Toward a long-term SUSE-based distribution
Autor original: Nathan Willis
Publicado originalmente no: lwn.net
Tradução: Roberto Bechtlufft
No fim do mês passado, um grupo de usuários do SUSE Linux deu início a um plano para criar uma distribuição gratuita para servidores gerenciada pela comunidade e que mantenha a compatibilidade com os produtos corporativos da Novell, mas garantindo o suporte a longo prazo que não é oferecido pelo openSUSE. O resultado, segundo os organizadores, seria semelhante ao relacionamento entre o CentOS e o Red Hat Enterprise Linux (RHEL), e acabaria sendo benéfico para a Novell. Mas há várias dificuldades a serem superadas na criação dessa distribuição, e a forma que essa distribuição pode tomar ainda não está clara.
A ideia de uma distribuição Linux gratuita baseada no SUSE e adequada para uso em servidores já circulou mais de uma vez no passado; o que deu início ao movimento desta vez foi o anúncio feito no dia 14 de agosto de que o openSUSE estaria mudando seu período de manutenção de 24 para 18 meses. Boyd Lynn Gerber, um consultor que trabalha com o SUSE Linux Enterprise Server (SLES) e com o SUSE Linux Enterprise Desktop (SLED) e participa do projeto OpenSUSE, expressou preocupação com a mudança, especialmente para pequenas e médias empresas sem recursos financeiros para adquirir contratos de suporte do SLES e do SLED (cujos preços começam em US$ 799 e US$ 120 por ano, respectivamente). O SLES e o SLED recebem atualizações gerais por cinco anos, e patches de segurança por sete.
Gerber argumenta que a diminuição do ciclo de vida de suporte do openSUSE aumentou o abismo que existe na linha de produtos entre o openSUSE e o SLES/SLED, dificultando potencialmente uma transição tranquila de pequenas empresas para a linha corporativa. Ele propôs a criação de um grupo que trabalhasse em uma distribuição que se situasse entre o openSUSE e o SLES/SLED – uma que estivesse disponível sem a compra de um contrato de suporte da Novell, mas com um ciclo de vida maior que se estendesse por anos, que fosse confortável para as empresas, e que garantisse especialmente backports de patches críticos e correções de segurança.
Várias opções
O plano inicial de Gerber sugeria três caminhos possíveis: criar uma estrutura de suporte para manter backports para o openSUSE por mais tempo (a opção “OpenSUSE LTS”), criar uma distribuição nova a partir dos lançamentos de código fonte do SLES, mas removendo as marcas comerciais da Novell (a opção “OpenSLES”) ou criar uma distribuição nova usando o modelo sugerido na segunda opção, só que baseada no SLED (a opção “OpenSLED”). A discussão subsequente na lista de discussão do opensuse-project discutiu os méritos de cada alternativa, mas o volume de respostas levou Gerber a iniciar uma lista de discussão separada para continuar debatendo a ideia.
A opção do OpenSLED logo foi abandonada, porque o projeto seria parecido demais com o próprio OpenSUSE, e porque o SLED não inclui pacotes voltados para servidores, e portanto não ajudaria muito no que se refere às necessidades adicionais das pequenas e médias empresas. As opiniões se dividiram entre o openSUSE LTS e o OpenSLES. As vantagens do openSUSE LTS incluem a relativa simplicidade legal – a criação de um derivado do openSUSE não exige permissão ou mesmo cooperação da Novell – mas as desvantagens incluem um investimento significativamente maior de tempo dos voluntários. O openSUSE contém mais pacotes do que o SLES e o SLED, e portanto, mais patches e backports seriam necessários para mantê-lo além do prazo.
Além do mais, estender o tempo de suporte do openSUSE exigiria a criação de uma estrutura para a triagem, o teste e a aprovação de atualizações e backports que fosse bem além do fim do ciclo de vida de uma versão do openSUSE, enquanto um clone do SLES na forma do OpenSLES possibilitaria à distribuição apoiar-se nos patches testados pela Novell. O lado negativo da distribuição OpenSLES, de acordo com o que se tem comentado na lista, é o risco de alienar a enfurecer a Novell se a empresa achar que o SLES pode implicar no “escoamento” de seus clientes. Gerber e outros rebateram com a afirmação de que o OpenSLES iria, na realidade, atrair mais clientes para o SLES, diminuindo a barreira de entrada, especialmente para pequenas e médias empresas.
Os que apoiam a opção do OpenSLES comparam-no ao CentOS, que descrevem como uma escolha popular entre as pequenas e médias empresas com orçamentos pequenos ou que só estejam sentido o terreno antes de firmar um contrato de suporte do RHEL. O CentOS (“Communitiy ENTerprise Operating System”, ou sistema operacional corporativo da comunidade) é tocado por voluntários, e desde 2003 vem compilando suas versões a partir dos pacotes de código fonte do RHEL disponibilizados publicamente pela Red Hat, removendo todas as marcas comerciais, logotipos e afins pertencentes à Red Hat. O RHEL, assim como o SLES e o SLED, tem suporte com ciclo de vida de sete anos.
Progresso
Até agora, diz Gerber, a Novell recebeu a ideia com frieza, embora ele afirme que conversas particulares com membros do gerenciamento da Novell tenham sido mais abertas e que a ideia de que o OpenSLES possa ser uma ferramenta para conquistar clientes para o SLES tenha sido expressada. “Vamos ter que mostrar ou demonstrar à Novell e ao seu gerenciamento que apoiar o projeto é uma boa ideia”, disse ele.
Gerber acredita que a opção do OpenSLES é claramente melhor do que a do openSUSE LTS, e já começou o planejamento, estabelecendo as bases para uma entidade sem fins lucrativos para supervisionar o projeto, criando diretrizes baseadas nos exemplos fornecidos pelo CentOS e por outras distribuições derivadas, e buscando representação legal para ajudar nas questões de licenciamento e uso de marcas comerciais. Poucas pessoas participaram da discussão na lista opensuse-project, mas dezenas ingressaram na nova lista de discussão, e Gerber disse que a discussão segue em frente no canal de IRC #opensuse-server no Freenode.
A Novell não respondeu às solicitações por comentários sobre o projeto, embora o gerente do SLES, Geral Pfeifer, tenha feito diversas perguntas sobre a proposta na lista opensuse-project, particularmente sobre a sugestão de que a Novell não estaria servindo adequadamente ao mercado de pequenas e médias empresas.
Embora o SUSE Linux não tenha um ecossistema de distribuições derivadas como o de produtos da Red Hat e do Debian, não parece haver nada que impeça a criação dessas variações. O openSUSE detalhou diretrizes sobre marcas comercias [PDF] cobrindo explicitamente a redistribuição e a modificação de projetos. O SLES e o SLED não são cobertos por essas diretrizes, mas a Novell possui um sistema de solicitação de uso da marca comercial por meio do qual os interessados podem solicitar a aprovação do uso dela. Quanto ao software em si, o openSUSE obviamente é um projeto totalmente aberto, e a Novell fornece pacotes de código fonte para o SLES e o SLED em seu site.
Está claro que os usuários e revendedores do SUSE estão interessados na possibilidade de uma alternativa gratuita às ofertas corporativas atuais da Novell. Não há números que confirmem a posição de que o CentOS tenha aumentado diretamente as vendas do RHEL, mas a empresa certamente tolera sua existência, e o CentOS (assim como outros derivados do RHEL com foco bastante específico, como o Scientific Linux) continua prosperando. As propostas para a criação de opções com suporte a longo prazo para distribuições existentes não são garantia de sucesso; vários esforços para adicionar esse suporte ao Fedora apareceram e sumiram nos últimos anos. Se bem-sucedida, a criação do OpenSLES pode ser o primeiro passo não apenas para preencher o vazio do suporte a longo prazo, mas também para expandir a família de distribuições baseadas no SUSE.
Créditos a Nathan Willis – lwn.net
Tradução por Roberto Bechtlufft <info at bechtranslations.com.br>
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