O começo da transição do barramento PCI para o PCI Express em 2004 foi uma situação corriqueira, porque a indústria já esperava que a transição ocorresse. Acontece que a importância do barramento, os prospectos que ele abria para a indústria e as mudanças que sua implementação causariam são difíceis de subestimar.
O barramento PCI original, apresentado em 1993, foi uma revolução para a época. Embora continuasse sendo usado por muitos dispositivos, em 1997 (quando o AGP foi apresentado) já estava claro que sua banda não era suficiente para os aceleradores gráficos, e a expansibilidade da banda do PCI era muito limitada, não podendo crescer tão rápido quanto a demanda de vários periféricos. O PCI-X resolveu o problema nos servidores, mas raramente dava as caras em computadores desktop, e não podia ser usado em notebooks. Uma abordagem paralela à transferência de dados, onde uma grande quantidade de links de baixa velocidade era necessária, implicava em placas maiores graças ao conector grande. Foi em 1999 que engenheiros da Intel, da Compaq (hoje HP), da IBM e da Dell começaram a projetar um novo barramento serial de interconexão de alto desempenho com o codinome Arapahoe.
O barramento PCI Express é baseado em links seriais ponto a ponto, e portanto é muito expansível em termos de quantidade de vias de tráfego e velocidade de clock. Ele oferece várias inovações que não estavam disponíveis em barramentos internos mais antigos. E com tudo isso, o PCIe continua mantendo a compatibilidade de software com o PCI convencional. A primeira versão do padrão já oferecia banda de 250 MB/s por cada via PCI Express, em comparação aos 33 MB/s do PCI de 32 bits e 33 MHz.
A banda maior e a capacidade de configurar e reconfigurar a quantidade de vias dinamicamente não só aumentava o desempenho dos computadores pessoais como também abria as portas para várias tecnologias e dispositivos antes impossíveis no desktop.
O barramento PCI Express permitia aos projetistas de chips levarem as configurações de mais de uma GPU ao mercado, coisa que o AGP não tinha como fazer. Os fabricantes de SSDs e controladores RAID já não estavam mais limitados pela banda. Agora era possível criar placas de rede Ethernet de 40 ou 100 Gb. Muitos aplicativos devoradores de banda se beneficiaram enormemente das versões 1.x e 2.x do PCI Express, e a versão 3.0 promete muitas melhorias relacionadas a protocolos, que devem aumentar a eficiência de aplicativos baseados em GPGPUs.
Mas nem todas as empresas se beneficiaram da chegada do PCI Express. A Creative Technology, por exemplo, que era a campeã no áudio de alta qualidade no PC, não conseguiu criar processadores de áudio que se beneficiassem das inovações do PCIe a tempo, presumindo que a banda extra não seria necessária para o áudio. Com isso, um dia a empresa descobriu que suas placas de áudio de alto custo não tinham como competir com as soluções integradas e baratas, já que suas vantagens não se faziam óbvias para a maioria dos usuários finais. É óbvio que o barramento PCIe sozinho não teria ajudado muito à Creative, mas poderia ao menos ter preparado o terreno para uma abordagem criativa da empresa, resultando em novos recursos. Vários outros nomes expressivos do passado também não conseguiram se beneficiar da revolução do PCI Express, e caíram no esquecimento.
A partir de 2011, alguns chipsets da Intel Corp. vão abandonar o suporte ao PCI. Vai ser o fim da linha do barramento após 17 anos de existência (reinando como barramento principal dos PCs por 11 desses anos). Já a tecnologia PCI Express está sendo desenvolvida ativamente mesmo estando há seis anos no mercado. Do jeito que as coisas vão, talvez o PCIe viva bem mais do que seu antecessor.
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