Navegadores móveis: IE Mobile e Opera Mobile

Navegadores móveis: IE Mobile e Opera Mobile

O acesso móvel à web teve um começo humilde, na forma do WAP e dos microbrowsers baseados no padrão. O WAP era baseado na idéia de criar versões simplificadas das páginas web, adaptadas às telas de baixa resolução e ao pouco poder de processamento dos primeiros aparelhos. Em vez de páginas com vários links e textos longos, as páginas WAP deveriam ser muito mais simples, contendo apenas algumas informações específicas.

Em 1998, quando foi publicado o padrão original, a idéia parecia fazer sentido, já que além de todas as limitações dos aparelhos, as tecnologias de transmissão ainda engatinhavam, com predominância do CSD, que além de muito lento (9.6 kbits), ainda era tarifado por minuto, da mesma forma que uma chamada de voz. O grande problema é que além de todas as limitações técnicas, o conteúdo WAP precisava ser gerado manualmente, o que criou um problema do ovo e da galinha, onde quase ninguém produzia conteúdo WAP por que existiam poucos leitores e existiam poucos leitores por que não havia conteúdo. Essa combinação de fatores fazia com que usar o WAP fosse uma experiência limitada, cara e frustrante.

Com o GPRS, as coisas melhoraram, mas o uso do WAP continuou fraco. Em vez de adaptar as páginas para os aparelhos, os navegadores móveis evoluíram no sentido de otimizar a exibição das páginas para as dimensões reduzidas da página, simplificando o layout ou utilizando um sistema de navegação, onde a navegação é auxiliada pela exibição de uma miniatura da página.

O trabalho de um navegador móvel é bem mais complicado do que pode parecer à primeira vista, já que além das telas menores, teclados numéricos, ausência de mouse e outras limitações, os smartphones são muito mais limitados em processamento do que um desktop típico. Se você tiver a curiosidade de tentar navegar usando o Firefox ou outro navegador moderno em algum PC antigo, como um Pentium MMX ou um K6-2 com 32 MB de RAM, vai ver mesmo o simples fato de abrir o navegador e carregar alguma página simples é um desafio nesses máquinas e tentar abrir páginas pesadas, ou assistir vídeos no YouTube é uma tarefa quase impossível.

Em um smartphone, os recursos de hardware disponíveis não são muito diferentes do que em um PC da década passada. A maioria dos aparelhos atuais utilizam processadores ARM9 ou ARM11 de 300 a 400 MHz, com 32 ou 64 MB de memória RAM (não confundir com a memória Flash usada para armazenamento, que pode ser bem maior). Como se não bastasse, existe ainda o problema do consumo elétrico, que também deve ser levado em conta.

Enquanto um navegador para desktops, como o Firefox, pode facilmente consumir 200 ou 300 MB de memória RAM ao navegar com várias tabs abertas, os navegadores móveis precisam trabalhar dentro de limites muito mais baixos, de 12 MB, 8 MB, 5 MB ou mesmo apenas 1 MB de memória RAM. Com isso, os desenvolvedores são obrigados a otimizar o código e a adotar soluções criativas para melhorar o desempenho, ao mesmo tempo em que precisam se preocupar em adicionar suporte a CSS, javascript, flash e todas as outras tecnologias usadas atualmente, o que leva às enormes diferenças de desempenho e recursos entre os navegadores disponíveis.

Internet Explorer Mobile: Diferente do que temos nos desktops, onde apesar do avanço do Firefox e do Chrome o IE permanece como o navegador mais usado, nos smartphones o cenário é um pouco diferente.

Assim como nos desktops, o Internet Explorer Mobile vem pré-instalado em todos os aparelhos baseados no Windows Mobile o que faz com que uma grande parte dos usuários da plataforma o utilizem. O problema é que, diferente dos desktops, o Windows Mobile é usado em apenas uma pequena parte dos aparelhos, o que faz com que a participação do Explorer seja igualmente pequena.

Mesmo entre os usuários mais inveterados da plataforma, o IE Mobile está longe de ser uma unanimidade. As principais queixas são que o navegador é lento, pesado e não faz um bom trabalho em otimizar o layout das páginas para as telas dos aparelhos. Poucas páginas são renderizadas corretamente e muitas ficam simplesmente inavegáveis, fazendo com que ele acaba sendo útil apenas para visualizar páginas simples, ou como uma segunda opção de navegador.

Apesar do nome, o IE Mobile conserva poucas diferenças com o IE para desktops, utilizando uma engine de renderização e uma base de código própria, diferente de outros navegadores móveis, como o Safari e o Nokia Browser, que são baseados no WebKit, a mesma engine de renderização utilizada no Chrome e no Apple Safari.

A idéia surgiu em 1996, quando a Microsoft decidiu desenvolver um navegador móvel a partir do zero, para uso no Windows CE 1.0, com o objetivo de criar um navegador mais adequado ao uso em dispositivos móveis. A intenção era boa, o grande problema é que o Windows Mobile foi sempre um projeto menor (e pouco lucrativo) dentro da Microsoft, e o IE Mobile é apenas um entre muitos componentes do sistema, resultando em um pequeno volume de investimento, insuficiente para manter o navegador competitivo frente aos concorrentes. Com isso, mesmo os usuários mais fiéis do Windows Mobile acabam preferindo usar o Opera Mobile ou o Opera Mini.

Opera Mobile: O Opera Mobile é, possivelmente, o navegador móvel mais bem desenvolvido, o que não aconteceu por acaso, já que a Opera vem investindo a muito tempo no desenvolvimento do navegador. Um sintoma disso é a disponibilidade de versões para quase todas as principais plataformas, incluindo até mesmo uma versão que roda no Nintendo DS (que é capaz de navegar usando a rede Wi-Fi). Isso faz com que o Opera Mobile seja também um dos navegadores móveis mais usados, já que acumula usuários em diversos sistemas.

Se comparado ao IE Mobile, o Opera Mobile ganha em praticamente todos os aspectos. O desempenho é melhor, o consumo de memória é mais baixo e a renderização das páginas é muito menos propensa a falhas. Ele também foi o primeiro navegador móvel a oferecer suporte a tabs, muito embora a utilidade em telas QVGA seja contestável.

A principal desvantagem do Opera Mobile é que ele é um aplicativo comercial, que custa US$ 24. Para quem está acostumado com os desktops, onde os navegadores são gratuitos e os usuários são literalmente disputados a tapa, a idéia de pagar por um navegador pode soar estranha, mas o fato do Opera Mobile ser popular, mesmo sendo um aplicativo pago, mostra como a diferença em recursos acaba sendo decisiva. Você pode baixar o trial de 30 dias no:
http://www.opera.com/products/mobile/

A partir da versão 9.5, o Opera Mobile passou a utilizar o Presto, a mesma engine de renderização utilizado no Opera para desktops. Isso resultou em ganhos em termos de compatibilidade e recursos. Com a mudança, o Opera Mobile e o Opera para desktops passaram a utilizar uma base unificada, passando a ser apenas versões diferentes do mesmo navegador, otimizadas para dispositivos específicos.

Um sintoma disso é que a Opera passou a utilizar os mesmos números de versão para os dois navegadores, o que explica por que o Opera Mobile pulou do 8.65 para o 9.5. A versão 9.5 ainda está em estágio beta e por enquanto apenas para o Windows Mobile. O motivo é simples: a principal base de usuários do Opera são justamente os usuários do Windows Mobile (já que no Symbian é mais comum o uso do Nokia Browser e do Opera Mini), por isso a Opera decidiu dar prioridade a eles, deixando a versão para o Symbian para um segundo momento. Como toda versão beta, ela possui diversos problemas, mas tem a vantagem de estar disponível gratuitamente no: http://www.opera.com/products/mobile/download/.

Entre as melhorias no 9.5 estão o melhor suporte a streaming de vídeo (ainda não disponível na versão beta), melhor renderização das páginas e o suporte ao full screen preview, que permite ver uma versão reduzida da página, renderizada da mesma forma que seria em um desktop, um recurso que antes estava disponível apenas no Opera Mini. Em um smartphone com touchscreen, a interface é bastante intuitiva, permitindo que você role a página usando o dedo e amplie a parte a ser lida com dois toques sobre a tela:

A interface também melhorou sensivelmente, com os inúmeros menus do 8.65 substituídos por um sistema muito mais intuitivo, baseado em botões (escondidos automaticamente durante a navegação, de forma a não reduzir o espaço útil da tela) e o uso de opções default utilizáveis em mais situações:

Embora raro, devido à necessidade do fabricante fazer um acordo de licenciamento e pagar pelo uso, o Opera Mobile pode ser encontrado também pré-instalado em alguns aparelhos. Um bom exemplo é a Sony Ericsson, que adotou o Opera Mobile 8.65 como navegador padrão em diversas linhas de aparelhos baseados no UIQ 3.

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