Processadores para notebook: O Pentium M

Dois dos componentes que são consideravelmente diferentes nos portáteis são os processadores e as aceleradoras 3D. Você pode perfeitamente comprar um notebook com um processador dual-core ou até mesmo com SLI, mas naturalmente ele será equipado com componentes de baixo consumo, diferentes dos que seriam usados em um desktop.

Antigamente, o mercado de micros portáteis era muito menor, de forma que os fabricantes não tinham o hábito de investir muito no desenvolvimento de processadores para portáteis. Até pouco tempo, os processadores mobile eram quase sempre versões de baixo consumo dos mesmos processadores destinados a desktops, apenas operando a freqüências um pouco mais baixas e incluindo algum sistema rudimentar de gerenciamento de energia.

Uma das primeiras empresas a tentar produzir processadores de baixo consumo, destinado especificamente a notebooks e outros equipamentos portáteis foi a Transmeta. Ela produziu duas linhas de processadores, o Crusoe e o Efficeon. Ambos eram incrivelmente eficientes, mas ofereciam um baixo desempenho e o preço não era competitivo com relação aos concorrentes diretos da Intel e da AMD. A Transmeta conseguiu ganhar algumas batalhas entre 2002 e 2005, mas acabou naufragando com o lançamento do Pentium M e do Turion, processadores que conseguem combinar um bom desempenho com um sistema eficiente de gerenciamento de energia, além de ter sofrido com a concorrência direta do VIA C3, também desenvolvido para ser um processador de baixo consumo.

Antigamente, os processadores AMD não eram exatamente uma boa opção para portáteis, pois a AMD não possuía um sistema eficiente de gerenciamento de energia. Antes do Turion, os processadores “Mobile” da AMD eram basicamente versões de baixo consumo dos chips para desktops, fazendo com que o aquecimento e o consumo elétrico ficassem longe do ideal.

A Intel também cometeu suas gafes, com os Pentium 4 Mobile e os modelos equivalentes do Celeron Mobile, ambos baseados na arquitetura NetBurst. Um Mobile Pentium 4 de 3.06 GHz (baseado no core Northwood), por exemplo, possui um TDP de absurdos 70 watts, o que resultava em notebooks volumosos, pesados e com pouca autonomia de baterias. Para completar, além de todas as desvantagens, o Mobile Pentium 4 de 3.06 GHz baseado no core Northwood perde em processamento para um simples Turion MT-34, lançado menos de dois anos depois.

A situação mudou com o lançamento do Banias, a primeira geração do Pentium M. Ele foi um processador desenvolvido sob medida para o uso em notebooks e acabou se revelando tão eficiente que acabou dando origem ao Core 2 Duo, fazendo o caminho inverso até os desktops.

A primeira encarnação do novo processador foi o core Banias (lançado em 2003), que chegou ao mercado na forma da primeira versão do Pentium-M. O Banias foi fabricado numa técnica de produção de 0.13 micron, com 64 KB de cache L1 e 1 MB de cache L2 e em versões de até 1.6 GHz. O barramento com o chipset (o principal ponto fraco do Pentium III) foi substituído pelo mesmo barramento de 400 MHz utilizado do Pentium 4, reduzindo o gargalo na conexão com a memória.

O Banias recebeu ainda o reforço das instruções SSE2 e uma versão aprimorada do SpeedStep, que gerencia dinamicamente o clock, tensão e componentes internos do processador, desativando os componentes que não estão em uso e reduzindo a freqüência nos momentos de pouca atividade, reduzindo bastante o consumo do processador. Um Banias de 1.6 GHz consome 24 watts ao operar na freqüência máxima, mas consome pouco mais de 4 watts quando ocioso, operando na freqüência mínima.

Junto com o Banias, veio a marca “Centrino”, uma jogada de marketing da Intel, para vender o pacote completo, com o processador, chipset e placa wireless. Apenas os notebooks com os três componentes podem usar a marca “Centrino”, criando uma certa pressão sobre os fabricantes.

A segunda geração do Pentium M é baseada no core Dothan, sucessor do Banias. A primeira diferença entre eles é que o Banias ainda era produzido usando uma técnica de 0.13 micron, enquanto o Dothan inaugurou o uso da técnica de 0.09 micron. A redução possibilitou o aumento no cache, que passou a ser de 2 MB, além de reduzir o consumo do processador que, apesar do aumento na freqüência de operação, caiu de 24.5W para apenas 21W. O Dothan trouxe também melhorias no circuito de branch-prediction, que é basicamente o mesmo usado no Conroe, a primeira versão do Core 2 Duo.

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Com o lançamento da plataforma Sonoma, a segunda geração da plataforma Centrino, o Pentium M com core Dothan recebeu mais um upgrade, passando a utilizar memórias DDR2 e bus de 533 MHz. Estas melhorias, entretanto, são relacionadas ao controlador de memória incluído no chipset e não ao processador em si.

Todos os processadores Pentium M e Core oferecem suporte ao SpeedStep III (o SpeedStep original era usado nos processadores baseados na arquitetura P6 e o SpeedStep II era usado pelos processadores Mobile Pentium 4), que permite que a freqüência e tensão usadas pelo processador sejam ajustadas dinamicamente, de acordo com a carga de processamento.

O ajuste é feito em “degraus” (steps, daí o nome). Em um Pentium M de 1.73 GHz, com core Dothan, por exemplo, os “degraus” disponíveis são 1.73 GHz, 1.33 GHz, 1.06 GHz e 800 MHz (a freqüência mínima) e a tensão pode oscilar entre 0.988 e 1.356V.

A freqüência é alterada através do ajuste do multiplicador, justamente por isso existe um número tão pequeno de estágios. A freqüência mínima de 800 MHz é compartilhada por todos os processadores com bus de 533 MHz, enquanto os modelos com bus de 400 MHz podem reduzir a freqüência para até 600 MHz. A Intel poderia adicionar degraus adicionais, permitindo que o processador operasse a 400 MHz, por exemplo, mas optaram por utilizar os 600 e 800 MHz como mínimo para manter um desempenho razoável mesmo quando o processador está em modo de baixo consumo.

No Linux, o SpeedStep é suportado diretamente pelo Kernel e o ajuste da freqüência é feito pelo daemon “powernowd”, o mesmo que dá suporte ao Cool’n’Quiet e ao PowerNow dos processadores AMD. Na grande maioria das distribuições atuais, o suporte é ativado automaticamente.

No Windows XP e no Vista, o suporte também vem incluído no sistema e o ajuste pode ser feito através do Painel de Controle. O maior problema são as versões antigas do Windows, onde o driver para ativar o SpeedStep precisa ser obtido junto ao fabricante do notebook, já que a Intel não disponibiliza drivers genéricos.

Tanto o Banias quanto o Dothan podem ser considerados processadores transitórios, que ficam no meio do caminho entre a antiga arquitetura P6, do Pentium III e os processadores da plataforma Core.

O Banias foi rapidamente descontinuado depois do lançamento do Dothan, de forma que acabou sendo usado em um número relativamente pequeno de processadores, fabricados entre 2003 e 2004. O Dothan por sua vez acabou sendo uma plataforma muito utilizada, pois além de ser usado na grande maioria dos processadores Pentium M, ele foi usado no Celeron M e é a base para os processadores de baixo consumo, da série ULV.

As versões iniciais do Pentium M utilizam o soquete 479 (mFCPGA), que é basicamente uma versão miniaturizada do soquete 478 usado pelos processadores Pentium 4 para desktops. Na época, a Asus chegou a lançar um adaptador que permitia instalar um Pentium M em uma placa soquete 478 para desktop, de forma a montar um PC de baixo consumo.

Apesar do nome, o soquete 479 possui na realidade apenas 478 pinos, pois um dos contatos não é usado. O soquete 479 é utilizado pelos Pentium M com core Banias e Dothan e também pelos modelos correspondentes do Celeron. Em 2006 surgiu o soquete M (FCPGA6), usado pelos processadores da família Core Duo e também pelos Core 2 Duo T5x00 e T7x00, baseados no core Meron.

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Apesar de ser fisicamente muito similar ao soquete 479, o soquete M faz par com um regulador de tensão atualizado, com suporte às características elétricas dos processadores Core Duo. Ele marcou também a transição para os processadores com bus de 667 MHz.

Embora não existisse nenhum grande empecilho técnico com relação à compatibilidade com os processadores soquete 479, a Intel optou por alterar a posição de um dos pinos do soquete, de forma a tornar os dois encaixes incompatíveis.

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