Novos modelos da Nokia: E63, 5800XpressMusic, E75 e E55

Como comentei no BookCast #3, os aparelhos da Nokia não são necessariamente os melhores ou os com mais recursos, mas a empresa consegue se destacar oferecendo uma linha bastante sólida de aparelhos, que inclui desde de modelos caros, até opções de smartphones de baixo custo.

Este artigo é um apanhado geral sobre os próximos lançamentos da Nokia, incluindo o E63 e o 5800 XpressMusic, que foram apresentados no final de 2008 e logo estarão disponíveis no mercado nacional e também os aparelhos recentemente demonstrados no WMC, que compõem a nova linha, que estará disponível a partir do segundo semestre.

Mesmo que você não esteja particularmente interessado em nenhum dos novos modelos, eles são uma boa notícia, já que vão empurrar para baixo os preços dos atuais.

O ano de 2009 vai ser um ano de definição dentro do mercado de smartphones. Assim como aconteceu no início da era dos computadores pessoais, quando diversos formatos foram testados, até que alguns emergissem como vencedores, estamos assistindo a uma briga similar no ramo da telefonia.

Até 2007, dois formatos reinavam absolutos: o formato em barra tradicional, com teclado numérico, e o formato de PDA com teclado QWERTY, como no caso do Nokia E62. Isso mudou a partir do lançamento do iPhone, que popularizou o formato de aparelho com tela touchscreen, com teclado virtual. Por algum tempo pareceu que os teclados QWERTY eram coisa do passado e que o formato do iPhone prevaleceria. Entretanto, essa é uma briga que está longe de acabar e pode ser que no final os aparelhos com teclados QWERTY riam por último.

Passada a época dos “celulares multimídia”, voltados para música e fotos, tudo indica que 2009 trará um crescimento do uso dos smartphones como comunicadores, usados sobretudo para trocar mensagens de texto, que consomem pouca banda e por isso são uma forma barata de se comunicar.

Com exceção do N97, a nova linha da Nokia soa surpreendentemente convencional e até conservadora, com a maioria dos modelos substituindo diretamente algum dos modelos já existentes, com apenas pequenas melhorias. Um fator que salta à vista, entretanto, é a predominância de modelos de baixo custo, que mostram a disposição da empresa em levar os smartphones a uma fatia maior da população, em vez de simplesmente tentar fazer caixa vendendo modelos high-end com altas margens de lucro.

Para começar, temos o E63, sobre o qual já havia falado anteriormente. Ele é uma espécie de versão de baixo custo do E71, que possui o mesmo conjunto de softwares e todos os demais recursos básicos, incluindo o transmissor Wi-Fi, câmera e o mesmo teclado QWERTY.

As principais diferenças residem nos materiais usados (o E63 tem o corpo de plástico e usa um acabamento barato, bem longe do padrão de qualidade usado no E71), no tamanho (o E63 é um pouco maior e mais espesso), na câmera (o E63 usa uma câmera de 2.0 MP, com foco fixo, similar à usada no 6120c) e na remoção do GPS, que é um dos pontos fortes do E71.

Outra limitação importante é que, embora seja um aparelho com suporte a 3G, o E63 não oferece suporte a HSDPA (3.5G). Isso limita as transferências aos 384 kbits oferecidos pelo WCDMA, assim como no caso do E61 e do E61i, que são os antecessores diretos.

A decisão de limitar o E63 ao padrão HSDPA, permitiu que a Nokia removesse o processador auxiliar, responsável pelo processamento dos sinais do rádio, reduzindo o custo de fabricação.

Isso faz com que ele não seja um aparelho recomendável para uso como modem 3G para o notebook, já que as taxas de transferência ficariam severamente limitadas. Ele é mais indicado para quem pretende navegar via Wi-Fi ou assinar um plano com restrição de velocidade (como no caso do plano de 300 kbps da Oi ou o de 256 kbps da Claro), onde a falta de suporte ao HSDPA não faça diferença.

Apesar das limitações, o E63 tem duas pequenas vantagens, que são o uso de um conector de áudio de 3.5 mm (o E71 usa um conector de 2.5 mm e não funciona em conjunto com muitos adaptadores) e o uso de um teclado sutilmente mais espaçoso, com duas teclas adicionais na última linha. Entretanto, o principal argumento a favor dele é mesmo o preço. O E63 custava, na época do lançamento (na Europa), apenas 199 euros, metade do preço do E71, que foi lançado por 399 euros.

Outro ponto positivo do E63 é a autonomia da bateria. Em resumo, ele utiliza a mesma bateria BP-4L de 1500 mAh que o E71, mas sem o suporte a 3.5G e o GPS, o consumo acaba sendo bem mais baixo, suficiente para o E63 resistir por três ou quatro dias de uso moderado antes da próxima carga.

Em seguida temos o 5800 XpressMusic, outro modelo sobre o qual já falei anteriormente. Ele ganhou notoriedade por ser o primeiro aparelho baseado no S60 quinta edição e serviu como uma espécie de campo de provas para a nova plataforma, com muitas arestas aparadas através de atualizações de firmware. Apesar de usar uma tela com resolução de 640×360, ele é na verdade relativamente compacto, não muito maior do que outros modelos em formato barra e também um pouco menor que o iPhone.

Como a tela ocupa toda a superfície frontal, deixando espaço apenas para os botões de atender e recusar chamadas, a solução para a entrada de texto é um teclado virtual, assim como no iPhone. O 5800 possui, na verdade, vários teclados onscreen diferentes, que são usados de acordo com a situação. Temos, por exemplo, o teclado numérico usado para fazer ligações de voz, um mini teclado QWERTY que pode ser usado com a stylus e, também, um teclado QWERTY maior, que ocupa quase toda a tela e pode ser usado com os dois polegares:

Muitos comparam o 5800 ao iPhone devido à similaridade do formato, mas os dois são, na verdade, aparelhos destinados a públicos bem diferentes. A interface do S60 5ed. não tem condições de competir diretamente com a do iPhone, mas, em compensação, o sistema oferece bem mais recursos em outras áreas, a começar pelo suporte a Java, Flash e multitarefa.

E75

O E75 é uma espécie de variação do E65, que utiliza um teclado QWERTY deslizante, incluindo também um teclado numérico frontal. À primeira vista, o formato pode lembrar um pouco o do N96, mas na verdade os dois são aparelhos completamente diferentes.

Em vez de ser baseado no S60 5ed., o E75 utiliza o tradicional S60 3ed., assim como o E71 e outros modelos anteriores. A grande novidade fica mesmo por conta do teclado, que é cerca de 80% maior que o teclado QWERTY do E71, bastante confortável sobretudo para quem tem dedos grandes:

Como o S60 3ed. é baseado em torno do uso do de telas QVGA, a Nokia manteve a cartilha clássica, utilizando uma tela de 2.4″ com resolução de 320×240, que muda para o modo paisagem quando o teclado está aberto, muito similar ao que temos em aparelhos da HTC (incluindo o célebre lag de dois segundos para mudar a orientação da tela quando o teclado é aberto).

A idéia básica é que ele se comporte como um telefone normal com o teclado fechado, permitindo que você faça ligações de voz e cheque as mensagens e compromissos e assuma a personalidade de comunicador quando o teclado é aberto.

Pessoalmente não gosto muito desse formato, pois você acaba perdendo tempo tendo que se decidir entre abrir ou não o teclado em cada situação, diferente do que temos em aparelhos como o E71, onde o teclado fica o tempo todo disponível para usar. Entretanto, essa é apenas uma opinião pessoal. Muitas pessoas que não se sentem confortáveis com o tamanho das teclas do E71 vão rapidamente discordar. 🙂

Essa foto do dailymobile mostra uma comparação entre os dois:

O E75 inclui suporte a HSDPA, Wi-Fi, GPS, câmera de 3.2 MP (com flash LED) e todos os outros recursos básicos. Duas novidades são o uso de um conector de 3.5 mm para o fone (que deve se tornar padrão nos modelos lançados daqui em diante pela Nokia, substituindo o conector de 2.5 mm) e o carregamento através da porta micro-USB.

Entretanto, o E75 tem também uma pesada carga de feitos. O principal é que o mecanismo do teclado o tornou muito mais espesso, com 15 mm (contra 11 mm do E71), o que faz com que ele seja um pouco menor que E71, mas em compensação bem mais gordo.

O sistema de abertura do teclado é bastante sólido (não deve apresentar defeitos com o tempo), e o corpo metálico torna o aparelho bastante resistente e durável. Entretanto, isso tem um custo, que é o peso. O E75 pesa 139 gramas, bem mais que a maioria dos outros modelos da Nokia, que ficam abaixo da marca dos 100 gramas.

Para não aumentar ainda mais a espessura e o peso, a Nokia foi obrigada a usar uma bateria BL-4U, de 1000 mAh, o que representa uma redução de 33% na autonomia em relação ao E71, que usa uma bateria de 1500 mAh.

A Nokia apresentou o E75 como sendo um sucessor para o 9500 e o 9300i os dois comunicadores baseados no S80 que fizeram um relativo sucesso em anos anteriores. Entretanto, o E75 peca por utilizar uma tela muito menor, que muda completamente o jeito de ser. A Nokia poderia muito bem ter aproveitado para inovar, introduzindo o suporte a telas HVGA (640×240) no S60, o que permitira eliminar o teclado e oferecer uma tela com o dobro da área útil, assim como nos comunicadores antigos. Para referência, temos aqui uma foto do Nokia 9500 Communicator, que representa a série antiga:

Além de tudo, o E75 é também um aparelho relativamente caro, que custará 375 Euros nos países da Europa. Se a cotação do Euro de mantiver estável, ele deve custar por volta de R$ 1600 no Brasil (antes dos subsídios das operadoras), bem mais caro que o E71 custa atualmente e sem trazer benefícios visíveis em relação a ele.

E55

Juntamente com o E75, a Nokia anunciou também o E55, que é o primeiro modelo da empresa a trazer um teclado de 20 teclas, que utiliza um sistema de escrita bastante similar ao SureType utilizado no BlackBerry Pearl.

As teclas adicionais fazem com que cada tecla acumule a função de apenas duas letras, o que melhora bastante a velocidade de escrita em relação ao T9. De certa forma, o teclado de 20 teclas é um meio termo entre o teclado numérico e um teclado QWERTY completo, que permite a construção de aparelhos compactos, mas que sejam relativamente confortáveis de se escrever:

Assim como os outros modelos da linha, ele é baseado no S60 3ed. FP2, Wi-FI, GPS e a mesma câmera de 3.2 MP que equipa o E71. Existe uma pequena diferença na qualidade das fotos em relação ao E71 com o firmware original, mas as diferenças se devem a otimizações no software e não a diferenças no módulo da câmera propriamente dita. Ao atualizar o E71 para o firmware 200.21.118, ou mais recente, a qualidade se equipara.

Diferente dos modelos com o S60 5ed., que utilizam telas maiores, o E55 mantém a tradicional tela QVGA, sem touchscreen.

Em termos de especificações, o E55 não oferece nenhuma vantagem real sobre o E71. O principal diferencial é mesmo o tamanho. Ele mede apenas 11.6 x 4.9 cm, com 9.9 mm de espessura, pesando 98 gramas. Apesar disso, ele mantém o uso da mesma bateria BP-4L de 1500 mAh que equipa o E71, o que significa uma boa autonomia em relação aos modelos da série N e da série Classic, que usam baterias menores. A Nokia anunciou que a bateria durará “até 28 dias em stand-by”, mas não prenda a respiração: a autonomia não será muito diferente da do E71.

O que acontece que é os aparelhos podem ficar muito tempo em stand-by se logados em uma rede GSM, mas ao utilizar o transmissor 3G, o GPS e outras funções, a autonomia cai rapidamente aos 2 a 3 dias a que estamos acostumados.

O E55 custará 265 Euros, o que o coloca em uma faixa de preço intermediária, entre o E63 e o E71. Se você está procurando um aparelho compacto e não faz questão de um teclado QWERTY, o E55 pode ser uma boa opção, já que deve custar na faixa dos 1000 reais (nos planos pré-pagos) quando chegar ao Brasil.

Veja também a segunda parte deste post, sobre os modelos das séries XpressMusic, Classic e da série N:

» Novos modelos da Nokia:
5730 e 5630 XpressMusic, 6710 Navigator e 6720 Classic, N86 e N97