Sistemas Operacionais realmente alternativos

Por:
Sistemas Operacionais realmente alternativos

Embora o Windows ainda seja de longe o sistema mais usado, o Linux já conquistou uma percentagem considerável do mercado e continua crescendo rápido. Não pode mais ser considerado uma “plataforma alternativa”. O mesmo pode ser dito sobre o Mac OS, que apesar de estar a vários anos estagnado em algo em torno de 3% dos usuários já tem seu lugar garantido pelo menos pelos próximos anos.

Quem poderia vir a ocupar o posto de “sistema alternativo”? Aquele que ainda tem várias deficiências, é usado por uma parcela pequena dos usuários, mas em compensação tem um grande potencial para o futuro? Aquele que você procura quando se enjoa dos sistemas mais usados?

Nos últimos anos vários sistemas tem florescido, trazendo algumas idéias realmente novas. Tivemos o OS/2 da IBM, o BeOS e o QNX que já são relativamente conhecidos. Não vou falar também do FreeBSD ou do GNU Hurd que compartilham a filosofia do Unix e por isso apresentam um funcionamento muito semelhante ao Linux, mas sim de sistemas realmente novos e pouco conhecidos 🙂

Uma coisa interessante sobre os sistemas operacionais é que “ninguém realmente usa usa um sistema operacional, pessoas usam programas instalados no computador”. Para ser útil, uma determinada plataforma não precisa rodar tantos programas quanto os sistemas operacionais líderes, precisa rodar apenas o programa de que você precisa.

O primeiro que me chamou a atenção foi o SkyOS. Ele é um projeto de um homem só, quase todo desenvolvido pelo Robert Szeleney, com ajuda da Kelly Rush e outros na parte visual. A página oficial é a http://www.skyos.org/

gdh1
Você pode ver mais screenshots no: http://skyos.org/screenshots.php

Como você pode ver pelos screenshots ele já possui vários aplicativos: o Viewer que é o gerenciador de arquivos, um Mp3player, o Media Center que exibe DVDs, VCDs e alguns outros formatos de vídeo, o SkyKruzer que é um navegador web com suporte a css e java script (nada de flash, ou outros plug-ins por enquanto), servidor web, cliente de ftp (“ftp” no terminal), alguns utilitários de administração do sistema e o Developer Studio, que é uma ferramenta de desenvolvimento de aplicativos em C, C++, Perl e Java que podem ser tanto utilizados no próprio SkyOS quanto transportados e compilados para outras plataformas. Existe um manual específico para quem está interessado em desenvolver aplicativos para o SkyOS: http://skyos.org/downloads/document.php

Todos estes programas já vem incluídos no CD de instalação, mas também podem ser baixados de forma avulsa aqui: http://skyos.org/downloads/document.php.

O SkyOS é desenvolvido com o foco na facilidade de uso. Ele é todo construído em torno da interface gráfica, o terminal é apenas um acessório para chamar aplicativos e não uma parte essencial da interface do sistema. O problema é que por ter uma base de usuários e desenvolvedores pequena (só um na verdade 🙂 ele tem várias deficiências no suporte a hardware, o que acaba tornando as coisas mais complexas.

Em duas máquinas em que testei ele não conseguiu detectar o HD IDE e com isso não foi possível continuar a instalação. A instalação trava com um mouse USB da clone plugado (usando a opção de boot que desativa o USB fico sem mouse 🙂 e um outro mouse PS/2 também sem marca não funcionou em conjunto com ele (os outros mouses PS/2 que testei funcionaram normalmente). Numa terceira máquina ele só conseguiu encontrar o CD-ROM durante o boot quando jumpeei o drive como master.

Este problema com a detecção do HD em algumas máquinas consta no bug track disponível no site, devem estar trabalhando nisso para as próximas versões. O SkyOS teoricamente pode ser instalado em qualquer partição FAT16, FAT32 ou EXT2 (Linux). A opção de particionar o HD durante a instalação ainda não está funcionando, por isso o HD já deve estar previamente particionado e formatado. Tive problemas em instalar em partições criadas no Linux: o instalador não enxerga as partições e você não tem como prosseguir a instalação. Até agora só tive sucesso em instalá-lo em partições criadas usando um disquete de boot do Windows 98, fica a dica caso você enfrente o mesmo problema.

O problema de não detectar o HD em algumas máquinas é o mais complicado, pois sem ele não é possível instalar o sistema. Mas, os dispositivos suportados são detectados automáticamente durante o boot, você precisa no máximo ativa-los no “SkyOS System Configuration”, que é uma espécie de painel de controle. Você pode ver uma lista de hardware suportado no: http://skyos.org/hardware.php

Estão sendo feitas algumas melhorias interessantes na parte de suporte a Hardware. A versão 4.0a já inclui drivers para placas nVidia com suporte à aceleração 3D. Existe um pacote para instalar o Quake 1 e o Quake 2 disponível na parte de downloads do site, onde você pode testar o suporte 3D. Os pacotes apenas instalam os executáveis para o SkyOS, você ainda precisa dos CDs originais para jogar.

O ISO do CD de instalação disponível no site tem apenas 34 MB (compactado) e o sistema pode ser tanto instalado quanto rodar diretamente a partir do CD (com algumas limitações, o navegador não funciona por exemplo). A instalação é bem simples, dar boot através do CD, apontar a partição onde o sistema será instalado e esperar alguns minutos. Ele usa o Grub (o mesmo usado no Red Hat e outras distribuições Linux) como gerenciador de boot e pode ser configurado para conviver com outros sistemas operacionais.

gdh2
O sistema é pequeno (ocupa menos de 100 MB ao ser instalado), o consumo de memória também é relativamente baixo. O requisito mínimo são 32 MB, mas o sistema em sí consome apenas 18 MB durante o boot e cerca de 52 MB se você abrir de uma vez todos os programas incluídos. Como o sistema é bem fácil de usar, pode ser uma opção para máquinas antigas que sirvam apenas como ponto de acesso à internet (usando o SkyCrusader) ou para ouvir música usando o MP3player embutido por exemplo.

O SkyOS é gratuito, mas o código fonte não está disponível no site. Também não consegui encontrar nenhuma informação sobre sob que tipo de licença ou restrições de uso ele é distribuído. Se você pretende utilizá-lo em algum projeto comercial, procure se informar sobre isso no forum ou entrando em contato diretamente com o desenvolvedor.

Outro sistema interessante é o Syllable. Ele segue a idéia do AtheOS (uma versão do Unix) mas foi também desenvolvido a partir do zero. A página oficial é a http://syllable.sourceforge.net

O Syllable tem um conjunto de aplicativos bem maior que o do SkyOS, organizados no http://kamidake.nutus.com.ar/ que disponibiliza um total de 199 aplicativos junto com alguns drivers adicionais.

O ABrowse é o navegador, o AEdit o editor de textos, o Archiver é o descompactador de arquivos, o Albert é a calculadora, o Whisper é o leitor de e-mails e assim por diante. Também estão disponíveis alguns aplicativos portados do Linux ou BSD, como o CenterICQ (cliente de ICQ em modo texto), ncftp (cliente de FTP), openssh, etc. Você pode ver os screenshots aqui: http://syllable.sourceforge.net/modules.php?name=My_eGallery

Embora o Syllable tenha mais aplicativos que o SkyOS, ele também é mais complicado de usar, lembrando bastante as primeiras versões das distribuições Linux. No final das contas sobram poucos motivos para usá-lo além da leveza do sistema e o simples fato de ser uma plataforma alternativa.

A terceira opção é o ReactOS que tem um objetivo mais ambicioso: Criar um sistema operacional a partir do zero que seja capaz de rodar todos os aplicativos e drivers compatíveis com o Windows NT e a partir daí alcançar compatibilidade também com as versões recentes do Windows. O objetivo é criar uma alternativa ao Windows, que permita trocar de sistema mas sem perder os antigos aplicativos.

É difícil dizer até que ponto o projeto pode chegar. O Wine tem um objetivo semelhante e já está sendo desenvolvido a mais de meia década, mas mesmo assim ainda está longe de rodar pelo menos a maior parte dos aplicativos. O ReactOS é um projeto novo, que ainda está na versão 0.1.3, até agora o único aplicativo Windows que rodou com sucesso foi o Paciência e mesmo assim com problemas nas fontes: http://reactos.com/img/solitaire.png.

O ISO está disponível para download no: http://reactos.com/index.php?tab=software&section=reactos. O ISO tem apenas 3 MB. A instalação é bem semelhante à primeira parte da instalação do Windows NT, uma tela de texto onde o HD é particionado e os arquivos copiados para a partição escolhida. Como o sistema é muito pequeno, a instalação é quase instantânea, o ReactOS utiliza uma partição FAT 16 ou 32 e pode conviver com outra versão do Windows, pois ele se copia para a pasta C:ReactOS.

gdh3
Depois do boot, você cai num prompt de comando que utiliza os mesmos comandos do DOS (cd, dir, etc.) de onde pode chamar os aplicativos. No estágio atual ainda não existe desktop, você chama um aplicativo, ele abre o modo gráfico em 640×480 e ao fechá-lo você volta ao modo texto onde pode chamar outro. Existem apenas dois programinhas bem simples pré-instalados, que servem apenas para mostrar como o sistema funciona:

C:ReactOS>
C:ReactOS>cd bin
C:ReactOSbin>winhello (ou multiwin)

E você verá:

gdh4
A página do ReactOS é a http://www.reactos.com/. Lá você pode baixar o pacote “rosapps” que contém mais alguns aplicativos simples. Para instalá-lo basta descompactar o arquivo dentro da pasta C:ReactOS. Você deve fazer isso a partir de outro sistema operacional (um CD do Kurumin por exemplo) já que o ReactOS ainda não possui suporte a rede muito menos um navegador e um descompactador de arquivos.

No estágio atual o sistema é interessante apenas para desenvolvedores, mas mesmo assim é um projeto interessante para se acompanhar, até por que a equipe do ReactOS vem trabalhando em conjunto com a equipe do Wine, de modo que os dois projetos possam evoluir mais rapidamente. Existe um número muito grande de aplicativos Windows disponíveis, seria interessante poder rodá-los sem muito malabarismos através do Wine ou outra plataforma.

Se o ReactOS conseguir atingir um nível razoável de compatibilidade nos próximos, você poderá utilizá-lo em máquinas de ponto de venda ou outras aplicações onde é executado apenas um ou alguns poucos aplicativos e também para rodar os aplicativos Windows dentro do Linux, dentro de uma máquina virtual do VMware ou Bochs.

Sobre o Autor

Redes Sociais:

Deixe seu comentário

X