de switches disponíveis, cada um com características distintas, que podem se adequar ao seu perfil de uso. É sobre isso que falaremos no próximo tópico.

Switch: qual o ideal pra você?

Como vimos até aqui, o switch é o grande diferencial do teclado mecânico em relação aos de membrana, portanto, é de suma importância conhecer qual a melhor opção para o seu perfil. 

Além de diferenças na questão do acionamento, o switch, como mecanismo, também lida diretamente com a sua resistência, a autonomia de cliques. Esse é um parâmetro importante a se observar em switches para teclados mecânicos. Essa resistência é descrita na casa dos milhões de cliques.  

Vamos a um exemplo. Os switches mais populares são produzido pela empresa Cherry, presente neste mercado desde a década de 70. Suas três opções mais famosas são: red, azul e marrom. A autonomia de cada um deles é até 50 milhões de cliques, por cada switch no teclado. 

Algumas empresa começam apostando em teclados mecânicos com switch Cherry e depois passam para modelos com switches próprios, a Razer e a própria HyperX são exemplos. A HyperX atualmente tem três switches próprios: red, blue e aqua. A autonomia prometida é de até  80 milhões de cliques.

Após checar a resistência, é importante que o usuário também fique atento à sensibilidade do switch, atributo que impacta diretamente na percepção do usuário. “Alguns gostam de um botão que seja mais rápido, outros curtem mais um botão de acionamento mais leve ou mais pesado”, diz Iuri Santos. 

No site da HyperX tem uma tabela com os principais atributos que você deve observar em relação ao switch. Além da resistência, isto é, o tempo de vida útil do switch, descrito em um número estimado de cliques, é importante observar o estilo de operação, força de operação, ponto de atuação e a distância total do percurso. Repare nas informações da tabela, como esses parâmetros podem mudar consideravelmente de um switch para o outro.

Como o perfil do usuário é definido com base nessas informações técnicas do switch? Bom, é mais fácil do que você pensa. Primeiramente você precisa se localizar em relação à forma de contato com o switch, que muda radicalmente entre o linear, tátil e de clique. Não é uma questão de melhor ou pior, e sim de costume, com base nas características de cada um. 

Vamos pegar como base o switch do estilo linear, muito bem aceito entre jogadores. Switches deste tipo são os mais rápidos, não há nenhum tipo de resistência ao pressionar a tecla, o que torna essa opção a mais rápida no acionamento com o menor esforço. Jogos que dependem de acionamentos constantes, de múltiplas teclas e que o tempo pode ser determinante, como, por exemplo, num cenário competitivo, o linear é a opção ideal. 

O lado negativo de um switch tão rápido, e, ao mesmo tempo preciso, é que qualquer esbarrão na tecla ao lado, resulta num acionamento indesejado. Nesse ponto, os usuários que optam pelo switch tátil acabam se beneficiando. Este swtich tem uma diferença no ponto de atuação, exigindo uma força ligeiramente maior para a ativação. Este tipo de feedback do swtich permite que você deixe a mão em cima das teclas, numa espécie de preparação para o acionamento. Quando você fizer aquela força a mais a tecla será registrada. Você perde um pouco em velocidade, comparado ao linear, mas ganha com esse modo mais seguro para a ativação.

O de clique, particularmente o que eu mais gosto, por digitar bastante, no ponto de ativação há um mecanismo do switch que faz um “estalo”, que atua como um feedback sonoro, que é mais uma forma de você confirmar que a tecla foi realmente pressionada e devidamente registrada. O switch com essa característica é o azul, pra quem já mexeu com uma máquina de escrever, este switch traz uma experiência parecida em termos de som – característica que não agrada todo mundo, portanto, se o que você busca é uma experiência mais silenciosa, o azul não é pra você. 

A iluminação

Tem quem goste, tem quem ache descartável, o fato é que a iluminação por LEDs invadiu o mundo do hardware de forma avassaladora, até SSDs já são vendidos com iluminação. No caso dos teclados mecânicos é praticamente uma unanimidade. Os principais modelos no mercado, de todas as marcas, oferecem iluminação, seja ela única ou RGB.

Além da questão puramente estética, há alguns detalhes que valem a pena observar e mencionar em relação aos LEDs implementados em teclados. Alguns teclados são muito brilhantes, outros nem tanto. Essas diferenças têm relação com as decisões que o fabricante adota em relação à forma como os LEDs estão posicionados

O design de LEDs SMD é mais barato em termos de implementação para o fabricante, mas o resultado final em termos de iluminação quando comparado aos teclados com DIP LED é inferior. A melhor forma de explicar essa diferença é mostrando uma imgem com esses dois tipos de LEDs. Para este exemplo pegamos o teclado mecânico Redragon Kumara e o HyperX Alloy Origins Core.

Redragon Kumara

 

HyperX Alloy Origins Core

Repare que no caso do Kumara, que recorre a uma implementação SMD, a luz está emanando da placa de circuito do teclado, escondida por sua estrutura, no caso do Alloy Origins Core, o LED, neste caso DIP, está implementado diretamente no switch, o que garante uma iluminação bem mais intensa. Cabe a você decidir qual o ideal para o seu perfil. Uma dica é buscar vídeos do produto para ter uma ideia de como a iluminação se comporta. 

Layout

Esse é outro ponto importante, o layout do teclado, o formato. Há os teclados full size, ou 100%, padrão que se tornou o mais utilizado a partir do fim dos anos 80 com os modelos da IBM. Teclados com esse layout contam com as teclas de função, as setas e a parte numérica no canto direito. Pensando estritamente no público gamer, outros formatos podem ser mais adequados, pela questão de liberar espaço na mesa para a movimentação.

O formato mais popular de teclados mecânicos compactos é o TKL, ou 80%, sigla que vem do inglês “tenkeyless, isto é, um teclado com menos 10 teclas, a parte numérica é excluída. Os dois teclados que citamos acima, o Redragon Kumara e o HyperX Alloy Origins Core são desse formato. Há formatos ainda bem menores, que retiram inclusive as setas de navegação e teclas de função.

Caso você já tenha procurado por teclados mecânicos já percebeu que a maioria deles não está no formato ABNT2, mas você sabe o por quê? Iuri Santos explica que antes de o ABNT ter sido estabelecido os teclados seguiam apenas o padrão internacional, porém com o tempo algumas marcas começaram a investir em modelos no Brasil que estão ajustados às normas técnicas definidas pela ABNT.

“O padrão brasileiro tem uma contagem de teclas diferente dos outros padrões do mundo, não é só pintar uma tecla de modo distinto, há a inclusão de mais switches, a máquina que irá fabricar este teclado tem que ter uma forma completamente diferente. Para a fabricação de um teclado ABNT2 é preciso de uma máquina que esteja nesse padrão, e caso o produto não venda o esperado,  o investimento acaba não sendo válido.

Quando começamos a trazer teclados mecânicos para o Brasil não tínhamos ABNT2, mas graças à adesão do brasileiro aos nossos produtos,  a importância que o país dá para a HyperX ficou clara, isto permitiu que lançássemos o Alloy Origins, nosso primeiro teclado ABNT2″, completa Iuri.

Iuri também comentou sobre o portfólio atual de teclados mecânicos oferecidos pela HyperX no mercado brasileiro.

“Nossos primeiros teclados lançados no Brasil, o Alloy FPS e o FPS Pro, não contam com RGB, adota apenas o esquema de iluminação na cor vermelha. O Mars foi o nosso primeiro teclado mecânico feito exclusivamente para o Brasil e China, não é um produto global, e é um modelo com um switch mais custo x benefício, da marca Outemu. O portfólio também inclui o Alloy FPS RGB, que utiliza o switch Kilh Silver Speed, linear e bem leve, ideal para quem busca mais velocidade, o Alloy Origins e o Origins Core que utilizam os switches da própria HyperX, e são ABNT2. O topo de linha no momento é o Alloy Elite RGB, modelo que conta com teclas multimídia separadas e até uma rodinha para controle de volume”.

Alloy Origns Core

Preços

Os preços dos teclados mecânicos no Brasil são bem variados, há modelos mais baratos, como os das marcas Redragon e Sharkoon, que custam entre R$ 180 a R$ 450, e até modelos mais caros e completos, da Razer, Logitech, Corsair e a HyperX. Modelos dessa marca podem até ultrapassar a casa dos R$ 1.000, no entanto, você encontra excelentes opções dessas próprias empresas com valores bem mais em conta. No caso da HyperX, o modelo mais recente lançado no mercado brasileiro é o Alloy Origins Core, ele utiliza o switch HperX Red, adota o formato TKL e custa R$ 600.

Sobre o Autor

Editor-chefe no Hardware.com.br, aficionado por tecnologias que realmente funcionam. Segue lá no Insta: @plazawilliam Elogios, críticas e sugestões de pauta: william@hardware.com.br
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