10 anos em desenvolvimento e sete meses de gravação em Daejeon, Coreia do Sul. Esses são alguns fatos que envolvem a primeira temporada de Round 6. A produção, que se transformou em um verdadeiro fenômeno na cultura pop e chamou a atenção do mundo em 2021, retornou em 2024 para uma segunda temporada que foi dividida ao meio e terá seu desfecho em 2025 no que a Netflix chama de uma terceira temporada da produção.
A produção dessa série exigiu um esforço monumental da equipe liderada pelo criador, diretor e roteirista Hwang Dong-hyuk. Segundo o próprio diretor, o processo foi tão estressante que ele chegou a perder entre 8 e 9 dentes durante a primeira temporada.
Hwang hesitou durante anos para tirar a ideia de Round 6 do papel. O conceito nasceu em 2008, e o roteiro foi concluído em 2009, mas a incerteza sobre a viabilidade da produção quase o impediu de seguir adiante. Felizmente, o projeto avançou, tornando-se um marco na história do entretenimento.
Além de seu impacto cultural, a série acumulou números impressionantes:
- A primeira temporada gerou mais de US$ 900 milhões em receita para a Netflix.
- Round 6 foi o maior lançamento em audiência da história do streaming.
- Foi a primeira produção não falada em inglês indicada ao prêmio de Melhor Drama no Emmy Awards, em 2022.
Apesar de atrair ainda mais espectadores na segunda temporada, as críticas se dividiram. Parte do público elogiou o aprofundamento nos personagens, enquanto outros apontaram uma certa falta de criatividade nos jogos.
Hwang inicialmente não tinha planos para uma segunda temporada, suas melhores ideias para a trama foram pensadas em uma temporada única, mas o retorno ao trabalho foi necessário para o diretor, principalmente pela questão financeira.
Embora a Netflix tenha lucrado significativamente, o diretor não recebeu uma compensação proporcional ao sucesso da série. Portanto, ele resolveu retornar tendo como prioridade um salto na compensação financeira.
A expansão da história e a grandiosidade da produção exigiram uma equipe maior e mais planejamento, resultando em mais desafios e, claro, doses extras de estresse.
Onde Round 6 foi filmado?
Na primeira temporada, as gravações ocorreram em Daejeon, a quinta maior metrópole da Coreia do Sul. Já na segunda temporada, o foco se manteve no país, mas as filmagens foram realizadas em grande parte na província de Chungcheong.
Hwang revelou em entrevista ao The Wrap que a segunda temporada levou seis meses para ser escrita e mais um ano para ser filmada, com mais de 500 pessoas envolvidas no processo.
Filmar Round 6 foi uma tarefa exaustiva. O diretor descreveu o processo como fisicamente e mentalmente desgastante, especialmente devido à duração prolongada das filmagens.
Um exemplo desse esforço é a cena do tiroteio, que exigiu seis meses de planejamento. Essa preparação incluiu elementos como ensaios, posicionamento de câmeras e decisões de fotografia. A equipe também dedicou atenção meticulosa à maquiagem, usando sangue falso capaz de misturar-se ao suor e até sangue comestível para maior realismo.
A estética visual de Round 6, marcada por cores vibrantes e labirintos hipnotizantes, já se tornou icônica. Um exemplo é a boneca usada no jogo Batatinha Frita, 1, 2, 3, que rapidamente entrou para o imaginário popular.
Os principais sets da série foram construídos no Daejeon Expo Science Park, um local que inclui atrações turísticas como o Daejeon Expo Memorial Hall e a Hanbit Tower. Na segunda temporada, outras locações importantes foram:
- Aeroporto Internacional de Incheon
- Ilha Seongapdo, próxima a Incheon
- Distrito de Jung, em Seul
- Estações Hangangjin e Oksu
- Grand Park
- Mapo-Gu
- Ponte de Seogang
Que câmeras são utilizadas?
A escolha das câmeras é um elemento crucial na produção de Round 6. A Netflix, como padrão para suas produções originais, estabelece diretrizes rigorosas sobre os equipamentos que podem ser utilizados.
Entre as marcas aprovadas, destaca-se a RED Digital Cinema Camera Company (RED), conhecida por fabricar câmeras profissionais de alta qualidade. Além da RED, as produções originais da Netflix também costumam ser gravadas com cãmeras da Arri, Panasonic, Sony, Canon, Panavision e Blackmagic.
Tanto a primeira quanto a segunda temporada foram filmadas com equipamentos RED. A captura foi feita em formato digital, dispensando o uso de película.
Durante a primeira temporada, Hwang optou pela RED DSMC2, que utiliza o sensor Monstro 8K VV. No Brasil, somente o corpo dessa câmera custa mais de R$ 260 mil.
Em termos de lentes, esse corpo da RED foi combinada com lentes ARRI Master Prime e Alura Zoom (15.5-45mm, 30-80mm e 45-250mm).
Em entrevista ao site oficial da RED, o diretor explicou:
“Pareceu-me a melhor opção para explorar diversos formatos de filmagem, garantindo uma resolução 4K ou superior.”
Na segunda temporada, foi utilizada a mesma câmera com lentes Zeiss Master Prime e Angénieux Optimo Ultra.
Captado em 8K, e convertido para 4K
Os episódios foram captados em 8K (formato Redcode RAW), mas a edição final foi convertida para 4K no processo de Digital Intermediate. Essa é a resolução disponível para assinantes do plano Premium da Netflix.
Em termos de tecnologia de gravação para o material bruto, o RAW, os takes são gravados no formato de arquivo R3D
Como explica a RED, “o formato R3D foi desenvolvido pela RED para oferecer um formato eficiente e gerenciável de dados de vídeo RAW, promovendo capacidades avançadas de edição na pós-produção. No formato de arquivo R3D, a imagem digital recebida pelo sensor é formatada como dados RAW corrigidos para defeitos de pixel (mas não processados em outros aspectos), com 16 bits por pixel. Cada quadro RAW, ou sequência de quadros RAW em um clipe, é comprimido usando a compressão proprietária REDCODE RAW baseada em wavelet, sendo então armazenado em um RED MINI-MAG”.
Os dados RAW são gravados de forma independente de qualquer processamento de cor no domínio RGB, como ISO, Balanço de Branco ou outros ajustes no espaço de cor RGB. “Em vez disso, os parâmetros de cor são salvos como metadados de referência; ou seja, a cor não é incorporada (ou “fixada”) nos dados RAW gravados. Essa técnica de gravação promove flexibilidade no processamento de cores RGB, que pode ser adiado para a pós-produção ou ajustado em campo, sem afetar a qualidade da imagem RAW gravada ou o alcance dinâmico”, completa a RED.
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