O básico da linha de comando

Ter fluência no uso da linha de comando é um pré-requisito para qualquer bom administrador. Usar o prompt é, de certa forma, muito parecido com aparecer uma segunda língua, onde os comandos equivalem às palavras e a sintaxe e os argumentos usados
equivalem à gramática. A única forma de adquirir um bom vocabulário e, principalmente, de entender a gramática é estudando, mas por outro lado, a única forma de adquirir fluência é realmente falando, o que na nossa analogia equivale a acumular “horas de
vôo” no uso do terminal. No começo é normal que você fique “catando milho” e precise pesquisar e olhar as páginas de manual para se lembrar mesmo dos comandos mais simples, mas com o tempo usar o terminal acaba sendo uma coisa tão natural quanto falar ou
escrever. O importante é não desanimar.

cd : Possivelmente o comando mais básico do prompt, permite navegar entre diretórios, como em “cd /etc”. Você pode tanto indicar o caminho completo até o diretório desejado, como em “cd /var/log/apache2”, ou usar caminhos relativos,
indicando o destino a partir do diretório atual. Se você está dentro da pasta “/etc” e quer acessar a pasta “/etc/bind”, precisa digitar apenas “cd bind”. Para subir um diretório, use “cd ..” e, para subir dois nível, use “cd ../..”.

pwd : Serve apenas para confirmar o diretório atual. É usado sem parâmetros, simplesmente “pwd”.

ls : Lista os arquivos dentro do diretório atual. Por padrão, ele mostra apenas os nomes dos arquivos e não mostra os arquivos ocultos. Para ver tudo, incluindo os arquivos ocultos, use “ls -a”, para ver também as permissões de acesso
e o tamanho dos arquivos, use o “ls -la”. Para ver os tamanho dos arquivos especificados de forma legível (“329M” em vez de “344769698”) adicione o parâmetro “h”, como em “ls -lha”. Você pode ver também os arquivos de qualquer diretório, sem ter que
primeiro precisar usar o “cd” para acessá-lo. Para isso, basta indicar o diretório, como “ls -lha /etc”.

Em muitas distribuições, como no CentOS, o “ls” mostra uma listagem colorida, que torna fácil identificar os arquivos (pastas aparecem em azul, arquivos compactados em vermelho) e assim por diante, o que torna mais fácil identificar os arquivos. Para
ativar esse recurso em outras distribuições, adicione a linha:

alias ls="ls --color=auto"

No final do arquivo “/etc/profile”. Outra personalização muito usada é fazer com que os comandos “rm”, “cp” e “mv” peçam confirmação, o que reduz a possibilidade de causar danos catastróficos ao digitar comandos incorretos. Para isso, adicione as três
linhas abaixo no final do arquivo “/etc/profile”:

alias rm="rm -i"
alias mv="mv -i"
alias cp="cp -i"

cp : O cp é um comando aparentemente simples, mas que esconde vários segredos. A sintaxe básica para copiar arquivos é usar o comando cp, seguido do nome do arquivo e a pasta para onde ele vai, como em “cp /etc/fstab /tmp”. Entretanto,
em sua forma básica o cp serve apenas para copiar arquivos isolados; para copiar pastas, é necessário que você adicione a opção “-r” (que ativa a cópia recursiva), como em “cp -r /home/gdh/* /backup/”

Um parâmetro bastante útil é o “-a”, que faz com que o cp sempre copie recursivamente, mantenha as permissões do arquivo original e preserve os links simbólicos que encontrar pelo caminho. Em resumo, faz o cp se comportar de uma forma mais simples e
lógica.

Você pode ainda usar o “*” e a “?” como curingas quando quiser copiar vários arquivos. Para copiar todos os arquivos da pasta atual para a pasta “/mnt/hda6”, por exemplo, use “cp * /mnt/hda6”. A “?” por sua vez é mais contida, substituindo um único
caractere. Por exemplo, “cp arquivo?.txt /mnt/hda6”, copia o “arquivo1.txt”, “arquivo2.txt” e o “arquivo3.txt”, mas não o “arquivo21.txt”.

mv: O mv serve tanto para mover arquivos de um lugar para o outro, quanto para renomear arquivos, como em “cd /etc/squid; mv squid.conf squid.conf.modelo”.

rm: Por padrão, o rm deleta apenas arquivos simples, como em “rm arquivo.txt”. Para que ele remova pastas, é necessário adicionar parâmetro “-r”, como em “rm arquivos/”. Em muitas distribuições, o padrão do rm é pedir confirmação antes
de remover cada arquivo, o que se torna inviável ao remover um diretório com diversos arquivos. A confirmação é eliminada ao adicionar o parâmetro “-f”, o que nos leva ao “rm -rf” (que é o formato mais comumente usado). Tome cuidado ao usar o “-rf”, pois
ele não pede confirmação, deleta os arquivos diretamente.

Você pode muito bem pensar em digitar “rm -rf ./*” (para apagar todos os arquivos do diretório atual) e, na pressa, acabar digitando “rm -rf /*”, que apaga todos os arquivos do sistema, incluindo arquivos em todas as partições e em todos os
compartilhamentos de rede que estiverem montados (!). Ou seja, ao usá-lo, respire fundo e verifique se realmente está deletando a pasta certa antes de pressionar Enter.

É possível também usar caracteres curingas na hora de remover arquivos. Para remover todos que possuírem a extensão “.jpg”, use “rm -f *.jpg”. Para remover todos os arquivos que começarem com “img”, use “rm -f img*”. Lembre-se de que você pode usar
também o “?” quando quiser usar o curinga para apenas um caractere específico. Se você quiser remover os arquivos “doc1.txt”, “doc2.txt” e “doc3.txt”, mas sem remover o “doc10.txt” e o “doc11.txt”, você poderia usar o comando “rm -f doc?.txt”.

mkdir : Cria diretórios, como em “mkdir trabalhos” ou “mkdir /mnt/backup”. Para criar pastas recursivamente (ou seja, criar todas as pastas necessárias até chegar a que você pediu, caso necessário), adicione o parâmetro “-p”, como em
“mkdir -p /var/log/apache2”.

rmdir : Remove diretórios. A diferença entre ele e o “rm -f” é que o rmdir remove apenas diretórios vazios, evitando acidentes.

Alguns atalhos:

Ctrl+L : Limpa a tela, atalho para o comando “clear”. Ao usar bastante o terminal, você acaba se acostumando a usá-lo bastante.

Ctrl+C : Este é um dos atalhos mais usados no terminal, ele serve para terminar a execução de qualquer comando. Se você digitou um “tar -zcvf arquivos.tar.gz /mnt/arquivos” e quer abortar o backup para fazê-lo em outra hora, ou se
algum programa bloqueou o teclado e você quer finalizá-lo na marra, o Ctrl+C é a solução.

CTRL+D : Atalho para o comando logout, que encerra a sessão atual. Se você usou o comando “su -” para virar root, o Ctrl+D vai fazê-lo voltar ao prompt inicial. Pressionando Ctrl+D mais uma vez, você faz logout, fechando o
terminal.

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