Xubuntu 9.04 x Debian 5.0.1 Xfce

Xubuntu 9.04 x Debian 5.0.1 Xfce

Xubuntu 9.04 vs Debian 5.0.1 Xfce
Autor original: Chris Smart
Publicado originalmente no:
distrowatch.com
Tradução: Roberto Bechtlufft

Com o lançamento do Ubuntu, vamos dar uma olhada nele. Ao invés de fazer uma análise sem grandes novidades, neste artigo decidi comparar o novo Xubuntu 9.04 ao Debian Lenny com desktop Xfce. O Xfce é um ambiente de desktop que, assim como o GNOME, se baseia nas bibliotecas gráficas GTK+. Só que ao contrário do GNOME, o foco dele está na leveza. Diz seu criador, Olivier Fourdan: “O Xfce é um ambiente de desktop leve para vários sistemas *NIX. Feito com foco na produtividade, ele carrega e roda aplicativos com rapidez e ao mesmo tempo economiza recursos do sistema.” O Xubuntu é baseado no Ubuntu, mas no lugar do desktop GNOME ele traz o Xfce. Ele também oferece a maior parte das funcionalidades que o Ubuntu oferece. Já o Debian , por outro lado, baseia-se em si mesmo e oferece um monte de opções para o desktop, uma das quais é o Xfce. Que tal compararmos os dois?

Eu já brinquei com a maioria das versões do Xubuntu, mas não as achei tão leves quanto eu esperava. O Xubuntu costuma incluir boa parte dos aplicativos e serviços do GNOME para oferecer mais funcionalidades, mas isso consome recursos do sistema. Eu pus minhas mãos em um velho desktop Dell Dimension 4500, com processador Intel de 2 GHz e 384 MB de RAM. Não é a máquina mais poderosa do mundo, mas me pareceu adequada para a minha tarefa.

Xubuntu

Primeiro o Xubuntu. Baixei o CD de instalação alternativa do Xubuntu para a arquitetura i386 e concluí a instalação usando o ext3 como sistema de arquivos padrão. Algum tempo depois o desktop Xubuntu completinho estava instalado e pronto para sua primeira inicialização. O visual do sistema é muito bom. Eu sei que as pessoas odeiam quando as análises discutem o visual, mas o visual é bom mesmo. Da tela de splash ao desktop, que se apresenta bem arrumado e usa ícones adoráveis, o desktop tem classe.

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Desktop Xfce do Xubuntu

O uso do sistema não tem mistérios, já que o layout é relativamente parecido com o do ambiente GNOME do Ubuntu. Infelizmente eu tive alguns probleminhas irritantes. Primeiro, eu tive problemas com o gerenciador de pacotes. Por algum motivo ele dava erro, falando de um problema no banco de dados de pacotes e querendo que eu desse um apt-get -f install. Fiz isso várias vezes e nada. Reinstalei o sistema e o erro sumiu. Mas nem reiniciar o computador resolveu o problema do HAL, que caía sempre que eu mandava o Xfce reiniciar. Só acontecia quando eu estava logado no /dev/tty1, mas era um problema que ocorria de maneira consistente. O sistema me desconectava, mas acusava um erro, dizendo que não era possível desligar o sistema. Outro problema: o computador travava. O kernel acusava um erro de travamento da CPU e falta de resposta por 30 segundos. Mas depois de outra instalação, o problema sumiu. O som também não funcionou logo de cara, embora a placa tenha sido detectada corretamente. O problema era de fácil solução: o mixer não mostrava os controles por padrão, e eu tive que acrescentá-los manualmente. O som funcionou depois que selecionei Master, PCM e Front, desativei o mute e aumentei o volume.

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Erro do gerenciador de pacotes do Xubuntu

O Xubuntu não reproduziu nenhum arquivo que necessitasse de codecs proprietários. De qualquer maneira, ele se ofereceu para procurar pelos codecs e baixá-los usando o gerenciador de pacotes. Quando você tenta reproduzir um arquivo, a ferramenta surge e recomenda a instalação de um pacote, e aí é simples: basta selecionar o pacote e aceitar a instalação. Eu percebi que às vezes esse processo era dividido em dois: primeiro resolvia o áudio e depois, quando não conseguia resolver o vídeo, mostrava a janela novamente para procurar pelo codec de vídeo. De modo geral, é tudo bem simples e funciona bem. Os arquivos que testei eram arquivos de áudio MP3 e WMA e alguns arquivos de vídeo Flash, H.264/MPEG-4 AAC, WMV e DivX. Quando chegou a hora de reproduzir Flash no navegador eu fui redirecionado para o site da Adobe, onde tive que selecionar e baixar o plugin do Flash. Escolhi o do Ubuntu e mandei o sistema abri-lo com o gdebi, o instalador gráfico de pacotes DEB. Ele baixou uma dependência e instalou tudo sem problemas. Depois de reiniciar o Firefox, os vídeos em Flash online passaram a rodar.

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Gerenciador de codecs do Xubuntu

Depois de um tempo usando o Xubuntu, navegando na internet e instalando uns poucos pacotes, ele ficou muito lento e passou a responder mal. Demorava um bocado para abrir aplicativos pequenos com o Terminal e o Mousepad, e o desenho das janelas ficou lento. Estava na cara que a RAM já tinha acabado e que eu estava começando a usar o swap. Como eu não estava fazendo muita coisa, isso me desapontou muito.

Debian Lenny com Xfce

No caso do Debian, baixei a imagem de CD do Debian 5.0.1 Xfce+LXDE para arquiteturas i386. Fiz a instalação, que foi parecida com a do Xubuntu, e mais uma vez escolhi o ext3 como sistema de arquivos padrão. Naturalmente eu preferi instalar o Xfce para que a comparação fosse razoável. Não demorou muito para eu iniciar meu ambiente Debian. Devo ser justo e dizer que o ambiente do Debian não é tão bonito quanto o do Xubuntu. Sim, eu sei, vocês leitores vão concordar comigo quando digo que os usuários ficam com o tema padrão por menos de cinco segundos e depois trocam, mas nem todo mundo faz isso e a primeira impressão conta muito. Francamente, eu ficaria com o desktop padrão do Xubuntu, mas o do Debian é horrendo, se formos comparar os dois. Sim, eu sei que ele traz os ícones e o layout originais do Xfce, mas não agrada. Se o Debian quiser competir com o Xubuntu nesse sentido, vai ter que melhorar. Qual é o problema de incluir um pacote xfce4-desktop-default-settings que as pessoas possam instalar para deixá-lo mais bonito?

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Desktop Xfce do Debian 5.0.1

O ‘problema’ que eu tive com o Debian foi que ele não instalou o serviço HAL por padrão. Ou seja, as mídias removíveis não eram montadas automaticamente. Bastou instalar o pacote hal para resolver o problema. Presumo que ele não tenha sido incluído por consumir recursos extras. Na parte de codecs, o Debian foi uma grande surpresa. O Lenny rodou todos os arquivos que testei de tacada! Ele também reproduziu vídeos do YouTube no Iceweasel usando o plugin de código aberto Swfdec, e o Xfmedia reproduziu o arquivo Flash no desktop. O som também funcionou de primeira. O sistema em si respondeu bem melhor que o Xubuntu e mesmo navegando na internet, editando imagens no GIMP e executando comandos no terminal, tudo ao mesmo tempo, nunca me faltou memória. Mesmo com duas instâncias do Iceweasel abertas, o Terminal, o Mousepad, o GIMP, o Xfmedia, o Thunar, o Xsane, o Orage e o gerenciador de configurações, o sistema só estava usando 146,72 MB de RAM!

Comparações

Vamos comparar os dois instaladores? Testei os dois sistemas cronometrando o tempo que levavam para concluir o processo de inicialização, e medi a quantidade de RAM usada em cada etapa. Isso incluiu a inicialização no modo single, a inicialização do gerenciador de login do desktop (GDM), a abertura do Xfce e e do Firefox/Iceweasel. Também mapeei os processos de inicialização com o Bootchart tanto na instalação do Xubuntu quanto na do Debian (baixe os resultados aqui e aqui, respectivamente).

Estes foram os resultados dos meus testes.

Tempo
Distribuição
Modo single
GDM
Desktop
Firefox
Total
Xubuntu 9.04
18,60 s
11,45 s
25,48 s
12,09 s
67,62 s
Debian 5.0
17,82 s
14,62 s
10,46 s
5,41 s
48,31 s
Uso de memória
Distribuição
Modo single
GDM
Desktop
Firefox
Total
Xubuntu 9.04
13,03 MB
39,41 MB
63,34 MB
24,82 MB
140,60 MB
Debian 5.0
11,58 MB
26,96 MB
6,8 MB
19,61 MB
64,95 MB

Conclusão

Certamente, o Debian está longe de estar morto. O sistema de um modo geral parece bem mais estável que o Xubuntu 9.04 que eu instalei, mas o sistema do Xubuntu oferece mais funcionalidades para os novos usuários, como a capacidade de instalar facilmente drivers proprietários. O Debian também foi mais rápido e leve que o Xubuntu, e como resultado ele rodou bem melhor no meu hardware antigo. Comparado ao Debian, o XFCE é lento demais e chega a ser frustrante. Já o Debian se manteve leve e respondendo bem. Em termos de codecs, o Debian tocou tudo sem configurações adicionais, enquanto o Xubuntu recorreu ao gerenciador de pacotes para instalar os codecs necessários. Nesse sentido, o Debian é superior ao Xubuntu. O que o Debian não tem é a ferramenta de instalação automatizada de drivers proprietários. Está tudo lá em nível de comandos, o Debian só fica devendo a interface de usuário. Um dos motivos que levam o Xubuntu a demorar mais para carregar e que o fazem usar mais RAM é o fato de incluir utilitários extras, como o gerenciador de drivers proprietários. Outra coisa que se deve ter em mente é que o Xubuntu 9.04 vem com um kernel bem mais novo que inclui várias melhorias em termos de velocidade de inicialização, ao contrário do Debian.

Embora alguns digam que o Debian está obsoleto e que o Ubuntu é o rei, eu discordo totalmente. O Debian oferece um ambiente sólido e estável no qual você pode confiar. O Ubuntu, por outro lado, parece dar mais prioridade ao cronograma de lançamentos do que à estabilidade, e o resultado são versões que parecem ter sido meio apressadas. Não há nada que o Ubuntu possa fazer que o Debian também não possa, a questão é a simplicidade da tarefa. É óbvio que o Debian leva muito tempo para lançar versões estáveis atualizadas, mas elas são, de fato, estáveis. Se você está procurando por algo mais atualizado, experimente o Debian testing. Além de muito estável, ele ainda traz o benefício de ser um “rolling release”, ou seja, de poder ser atualizado indefinidamente sem necessitar de uma reinstalação. Não dá para evitar o pensamento de que enquanto o Ubuntu grita suas realizações do alto do telhado, o Debian vai silenciosamente fazendo as coisas funcionarem lá no fundo. Por favor, Debian, não vá embora!

Créditos a Chris Smart http://distrowatch.com
Tradução por
Roberto Bechtlufft <robertobech at gmail.com>

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