0.2 é um número pequeno

O SparkleShare tem alguns pequenos inconvenientes, como o fato de colocar seu lançador no menu “Internet” do GNOME, que já anda um tanto entupido. Em parte, a culpa é da especificação de menus do Freedesktop.org, que criou uma categoria tão genérica e abrangente. O SparkleShare é uma ferramenta de acesso a arquivos, e portanto deveria estar no menu de acesso a arquivos do GNOME. Só que esse menu já tem seus próprios problemas: ele é a escolha mais lógica para o acesso a uma quantidade cada vez maior de serviços de arquivos online, incluindo o Ubuntu One, o Dropbox, vários produtos em nuvem e por aí vai, e todos eles estão escondidos em lugares diferentes da hierarquia do menu de aplicativos. Como o GNOME já fez o favor de rotular seu menu de acesso a arquivos com um termo vago como “Locais” (que vai causar confusão quando o suporte a geolocalização do Zeitgeist chegar), é de se entender que nenhum aplicativo instale seu lançador ali, mas com isso o usuário tem que procurar bastante até encontrar seu armazenamento online.

A interface para a inclusão de projetos também precisa de alguns ajustes. O programa só funciona com o Git, que usa os termos “repositório” e “projeto”, os quais o SparkleShare chamada de “pastas”. O objetivo do aplicativo é o de fazer com que o serviço remoto se comporte como uma pasta local no Nautilus, mas usar uma terminologia diferente – especialmente no processo de configuração – é desnecessário e pode confundir.

Por fim, embora o SparkleShare tenha sido projetado para permitir a colaboração entre equipes, você ainda precisa visitar o site e alterar manualmente a posse de uma pasta de projeto do Gitorious para uma “equipe”, e tem que adicionar colaboradores pela interface web para poder compartilhar dados com outros usuários do Gitorious ou do GitHub. Assim como a criação de contas, incluir essas funcionalidades na interface do programa ajudaria bastante, especialmente aos usuários que não são desenvolvedores.

O SparkleShare ainda tem muito chão pela frente até a versão 1.0. Os binários para Windows e Mac OS X estão sendo anunciados com destaque no cronograma do projeto. Em comentários no seu blog, Bons vem falando sobre suporte a um cliente gráfico no KDE e sobre o possível acréscimo de outras opções em DVCS. Os críticos dizem que o Git não é uma boa escolha para o compartilhamento de arquivos binários grandes. Bons argumenta que todos os DVCS são ruins nisso. Um “servidor SparkleShare” independente também foi solicitado, e Bons disse que está vendo essa questão.

O que seria mais exatamente esse servidor não foi especificado. Imagino que envolva um conjunto de recursos diferentes dos de um repositório público do Git, mas ainda não se sabe se isso quer dizer que o acesso remoto será mais simples, nem se será possível ter dados particulares. Nesse meio tempo, oferecer instruções para a configuração de um repositório compatível com o Git ajudaria.

Como ferramenta de colaboração para projetistas trabalhando em projetos técnicos, o SparkleShare já oferece toda a funcionalidade necessária. Uma equipe que trabalhe em um grande projeto hospedado no GitHub ou no Gitorious pode configurar uma pasta para trabalhar com imagens, gráficos vetoriais, documentação e afins, e manter os criadores desse conteúdo em sintonia com os desenvolvedores do software em si, o que é ótimo.

Por outro lado, é preciso entender que o SparkleShare não é um “substituto ao Dropbox”. Há vários motivos que levam as pessoas a usarem o Dropbox (incluindo backups remotos, acesso a informações de perfil a partir de vários computadores diferentes e até o uso de scripts remotos), e para algumas dessas funções o SparkleShare simplesmente é um desastre. Lembre-se de que todos os arquivos armazenados nele podem ser lidos por qualquer um, por meio dos serviços de repositório do Git, o que não é bom para certos arquivos confidenciais. Ele também não foi feito para facilitar a publicação de grandes arquivos para acesso público: embora o GitHub e o Gitorious permitam o acesso HTTP a qualquer arquivo, não há uma forma simples de se obter uma URL para envio por email ou uso no Twitter, por exemplo. Mas não deixe que isso o desmotive: para seu propósito específico, o SparkleShare já é uma opção claramente melhor do que o proprietário Dropbox para quem se preocupa com a liberdade do software.

Créditos a Nathan Willislwn.net

Tradução por Roberto Bechtlufft <info at bechtranslations.com.br>

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