Smartphones com Linux

Smartphones com Linux

Além do Android, existem outras plataformas móveis baseadas em Linux, como o OpenMoko da FIC, usado no Neo Freerunner e o EZX da Motorola, usado em aparelhos como o A1200i que, embora não seja muito comum aqui no Brasil, fez sucesso na china e outros países da ásia:

O EZX utiliza um kernel Linux otimizado pela Montavista, rodando uma interface proprietária, baseada na biblioteca Qt (que, embora seja normalmente relacionada com o KDE e com aplicativos Linux para desktops, é na verdade um framework bastante portável). Uma boa amostra do bom desempenho do sistema é que ele roda em aparelhos com apenas 8 MB de RAM, contra os de 32 a 128 MB de aparelhos baseados no Symbian.

Os primeiros aparelhos baseados nele foram lançados em 2003 e tinham um bom conjunto de recursos para a época. Existiam muitas arestas a aparar, mas no geral o sistema tinha um bom potencial. Se a Motorola tivesse investido no desenvolvimento do sistema e tivesse estimulado o desenvolvimento de aplicativos para a plataforma, ele poderia estar hoje competindo de igual para igual com outras plataformas mas, infelizmente, isso não aconteceu.

O EZX pouco evoluiu de 2003 a 2007, o que fez com que ele ficasse rapidamente ultrapassado em relação a outras plataformas. Também não foram desenvolvidos muitos aplicativos para ele, já que a Motorola nunca disponibilizou o SDK da plataforma (as ferramentas necessárias para desenvolver aplicativos para o sistema), negando a principal vantagem de utilizar Linux, que é justamente a possibilidade de portar aplicativos de outras plataformas, reaproveitar código e criar uma comunidade em torno do sistema.

De qualquer forma, se você tem um A1200i ou outro aparelho baseado no EZX, um bom lugar para obter atualizações de firmware e novidades sobre a plataforma é o http://www.motorolafans.com/. Existe também o OpenEZX, que visa criar uma versão aberta do EZX, utilizando um kernel atualizado e eliminando os componentes proprietários da Motorola: http://www.openezx.org

Em 2008 a Motorola anunciou uma nova plataforma baseada em Linux, o LiMo, que é mais aberto que o EZX e é mantido por uma fundação, que inclui empresas como a NEC, Panasonic, Samsung e a Vodafone. Em vez de manter a interface usada no EZX, optaram por migrar do Qt para o GTK e iniciar o desenvolvimento de outra interface do zero. Esta é uma decisão que não tem muito a ver com questões técnicas, mas sim com o fato da TrollTech (que desenvolve o Qt) ter sido adquirida pela Nokia, uma das principais concorrentes.

O LiMo é usado como base para a plataforma “MotoMAGX”, que é usada em aparelhos como o MOTOROKR Z6 e o RAZR2 V8. Diferente do EZX, a Motorola disponibiliza uma suíte de desenvolvimento para a plataforma (o Motodev Studio), disponível no: http://developer.motorola.com

Outro anúncio recente é de que a Motorola está investindo também no Android (mantendo um grupo de desenvolvimento com nada menos do que 350 profissionais), visando também produzir aparelhos baseados na plataforma.

Se precisasse chutar quais são as reais intenções por trás dos dois anúncios, apostaria que pretendem usar o LiMo nos aparelhos mais simples, voltados para música e multimídia, substituindo os aparelhos que são ainda baseados no antigo Motorola OS (o sistema proprietário usado em aparelhos antigos) e utilizar o Android em uma nova geração de smartphones e comunicadores.

Do outro lado do muro temos o OpenMoko, um projeto organizado pela FIC, que visa criar uma plataforma de smartphones completamente aberta, incluindo tanto o sistema operacional quanto o hardware.

Sistemas operacionais abertos não são nenhuma novidade. Com a abertura do Symbian, sobraram na verdade apenas duas plataformas proprietárias dentro do mercado de smartphones: o Windows Mobile e o iPhone OS. Entretanto, a FIC decidiu ir um passo além, disponibilizando também os projetos CAD do hardware dos aparelhos (disponíveis no www.openmoko.org), facilitando as coisas para fabricantes interessados em desenvolver versões modificadas.

Como a FIC é um fabricante de componentes e aparelhos, a idéia parece fazer sentido, já que outros fabricantes interessados em produzir ou revender os aparelhos tendem a comprar peças e aparelhos da FIC.

Embora a plataforma ainda não esteja completa, a FIC já vende o Neo Freerunner, que é um aparelho destinado a desenvolvedores, hackers e early adopters, que é inteiramente desbloqueado, permitindo que você tenha acesso direto a todas as entranhas do sistema (com direito até a um aplicativo de terminal), com liberdade para rodar os aplicativos que quiser, fazer alterações no sistema, substituir o sistema original por outras distribuições (veja as opções disponíveis no http://wiki.openmoko.org/wiki/Distributions), ou versões modificadas e assim por diante.

O aparelho custa US$ 399 (o que não é particularmente caro para um aparelho desbloqueado), o maior problema é que para comprá-lo no Brasil você precisaria pagar os 60% de impostos mais ICMS, que elevariam o preço para a casa dos 1500 reais. De qualquer forma, não deixa de ser uma possibilidade tentadora.

Ainda é cedo para arriscar qualquer palpite sobre o futuro do projeto, já que o sucesso ou fracasso não depende apenas dos méritos técnicos, mas também na habilidade de atrair parceiros e formar alianças. A idéia é revolucionária sob diversos pontos de vista e, como toda revolução, pode dar muito certo, ou muito errado.

Hoje em dia, smartphones baseados em Linux ainda são a exceção dentro de um mercado dominado pelo S60, pelo Windows Mobile e, em menor grau pelo iPhone. Entretanto, a disponibilidade de aparelhos com o Android e o LiMo em maior escala podem começar a mudar as estatísticas a partir de 2009. O próprio OpenMoko tem chances de surpreender, caso venha a ser adotado por algum dos grandes fabricantes.

Dois anos atrás o mesmo era dito com relação ao Access (que também é baseado em Linux). A grande diferença é que o Access acabou se revelando um vaporware, sendo sucessivamente adido até perder o momentum, enquanto o Android está realmente disponível. Pode ser que não faça tanto sucesso quanto se espera, mas pelo menos ele realmente será usado e você poderá ver aparelhos com ele nas lojas.

Concluindo, existem também algumas distribuições desenvolvidas de forma comunitária, destinadas a aparelhos com outros sistemas, como o Familiar (http://familiar.handhelds.org/), que roda em diversos modelos de Pocket PCs, Palms e também em alguns smartphones.

Cada plataforma precisa de uma versão específica (já que cada aparelho exige um conjunto diferente de drivers e componentes), por isso ele não roda sem limitações em praticamente nenhum modelo. Apesar disso, ele é uma boa forma de matar a curiosidade, rodando Linux em algum aparelho que já tenha em mãos. Na foto a seguir, por exemplo, estou usando ele sobre um Treo 650:

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