First Look: VectorLinux 6.0 beta 2
Autor original: Caitlyn Martin
Publicado originalmente no: distrowatch.com
Tradução: Roberto Bechtlufft
Para meu último artigo no DistroWatch Weekly (ao menos por enquanto), Ladislav sugeriu que eu analisasse o VectorLinux, já que o Vector foi minha distro principal por muitos anos. É bom deixar claro que eu faço trabalho voluntário no VectorLinux, incluindo empacotamento, manutenção de repositórios e testes. Mas quem leu minhas análises do VectorLinux 5.9 SOHO e do VectorLinux 5.9 Standard para a O’Reilly sabe que eu não me esquivo de apontar os problemas da distro.
O VectorLinux é um derivado do Slackware que já completou dez anos de idade. A versão 6 é baseada livremente no Slackware 12.1. Eu digo livremente porque a maioria dos pacotes foram atualizados ou recompilados. Os desenvolvedores do VectorLinux parecem ter em mente dois objetivos: criar uma distro bastante amigável e otimizá-la visando a velocidade e o desempenho sempre que possível, sem perder a estabilidade do Slackware. As versões anteriores foram muito bem sucedidas no que se refere ao desempenho, mas os esforços para tornar o VectorLinux amigável para novatos tiveram resultados medianos. Foi nesse quesito que os desenvolvedores mais aperfeiçoaram o 6.0.
Para esta análise rápida eu usei a segunda versão beta da edição de 32 bits. Para o lançamento oficial, que deve ocorrer na semana que vem, só falta uma correção no instalador. Também há uma edição de 64 bits, mas o primeiro alpha público saiu na semana passada. Também existe o VectorLinux Light, feito para hardware mais antigo e limitado, que está na versão alpha 14.
Instalação e configuração
Se você vem acompanhando as notícias sobre a versão de desenvolvimento do VectorLinux 6 no DistroWatch, já sabe que os desenvolvedores estão propagandeando o novo instalador gráfico que foi escrito do zero. As versões anteriores tinham um instalador em modo texto feito em ncurses, que continua disponível para os que preferirem utilizá-lo. Desta vez, não há live-CD disponível.
Tela de abertura do instalador do VectorLinux 6.0 beta
A tela de abertura do instalador permite escolher o idioma do processo de instalação. No momento, é possível escolher entre inglês e espanhol. Há uma tradução para o português em andamento, mas ainda não está claro se ela estará pronta para o lançamento do VL 6. O painel esquerdo do instalador exibe todas as etapas da instalação de maneira clara e concisa. O GParted cuida do particionamento do disco. ReiserFS, XFS, ext3 e ext2 são suportados. O VectorLinux usa o LILO como gerenciador de inicialização e oferece a opção de passar parâmetros personalizados ao kernel.
A detecção de hardware no VectorLinux está no mesmo nível das grandes distribuições. O instalador detectou corretamente minhas duas placas de rede, sendo que uma é sem fio. A única área que ainda não funciona como deveria para mim é a configuração do X. No meu laptop Toshiba, se eu deixar o vxconf checar minha placa de vídeo e o monitor, fico com uma tela pequena no meio da tela, cercada por um baita espaço preto. Escolhendo o arquivo xorg.conf-fbdev padrão o vídeo do laptop funciona normalmente. O instalador não cuida da impressão; é preciso configurá-la após a primeira inicialização do sistema. O instalador permite que o usuário inclua ou exclua grandes blocos de software, como pacotes de desenvolvimento, fontes do kernel e até o X, mas não permite a seleção individual de pacotes dentro desses grupos. São oferecidos vários pacotes opcionais que podem ser selecionados individualmente.
O novo instalador é mais intuitivo que o anterior, que era em modo texto, mas ainda oferece bastante flexibilidade. Ele exige que o usuário saiba mais sobre o sistema do que o instalador do Ubuntu, por exemplo, e algumas partes podem ser um pouco intimidantes para novatos no Linux.
Usando o VectorLinux 6.0 beta 2
Uma mudança importante pode ser notada assim que a instalação é encerrada. O gerenciador de login agora é o GDM, e não o KDM. O GDM permite escolher o idioma e a localidade com base em sessões ou seguindo o padrão de um usuário do sistema. As versões anteriores do VL não permitiam isso, e os usuários tinham que editar arquivos de configuração e definir pelo menos quatro variáveis. Agora o VectorLinux pode falar sua língua com mais facilidade. Só sobrou um problema: apenas uma seleção limitada das fontes que costumam acompanhar o X.Org é instalada por padrão. Se o seu idioma usar outros caracteres além dos latinos, será preciso instalar pacotes de fontes antes de alterar a configuração.
O desktop padrão do VectorLinux 6.0 beta
O VectorLinux Standard 6.0 usa o Xfce 4.4.3 por padrão, desde que ele não seja desmarcado durante a instalação. Outro ambiente desktop oferecido na imagem ISO é o LXDE. O KDE 3.5.10, o GNOME 2.22 e vários gerenciadores de janelas leves estão à disposição no repositório. Os aplicativos incluem os navegadores Firefox 3.0.4, SeaMonkey 1.1.13 e Opera 9.62, além de AbiWord 2.6.4, Gnumeric 1.8.2, GIMP 2.6.3, MPlayer 1.0rc2, VLC 0.9.3, K3b 1.0.5 e Pidgin 2.5.2. O OpenOffice.org e o Scribus também estão nos repositórios. Os codecs multimídia vêm instalados por padrão. Eu não pude fazer muitos testes com a versão beta, mas todo o conteúdo multimídia que eu experimentei até agora funcionou direto.
O wicd é o configurador gráfico da rede sem fio. Quem já usou o Zenwalk Linux deve conhece-lo. O WiFi Radar, usado em versões anteriores do VectorLinux, ainda está disponível no repositório. O vwireless, uma interface gráfica leve para os scripts de rede sem fio do Vector, também é instalado por padrão, assim como uma nova ferramenta gráfica leve para configuração do WPA. O vasmCC, centro de controle do VectorLinux, é o utilitário gráfico de configuração do sistema. O utilitário anterior baseado em menus, vasm, também está disponível em suas versões de texto e gráfica.
vasmCC – o centro de controle do VectorLinux
O gerenciamento de pacotes fica por conta do slapt-get (na linha de comando) e do GSlapt (gráfico). Qualquer um que já tenha usado o Synaptic em uma distribuição baseada no Debian vai achar o GSlapt bastante familiar. Essas ferramentas já amadureceram ao ponto da verificação e da resolução de dependências não serem problemas maiores no VectorLinux do que em outras distros grandes. O repositório de softwares adicionais do VectorLinux vem crescendo a cada lançamento. O repositório do VL 6.0 ainda não foi totalmente preenchido, mas pelo visto ele será no mínimo tão grande quanto o da versão 5.9 quando ocorrer o lançamento oficial. Hoje ele já deve ser maior do que o da maioria das distribuições do segundo escalão. Mas se você estiver acostumado aos repositórios enormes do Ubuntu, do Debian, do Fedora ou do openSUSE, vai sentir falta de algumas coisas no repositório do VL.
O vpackager é uma forma inovadora de adicionar mais software. Trata-se de uma ferramenta gráfica fácil de usar, que compila pacotes a partir do código fonte. Acho que muitos usuários relativamente novos do Linux, que acham que compilar software está além de suas capacidades, vão se surpreender com a facilidade do processo. Usuários experientes podem editar o script de compilação que move o vpackager, o que permite tanto controle sobre o processo de compilação quanto o obtido pela linha de comando. Além de compilar pacotes a partir de arquivos tar compactados, o vpackager também funciona como interface gráfica do CruxPorts4Slack. Ele verifica os repositórios da distribuição CRUX e da biblioteca de ports contribuída ao VectorLinux.
vpackager – interface gráfica da ferramenta de compilação de pacotes
Sob o capô, o VectorLinux 6.0 beta 2 traz o kernel 2.6.27.7, um melhoria significativa sobre o beta 1. A decisão de atualizar o kernel após o code freeze inicial (período no qual deixam de ser acrescidos novos recursos à distribuição para que se invista na resolução de bugs) foi motivada pelo melhor suporte a hardware do novo kernel, incluindo suporte a hardware popular em notebooks e uma maior variedade de placas de rede sem fio Atheros.
Mas o software ainda é beta, e eu tropecei em vários bugs interessantes. Ao invés de detalhá-los por aqui, prefiro levar vocês ao local adequado, no fórum do VectorLinux.
Conclusões
Mesmo com o novo instalador gráfico, o VectorLinux ainda exige um pouco mais de conhecimento e trabalho para ser instalado e configurado do que algumas das grandes distros mais amigáveis. Uma vez configurado, ele é tão fácil de usar quanto outras distros. Houve grandes avanços na internacionalização e na localização, que estavam completamente ausentes nas versões anteriores. Mas o repositório de software ainda não chega nem perto dos repositórios das grandes distros. Para mim, os principais motivos para usar o VectorLinux são a velocidade e o desempenho. Dá para perceber que o VL 6.0 é bem mais rápido que as distros maiores, particularmente em hardwares mais antigos. Só o lançamento da versão 6.0 final vai dizer se o VectorLinux está pronto para competir com os dez mais do DistroWatch. O futuro parece promissor.
Créditos a Caitlyn Martin – distrowatch.com
Tradução por Roberto Bechtlufft <roberto at bechtranslations.com>
Deixe seu comentário