Ao longo da história da computação, os fabricantes de CPUs só propagandeavam uma característica de seus microprocessadores: o desempenho. No meio da década, tanto AMD quanto Intel começaram a dar destaque a outras qualidades de seus chips, como eficiência energética, desempenho por watt e custo da plataforma, mas a maioria dos consumidores ainda acreditavam no desempenho puro. Com o chip Atom apresentado em 2008, o maior fabricante de chips do mundo simplesmente ignorou o fator desempenho: a única coisa que o Atom tinha que oferecer era uma velocidade boa o bastante para aplicativos básicos.
Há anos o desempenho das CPUs vinha crescendo em um ritmo acelerado, mas muitos consumidores não precisavam desse nível de desempenho para conferir o email, navegar na internet e realizar outras tarefas básicas. Mas eles precisavam de tamanhos, pesos e preços menores, e da capacidade de realizar suas tarefas simples do dia a dia. A Intel entendeu essa demanda, e projetou seu chip Atom do zero para atender a essas exigências.
Em vez de diminuir o clock dos processadores pré-existentes e reduzir o cache, a Intel pegou um núcleo Pentium de 1993, adicionou vários extensões modernas, tecnologia Hyper-Threading, aumentou a velocidade do clock (entre 800 MHz e 1,86 GHz) e incluiu várias técnicas de gerenciamento de energia, como a tecnologia Deep Power Down (C6), o modo CMOS, a fonte de alimentação de E/S dividida e por aí vai. Com isso, a empresa conseguiu um chip com 47 milhões de transistores, produzido com tecnologia de 45 nm e custando um punhado de dólares para fabricar. Ele era capaz de rodar o Windows, um cliente de email, um navegador, um processador de texto, um player de música e outros aplicativos básicos.
Graças ao baixo custo (entre 40 e 60 dólares) e ao baixo consumo de energia (entre 4 e 6 W), o Intel Atom logo ganhou popularidade entre os fabricantes de notebooks pequenos de baixo custo, os chamados netbooks. Em 2008 a empresa vendeu dezenas de milhões de unidades do Intel Atom, e os chips estabeleceram uma categoria completamente nova de produtos.
O lançamento do Intel Atom em 2008 marcou uma divisão na tendência evolutiva das CPUs. Uma linha de microprocessadores continua progredindo rapidamente e conquistando marcos de desempenho; outra avança devagar para poder atender a demandas computacionais básicas com baixo consumo de energia e baixo custo. Lançando o Atom, a Intel declarava abertamente seus planos de entrar no mercado de smartphones com “sistemas em um chip” que adotariam essa tecnologia.
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