Breve análise do Sabayon Linux 5.5

Breve análise do Sabayon Linux 5.5
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A look at Sabayon Linux 5.5

Autor original: Jesse Smith

Publicado originalmente no: distrowatch.com

Tradução: Roberto Bechtlufft

Logotipo do SabayonO Sabayon Linux é uma distribuição baseada no popular projeto Gentoo. Ele usa pacotes de código fonte dos repositórios do Gentoo, compila pacotes binários e lança em várias edições diferentes de sua distro, como KDE, GNOME e até Gaming para os fãs de jogos. O Sabayon é uma distro rolling release, ou seja, o software disponível está em constante atualização, sempre se mantendo nas versões mais recentes, e o usuário não precisa migrar de uma versão estável para a outra. Uma das primeiras coisas que eu notei no site do Sabayon é que ele usa tons escuros. Logo depois eu percebi que fontes de vários tamanhos e cores são usadas. Partes do site lembram uma casa decorada para o natal vista durante a noite. Também há um monte de bordões: “abra seu código e abra sua mente” é um exemplo bacana. Outro: “o sistema operacional livre mais fofinho”. E para fechar, “fácil como um ábaco, veloz como um Segway”. Essa última frase, somada a algumas outras declarações que encontrei no site, me levam a acreditar que o sujeito que escreveu isso não é muito fluente em seu idioma, ou que no mínimo não conhece muito bem o veículo pessoal de duas rodas conhecido como “Segway”.

Baixei a ISO de 2 GB da edição KDE do Sabayon 5.5 e comecei meus testes. Logo de cara dá para notar que o Sabayon abraça a causa da liberdade de escolha do software de código aberto. O live DVD oferece várias opções de inicialização, incluindo um ambiente KDE 4.5, uma central de mídia e um desktop KDE para netbooks. Também há uma central de mídia para netbooks e opções de instalador gráfico ou em modo texto. É um menu de inicialização completo.

O ambiente KDE não traz muitas surpresas. Fundo azul escuro, o menu tradicional do KDE e alguns ícones para acessar a ajuda, iniciar o instalador e fazer doações ao projeto Sabayon. Nada que se destacasse muito de outros live CDs com o KDE. A versão para netbooks do KDE (conforme é apresentada pelo gerenciador de inicialização) é a mesma, com uma resolução um pouco diferente, mais adequada ao tamanho da tela de um netbook. Já a opção de central de mídia é interessante: como o nome indica, temos um layout mais direcionado no lugar do desktop para fins gerais. A central de mídia oferece uma maneira intuitiva e simples de tocar música, exibir vídeos e ver fotos. Ela informa também a previsão do tempo, e permite ao usuário monitorar as condições climáticas de diversos locais. O layout é agradável e os gráficos atraentes. Rodando direto do DVD a central de mídia ficou meio lenta. Talvez isso seja ao menos em parte culpa da minha placa de vídeo relativamente fraca, além do ambiente estar rodando via DVD. Uma das opções do menu de inicialização do DVD é para iniciar o Sabayon sem música. Eu não entendi o porquê dessa opção até fazer login no ambiente gráfico: enquanto o KDE carrega, o sistema toca uma música. E não é um trechinho só não, é uma música inteira, para o usuário saber que o sistema de som está funcionando.

O instalador e os widgets do Sabayon Linux 5.5

O instalador e os widgets do Sabayon Linux 5.5

O instalador do Sabayon é o Anaconda, o mesmo instalador usado pelo projeto Fedora, então não vou perder muito tempo falando nele. Trata-se de um instalador confiável e bastante capaz. Não tive nenhum problema para instalar o sistema. Uma diferença entre a instalação do Sabayon e a do Fedora é que aqui o instalador pede para criar uma conta de usuário antes de começar a copiar os arquivos para o disco rígido, e não durante a primeira inicialização. Na verdade, o Sabayon não conduz o usuário por nenhuma configuração durante a primeira inicialização; é tudo feito na hora da instalação mesmo.

Dado o tamanho do disco de instalação da distro, não é de se admirar que 4,5 GB de dados sejam transferidos para o disco rígido. O resultado é uma boa seleção de software, incluindo o Firefox 3.6.13, alguns clientes de mensagens instantâneas, OpenOffice, KOrganizer, leitor de PDF e visualizador de imagens. Some a isso o media player VLC, o player de música Clementine, um CD player e um gravador de CDs. Uma coisa inusitada é a inclusão de clientes PPP gráficos (tanto em versão GNOME quanto KDE) e uma cópia do Firewall Builder. Há um pequeno grupo de jogos do KDE para passar o tempo, e as habituais ferramentas de configuração do desktop. Nos “bastidores” temos o Java, o GCC, o plugin do Flash e codecs para reproduzir a maioria dos formatos de mídia mais populares. Para quem precisar de aplicativos criados para o Windows, o Sabayon instala o WINE por padrão.

O gerenciamento de software tem seus altos e baixos. Para começar, o sistema faz referência a seu gerenciador gráfico de pacotes por nomes diferentes, dependendo de onde você estiver. Por exemplo, clicar no ícone de notificação de atualizações na bandeja do sistema abre o “Gerenciador de Pacotes”. Só que o ícone no desktop tem o nome “Sulfer” e, depois de iniciado, o gerenciador de pacotes exibe o nome “Entropy Store”. Todos os links levam ao mesmo lugar, uma pequena janela com uma barra de botões no topo, uma grande caixa de texto no meio e alguns botões na parte de baixo. Os botões no topo da página permitem atualizar a lista de pacotes a partir dos mirrors do Sabayon, ver as ações pendentes e pesquisar itens pelo nome. Na área de texto, temos uma lista de pacotes disponíveis com um ícone de ação (como instalar/remover) ao lado de cada item. Segue o nome de cada pacote, com sua descrição e uma avaliação. Cada pacote recebe também um número, mas não sei ao certo o que esse número representa. Talvez ele indique quantos vezes o aplicativo foi baixado, ou a quantidade de votos que recebeu.

Na parte inferior da página temos um botão para disparar as ações pendentes. O Sulfer (ou Entropy Store) é funcional, mas tenho duas reclamações. A primeira: a interface demora muito a responder. O tempo entre o clique do botão e a reação do aplicativo ficou em torno dos três ou quatro segundos nos meus computadores. Com isso, procurar por programas, navegar pela interface e selecionar vários itens acaba ficando terrivelmente lento. Uma rápida verificação mostrou que o gerenciador de pacotes estava usando 50% da minha CPU, e isso em estado ocioso. O aplicativo de notificação de atualizações também consumia uns 15% de CPU na hora do login, e roda por vários minutos. A segunda: o visual do programa. O gerenciador de pacotes usa a mesma abordagem multicolorida e com fontes pequenas do site, e a impressão que se tem é a de que os desenvolvedores passaram da conta no “caleidoscópio”. Mas a interface também acerta em alguns pontos: durante o download, o usuário recebe uma boa dose de informações sobre o andamento das operações, incluindo o andamento geral, velocidade de download e qual pacote está sendo baixado. Uma novidade que eu gostei foi o botão para pular para o próximo mirror disponível, caso o servidor padrão esteja lento.

O gerenciador de pacotes do Sabayon 5.5

O gerenciador de pacotes

Comecei meus testes com o Sabayon no meu desktop com CPU de 2,5 GHz, 2 GB de RAM e placa de vídeo da NVIDIA. A distro configurou corretamente a resolução da tela, e a maior parte das funcionalidades básicas estava lá após a instalação. Infelizmente o som não funcionou de primeira, e foi preciso fazer alguns ajustes. O desempenho foi ruim, mesmo desligando os efeitos de desktop. Sempre que eu teclava algo ou movia o mouse, a resposta na tela demorava um pouquinho. Já no meu laptop HP (CPU dual-core de 2 GHz, 3 GB de RAM e placa de vídeo Intel) o desempenho foi bem melhor. Mesmo com os efeitos gráficos acionados, a resposta do sistema era imediata. A resolução da tela foi configurada corretamente, e o áudio funcionou de primeira. O touchpad funcionou, mas não tratava toques rápidos como cliques. Felizmente foi fácil ativar esse recurso no painel de configurações do KDE. No laptop, a minha placa de rede sem fio Intel não foi reconhecida. Tentei usar o Sabayon em uma máquina virtual do VirtualBox no laptop, e tudo funcionou bem, embora o tempo de resposta tenha apresentado problemas. Bastam 512 MB para inicializar e fazer login com a distro, mas eu não recomendaria o Sabayon a ninguém com menos de 1 GB.

Nenhum sistema está livre de problemas, e eu topei com alguns enquanto usava o Sabayon. Como eu já disse, o desempenho foi o primeiro. Também encontrei um bug: desativei os efeitos de desktop e fiz logout. A ideia era fazer login de novo e me certificar de que o pop-up de “efeitos de desktop desativados temporariamente” não tornasse a aparecesse. Só que em vez de fazer logout o sistema travou. Não só o X, mas todo o sistema deixou de responder. Resetei o PC, e aí o Sabayon não abria mais, travando logo depois da tela do gerenciador de inicialização. O console de recuperação não ia muito além disso. Peguei o DVD, reinstalei e segui os mesmos procedimentos, mas não consegui reproduzir o problema. Outra coisa esquisita que aconteceu algumas vezes: depois de fazer o login, uma pasta do KDE aparecia no desktop, mostrando os ícones da pasta desktop. A janela era transparente e aparecia por cima dos ícones do desktop, fazendo uma baita bagunça gráfica. O bug se repetia a cada dois ou três logins que eu fazia.

Criando um firewall no Sabayon Linux

Criando um firewall no Sabayon Linux

Depois de usar o Sabayon por cinco dias, não sei bem o que pensar da distro. Eu gostei muito de algumas coisas, como das opções de inicialização, que dão bastante flexibilidade ao disco. Um bom software para compilação já vem incluído. Acho legal que o Fluxbox seja oferecido na tela de login para a turma que prefere um ambiente mais leve, e embora eu não os use, gosto de ver clientes PPP disponíveis no menu de aplicativos. Foi fácil achar os itens que eu queria, há um aplicativo de atualização prático ao lado do relógio para manter a segurança do sistema e nenhum serviço de rede indesejável estava rodando.

Sendo um pouco mais subjetivo, curti o tema meio sombrio do Sabayon. Muitos designers parecem querer usar branco em todo lugar ou optam por cores brilhantes. Eu prefiro os tons escuros, que são melhores para longos períodos de utilização. Por outro lado, tive alguns problemas. O áudio não funcionou direito no desktop, e a placa de rede não foi reconhecida no laptop. O desempenho no desktop foi ruim, e o gerenciador de pacotes é meio entediante. O travamento que tive na primeira instalação e a pasta que ficava reaparecendo ao fazer login no KDE me fizeram pensar que o Sabayon 5.5 teria se beneficiado bastante de uma fase de testes mais longa. O projeto Sabayon disponibiliza diversas opções e edições da distribuição, e acho que o preço que se paga por isso são alguns bugs que acabam sendo ignorados. Se o seu hardware é bom, você quer muitas opções e não se importa em usar uma distro que está sempre atualizada com os programas mais recentes, o Sabayon pode ser uma boa pedida.

Créditos a Jesse Smithdistrowatch.com

Tradução por Roberto Bechtlufft <info at bechtranslations.com.br>

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