Chips de desbloqueio e clonagem de chips SIM

Por: Julio Cesar Bessa Monqueiro

Os adaptadores dual-SIM permitem usar dois chips no mesmo aparelho, chaveando entre as duas linhas conforme desejado. Eles nem sempre funcionam tão bem quanto seria ideal e existem problemas de compatibilidade com vários aparelhos, mas isso não impede que sejam motivo de curiosidade.

Outra classe similar de produtos são os chips de desbloqueio (SIM-unlock), que permitem usar chips de outras operadoras em aparelhos bloqueados. Assim como no caso dos dual-sim, o “chip” é composto por um cabo flexível, contendo os contatos e um pequeno chip, que faz a modificação dos sinais, removendo a identificação da operadora e fazendo assim com que o aparelho aceite o chip.

Eles são uma solução para os casos em que a operadora se recusa a fornecer o código de desbloqueio (uma situação que é atualmente bem menos comum do que a pouco tempo atrás, já que agora as operadoras são obrigadas por uma determinação da Anatel a fazer o desbloqueio quando solicitado), ou você não tem tempo para ficar indo atrás disso:

Eles funcionam na maioria dos aparelhos (embora não em todos) e a instalação é simples, basta colocar o desbloqueador entre o chip e os contatos do telefone. A maior dificuldade é que o pequeno chip no adaptador gera volume, de forma que, na maioria dos aparelhos, você acaba precisando cortar um pedaço da parte plástica do chip SIM para conseguir encaixá-lo:

Estes chips de desbloqueio custam em torno de US$ 7 em lojas como a dealextreme.com (pesquise por “SIM unlock”) e podem ser encontrados também em algumas lojas do Brasil, naturalmente a preços mais altos. O grande atrativo é que eles permitem desbloquear os aparelhos sem qualquer trabalho adicional e sem alterações na configuração. A desvantagem é que cada chip funciona apenas em alguns modelos específicos, por isso é importante checar a lista de compatibilidade antes de comprar.

Em seguida, temos os kits de clonagem. Embora o sistema GSM ofereça uma segurança muito boa contra clonagem de linhas através da captura dos sinais transmitidos através da rede (diferente dos sistemas analógicos antigos, onde as informações podiam ser facilmente capturadas e usada para clonar a linha), existem adaptadores USB capazes de clonar chips SIM, que funcionam usando um sistema de força bruta para descobrir o código Ki (um código de 128 bits que é usado como chave de autenticação) e os demais códigos armazenados no chip, processo chamado de SIM cloning.

Eles são produtos bem diferentes dos leitores de cartões SIM USB destinados a salvar e restaurar o conteúdo da lista de telefones. Os dispositivos de clonagem são destinados a descobrir os códigos de autenticação do chip e gravá-los em um chip virgem (que normalmente acompanha o kit), criando uma cópia do chip original que pode ser usada para conectar na rede e fazer ligações.

A principal vantagem destes kits é a possibilidade de criar cartões SIM múltiplos, que incluem os códigos de autenticação de dois ou mais chips e permitem alternar entre as linhas, de forma similar a um chip dual-SIM, porém sem a necessidade de recortar os chips nem fazer malabarismos para acomodar o adaptador dentro do compartimento da bateria.

Naturalmente, a clonagem de chips é uma prática combatida pelos fabricantes e pelas operadoras, já que pode ser usada para fins ilegais. Apesar disso, o uso é muito comum na China e em outros países da ásia, e em menor grau também em outros países.

O processo de clonagem consiste em simplesmente encaixar o SIM no adaptador USB e usar um software (geralmente apenas para Windows) para copiar o conteúdo do chip, usando um ataque de força-bruta para descobrir o código Ki.

Chips antigos (popularmente chamados de SIM v1) usam um algoritmo fraco de autenticação, o que permite que os chips sejam clonados rapidamente, mas os chips atuais (SIM v2) utilizam um algoritmo mais elaborado, o que faz com que o processo demore até 32 horas. Como o ataque consiste em um brutal volume de operações de leitura é relativamente comum que o chip SIM seja inutilizado no processo (já que, como qualquer chip, ele possui vida útil), deixando você sem o clone e sem o chip original. Ou seja, a menos que você tenha algum motivo muito forte para clonar o chip, não vale muito à pena perder tempo.

Os chips UMTS (3G) utilizam uma versão bastante aperfeiçoada do algoritmo de autenticação (SIM v3), que é ainda mais difícil de quebrar que o usado nos chips 2G. Enquanto escrevo (2008) ainda não existem kits capazes de clonar chips 3G, muito embora muitos vendedores façam falsas promessas.

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