Softwares ilegais: Um problema para quem não usa

Softwares ilegais: Um problema para quem não usa

Para quem não me conhece, sou um clássico Especialista em TI que presta serviços em Suporte Técnico & Help Desk. Realizo atividades gerais relacionados à configuração, montagem e manutenção de PCs e redes de computadores; administração de sistemas operacionais; implantação de softwares; e por aí, vai. Só que, tenho um “pequeno” diferencial: não uso softwares ilegais. Se para muitos, tal atitude é uma tarefa digna de elogios; mas para mim, isto é um grande problema…

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Embora eu não use softwares ilegais – E FAÇO QUESTÃO DE DIZER QUE NINGUÉM DEVE USAR -, uma parte da minha clientela se dispõe a usar (ou pelo menos, não mantém ou sequer possuem a documentação dos softwares instalados “de fábrica”). Em outros casos, solicitam a substituição dos que já se encontram instalados por outros com versões mais completas ou mais atualizadas, sem se preocuparem com as questões referentes ao contrato de licenciamento (nem sequer compreendem a ilegalidade do ato). Não raro, mesmo “conscientes” destas questões, ainda assim alguns optam por utilizar softwares ilegais.

Por questões éticas e legais, além da minha natural responsabilidade, não faço a instalação de softwares não legalizados; consequentemente, acabo sofrendo uma série de limitações, contra-tempos e prejuízos. Em vista da inviabilidade financeira de muitos clientes em adquirir softwares legalizados, meu leque de serviços sofre uma redução considerável de opções e faturamento.

Para começar, não posso fazer a reinstalação e/ou recuperação do sistemas e seus softwares, visto que os clientes já não possuem as licenças e as mídias originais dos produtos. Portanto, se uma ação mal-intencionada comprometer o funcionamento de um sistema pré-instalado, simplesmente fico de mãos atadas. Até mesmo as atividades relacionadas ao hardware, onde tenho que reparticionar, reformatar ou até mesmo substituir uma unidade de armazenamento, a questão do licenciamento de software me prejudica consideravelmente. E para o meu desespero, estimo que 30 a 40% de meus serviços envolvem a reinstalação e/ou recuperação de sistemas e softwares. Resultado: perco a oportunidade de faturar e a confiança dos meus clientes, pois a minha visita será praticamente inútil.

Felizmente, existem dois fatores atenuantes, mas que ainda assim, não resolvem tais problemas. O primeiro está no crescimento do mercado de PCs de grife com o sistema original pré-instalado; já o segundo está nas soluções alternativas de softwares livres que substituem as opções proprietárias. Entretanto, quando os usuários não se adequam ao sistema pré-instalado (aka Windows em suas versões Starter Edition) e aos softwares livres existentes (Ubuntu, BR-Office.org, Firefox, GIMP, Inkscape), a prática da cópia ilegal e todos os seus males é certa. E muitas vezes, a minha competência profissional é questionada por não ter conseguido satisfazer os caprichos da clientela, já que o sistema operacional livre e aplicativos indicados por mim não foram “aprovados”.

Se eu for sugerir a aquisição de licenças de uso para o seus softwares preferidos, vou ter mais inconvenientes. Por exemplo, já teve casos em que clientes não se seguraram e soltaram sonoras gargalhadas quando sugeri a aquisição de uma simples licença OEM para instalar o sistema operacional: entre pagar R$ 399,00 e R$ 10,00, infelizmente alguns preferem a “opção econômica! Para variar, além de pagarem barato, ainda ganharão “de brinde” a instalação de outros softwares “de grátis” e com um precinho muito mais em conta, já que a “fonte” de onde obtém tais softwares oferecem um pacote de apenas R$ 50,00 por todo o serviço. Quanto à mim, mesmo se esforçando em oferecer um serviço de melhor qualidade e alto nível, não dá para sair de casa por pelo menos R$ 70,00; ainda assim, o valor a ser cobrado será apenas pela prestação do serviço…

Então, o que tenho feito desde então? Além de continuar a não usar softwares ilegais, uma das minhas poucas saídas que tenho para continuar “competitivo” no mercado sem desrespeitar a propriedade intelectual de terceiros é direcionar meus serviços para outros clientes.

Por exemplo, tenho dado preferência a atender casos mais críticos e difíceis de solucionar, especialmente voltado para diagnósticos e aspectos relacionados à hardware, onde muitos dos clientes atendidos estiveram insatisfeitos com a limitada prestação de serviços de certos “téqnicus”, que mal sabem trocar placas e formatar HDs. Em outras ocasiões, direciono minhas ofertas de serviços para clientes mais sofisticados, embora muitos deles saibam resolver sozinhos boa parte dos problemas que enfrentam.

Outra atividade interessante que venho promovendo está no acompanhamento técnico no processo de aquisição do PC desktop ou notebook: baseando-se nas necessidades, preferências e condições financeira do usuário, pesquiso as opções disponíveis no mercado e faço a indicação dos equipamentos que mais se enquadram no seu perfil, acompanhando-lhe em todas as etapas para garantir de que ele não está levando “gato por lebre”. Por um lado, ele gastará um pouquinho mais; mas por outro lado, não terá aborrecimentos tão cedo…

Linux, como eu poderia me esquecer dele! O Ubuntu – adotada como a distribuição de divulgação e trabalho, embora não seja a minha preferida – tem sido utilizado como opção alternativa de sistema operacional livre para PCs desktop. Alguns clientes gostam muito dos efeitos visuais proporcionados pelo Compiz (viva os IGPs da nVidia) e outros sentem-se confortáveis com a usabilidade provida pelo GNOME, embora muitos ainda reclamem da falta das aplicações as quais estão habituadas a utilizar. No geral, posso ao menos dizer que tenho uma opção que atende bem aos clientes em suas necessidades básicas.

Dada as dificuldades, as desigualdades e todo o malabarismo que tenho feito para compensar todas essas diferenças da melhor maneira possível, não seria melhor se “eu fosse como os outros”? Ao invés de restrigir o uso de softwares ilegais, não seria melhor manter 1/2 dúzia de versões do Windows “Piratex Edition” à disposição para quem interessar? Posso parecer contraditório, mas eu ainda quero acreditar que não…

Eis, um desabafo… &;-D

Por Ednei Pacheco <ednei.pacheco [at]gmail.com>
http://by-darkstar.blogspot.com/

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