Seja bem sincero a “morte do 3D” no mercado de televisores lhe casa algum depressivo? Em mim, nenhum. Dentre as apostas desse mercado nos últimos 10 anos o 3D sem dúvida foi um dos mais ousados e ao mesmo tempo o mais inútil.
Pode até ser interessante por algum tempo assistir, por exemplo, um filme em Blu-Ray 3D, porém ao decorrer do tempo a experiência para o usuário não é das mais cômodas, já que depende diretamente de um acessório extra: óculos.
Por mais que esse motivo seja algo bem pequeno para crucificar a tecnologia nos aparelhos para o consumidor final, a verdade é que o 3D nos televisores não emplacou. Os fabricantes perceberam que investir em tecnologias de incremento de resolução e qualidade dos pixels vale muito mais a pena do que tentar emplacar uma forma completamente nova de assistir TV.
No cinema o 3D ainda está presente, por ser justamente uma curta experiência, você vai lá assiste um filme e pronto, talvez em um próximo lançamento do seu interesse você esteja disposto a repetir a dose. Agora uma TV 3D na sua sala de estar rola aquela sensação de que ela tem que ser mais bem explorada, que você tem que arrumar um jeito de usar o tal 3D, senão a sensação é de que a compra não valeu a pena.
Essa mesma sensação hoje em dia acaba passando pelo 4K, por exemplo. Muitas pessoas possuem uma TV 4K mas ainda não estão realmente assistido uma grande gama de conteúdo nessa resolução (eu sou uma delas), o que pode ser frustrante, porém há a garantia que a indústria está cada vez mais investindo em conteúdo, no caso do 3D o processo é inverso, há cada vez menos conteúdo disponível, e é claro, menos TVs no mercado com suporte a tal tecnologia.
Dados da NPD Group mostram que em 2012 as TVs 3D representavam 23% das vendas, em 2015 esse percentual caiu para 16% e em 2016 marcou míseros 8%. Os leitores Blu-Ray capazes de reproduzir discos 3D caíram de 40% em 2012, para 25% em 2015 e 11% em 2016.
Além da falta de interesse dos consumidores, essa queda nas vendas das TVs 3D, acontece também pelo próprio desinteresse do fabricante, que percebe que a demanda é menor, então não há motivos de continuar investindo em novos modelos, que aliado a outras tecnologias atuais, como o HDR, deixariam o preço final da TV ainda mais elevado.
A carreata de fabricantes abandonando o 3D vem desde 2013, com a Vizio, seguido pela Samsung e Philips em 2016, LG e Sony em 2017. E há muitas outras ao decorrer dos anos, essas são apenas alguns exemplos.
A CES (Consumer Electronic Show) é um evento muito importante, e que é parâmetro para verificar como uma tecnologia de anos atrás está avaliada no momento, e na CES 2017, o 3D foi tratado como uma lembrança de anos anteriores. O foco das maiores fabricantes de TVs é investir cada vez mais no 4K, como resolução padrão para os próximos anos, o HDR, e claro as tecnologias de painéis, que tornam a reprodução das imagens ainda mais fiéis.
Nisso o mercado está totalmente engajado, o que não falta são opções para o consumidor: LCD LED e suas tecnologias agregadas, Pontos Quânticos, QDots e o Nano Cell. Além é claro do OLED, que é uma outra categoria de painel, e que hoje em dia é visto como o topo do topo das TVs.
Em entrevista ao CNET, que também aponta o 3D como uma tecnologia morta no mercado de televisores, Tim Alessi, diretor de desenvolvimento de novos produtos da LG, a função 3D nunca foi universalmente aceita de verdade na indústria para o uso doméstico, que o 3D não é um fator chave na hora de comprar uma TV.
Alessi também diz que a LG decidiu abandonar o 3D em 2017 para se concentrar os esforços em outras capacidades, como o HDR, que tem muito mais apelo universal.
Esse apelo universal passa sem dúvida pela infinidade de conteúdo que será produzido para HDR. Com o padrão HLG até transmissões de TV poderão ser feitas com HDR, então o campo para ser explorado é gigante. E fora que além do HDR10, padrão aberto da tecnologia, há o Dolby Vision, que é uma tecnologia proprietária, e que entrega uma performance superior, podendo cativar os fãs do mundo áudio/vídeo mais rigorosos.
Um representante da Sony disse que com base nas tendências atuais de mercado decidiram não apostar no 3D nas TVs para 2017. A principal aposta da Sony na verdade é no OLED, com a Bravia XBR-A1E, que foi apresenta na CES 2017. Além do painel o que chama atenção nesse modelo é a tecnologia “Acoustic Surface”(acústica de superfície), o som é emitido através da vibração do próprio painel.
Na visão de Danny Tack, diretor de estratégia da Philips, o 3D está realmente morto, e que não há conteúdo 3D e que ninguém quer 3D, e que essa tecnologia torna a criação da TV mais complexa.
No cinema essa mudança de visão dos fabricantes de televisores em relação ao 3D não deverá causar impacto, o que deve acontecer é que menos títulos em Blu-Ray 3D serão lançados, já que o número de novas TVs com essa tecnologia é menor.
Pode ser que o 3D não esteja morto, pode ser que ele esteja apenas respirando por aparelhos, e se recupere daqui alguns anos, porém isso é muito incerto, o 3D como conhecemos hoje realmente está chegando ao seu final no mercado de televisores, até algumas pequenas apostas de modelos de TV 3D sem óculos acabaram não vingando, então é realmente difícil tentar apostar que o 3D se recupere nos próximos anos.
Porém as apostas continuam, no ano passado Kyle Orland, do Ars Technica, teve a oportunidade de testar os painéis Ultra-D da StreamTV Networks, e na visão de Orland essa tecnologia 3D sem óculos fez com que ele acreditasse novamente no mercado de TVs 3D.
Gostaria muito de saber a sua opinião sobre esse assunto. O que você acha das TVs 3D? É realmente uma tecnologia que não causa o mesmo interesse em relação a outros elementos da TV? Deixe seu comentário abaixo.
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