O Red Hat é a segunda distribuição mais usada no mundo, perdendo apenas para o Mandrake. Ele também é uma das distribuições mais antigas que serviu de base para o desenvolvimento das primeiras versões do Mandrake e do Conectiva, entre outras distribuições. O Red Hat é ainda a distribuição mais usada em empresas, em parte graças ao suporte oficial e aos programas de certificação. Enfim, existem motivos de sobra para acompanharmos o que eles andam fazendo. Vamos lá 🙂
A instalação do Red Hat é bem simples, mais ou menos no nível do Mandrake. Basicamente, se você simplesmente responder “sim” ou “next” em todas as perguntas o sistema vai acabar sendo instalado sem maiores problemas. As perguntas apenas permitem que você escolha como quer particionar o disco, em qual linguagem o sistema deve ser instalado, qual resolução de vídeo prefere e assim por diante. O instalador faz a maior parte do trabalho sozinho. Lembre-se apenas que como sempre podem existir casos de componentes incompatíveis com a distribuição, principalmente se você usa uma placa mãe muito barata. Nenhuma instalação é completamente livre de problemas.
Como sempre, o primeiro passo é dar boot através do CD-ROM de instalação. Caso você esteja usando um PC antigo, que ainda não suporte este recurso, basta fazer os disquetes de boot.
A partir da versão 8.1 (a versão final deve ser lançada agora em Abril de 2003) o layout dos disquetes de boot mudou um pouco. Para instalar a partir do CD ou a partir de arquivos copiados para uma partição do HD é preciso fazer um único disquete, gravando a imagem bootdisk.img, encontrada na pasta /images do CD1. Para instalar via rede é necessário um segundo disquete, o drvnet.img (placas PCI ou ISA) ou o pcmciadd.img (para notebooks com placas PCMCIA). Os disquetes são necessários nos casos em que o PC não suporta boot via CD-ROM ou caso você esteja usando um drive USB.
A partir do Red Hat 8.0 o instalador se oferece para testar a integridade dos CDs de instalação através do md5sum. Este é um teste bit a bit que garante que não existe nenhum problema de gravação. Se um único bit vier alterado você é avisado do problema. Num CD-ROM de 48x o teste demora em média 4 minutos para cada CD, vale à pena.
A primeira pergunta do instalador sobre a linguagem se aplica apenas à linguagem que será usada durante a instalação. A escolha da linguagem do sistema é feita bem mais pra frente, quase no final da instalação onde você pode instalar “linguagens adicionais”. O Português do Brasil está entre as opções nas duas etapas, uma vez instalado o suporte os programas já são configurados automaticamente.
Na hora de particionar o disco você terá a opção de usar o fdisk (em modo texto, recomendável apenas se você já sabe trabalhar com ele) e o Disk Druid, que possui uma interface gráfica bastante amigável. Evite usar o particionamento automático, pois ele presume que você quer instalar o Red Hat como sistema operacional principal e apaga todos os dados do HD.
No Disk Druid basta clicar sobre as partições, representadas pelo mapa na parte superior da tela e acessar as opções para deletar, criar nova partição e assim por diante. As regras são as mesmas válidas para o Mandrake e Slackware, ou seja, criar uma partição raiz de uns 4 a 5 GB, uma partição /home englobando a maior parte do disco, uma partição swap e, opcionalmente, outras partições desejadas.
O Red Hat possui algumas limitações no particionamento do disco. Ele não oferece a opção de redimensionar partições Windows, nem de formatar partições em ReiserFS (apenas EXT3 e outros sistemas).
Ao contrário de outras distribuições ele não bipassa a limitação de placas mãe antigas quanto a HDs maiores de 8 GB (o problema dos 1024 cilindros). Caso você esteja usando um PC antigo que possua esta limitação você terá que criar a partição raiz (/) do sistema dentro dos primeiros 8 GB e criar outras partições (/home por exemplo) englobando o restante.
Como disse, outras distribuições são capazes de bipassar esta limitação do BIOS, dando boot a partir de qualquer lugar do disco. Se você for instalar o Red Hat junto com outras distribuições prefira deixar o Red Hat numa partição logo no início do disco.
Na hora de instalar o gerenciador de boot, existe a opção de instalar o Grub ou o Lilo. O Lilo não é oficialmente suportado pelo Red Hat e o pacote inclui uma versão antiga, aparentemente incluída apenas por formalidade. É recomendável usar mesmo o Grub, que vem configurado com um menu gráfico bastante agradável. Em algumas instalações o Lilo incluído não é sequer capaz de bootar o sistema depois da instalação.
O gerenciador de boot é sempre instalado na MBR por default, caso você queira instala-lo na partição (dual-boot com outras distribuições Linux ou BSD) acesse as opções avançadas.
Na hora de configurar a rede, o próprio instalador se encarrega de detectar as placas de rede e hardmodems instalados no sistema e pedir as configurações de cada um. Lembre-se que o instalador não é capaz de detectar softmodems, que devem ser instalados depois, seguindo as instruções do capítulo 4 deste livro.
O Red Hat inclui um firewall simplificado que permite bloquear o acesso a alguns serviços instalados no sistema, como o Apache, FTP, SSH, etc. Você deve indicar qual é a interface de rede “confiável” ou seja, a placa que está ligada aos demais micros da rede local e qual é a interface ligada à internet. O objetivo do firewall é permitir que os clientes da rede local possam acessar os serviços normalmente, ao mesmo tempo em que os acessos vindos da Internet são barrados até que dito o contrário.
Em seguida basta configurar a senha de root e criar os logins dos usuários do sistema. Lembre-se de manter ativadas as opções “Enable MD5 Passwords” e “Enable Shadow Passwords” que habilitam respectivamente o suporte a senhas de mais de 8 caracteres e o armazenamento de senhas em forma encriptada. Bem, senhas com menos de 8 caracteres e ainda por cima gravadas no disco em texto puro não são muito recomendáveis não é mesmo? 🙂
Depois disso chegamos ao ponto alto da instalação, que é a seleção dos pacotes. Os pacotes estão divididos em poucas categorias, as tradicionais “Gnome”, “KDE”, “Jogos”, “Escritório”, “Desenvolvimento”, etc. É recomendável marcar sempre tanto o Gnome quanto o KDE, além da categoria de desenvolvimento caso você pretenda instalar programas a partir do código fonte. Dentro de cada categoria você tem acesso a alguns os programas incluídos nela:
O Red Hat é grande, é recomendável reservar uma partição de pelo menos 4 GB. Uma instalação típica do 8.0 consome pouco mais de 2 GB, enquanto uma completa consome quase 3 GB. A maior parte dos pacotes são obrigatórios, por isso não é possível fazer uma instalação mínima. Mesmo desmarcando todas as opções do menu a instalação ainda consumirá 1.3 GB. Se você pretende instalar em menos que isso, a alternativa é usar o Slackware ou Mandrake.
Outra ressalva é que o Red Hat (assim como o Mandrake) é recomendável apenas para micros Pentium II ou K6-2 em diante com pelo menos 128 MB. É possível instalar o sistema em micros com apenas 64 MB mas o desempenho fica comprometido. Para micros antigos o ideal é utilizar o Slackware ou o Vector Linux. Veja detalhes sobre como instalar o Linux em micros antigos no capítulo 6 deste livro.
A cópia dos pacotes demora um pouco devido à grande quantidade de softwares, mas o restante da instalação é bastante tranqüila. Para o final fica faltando apenas a configuração do vídeo, que se resume basicamente a indicar qual é a resolução desejada, já que o instalador detecta a placa de vídeo e o monitor usados.
A) Assim como no caso do Mandrake 9.0, o instalador continua com basicamente as mesmas opções das versões anteriores (7.x). No caso do Red Hat as mudanças são apenas o melhor suporte a Hardware (como em toda nova versão) e melhorias na qualidade das fontes e alguns gráficos exibidos pelo instalador. Quem já instalou o Red Hat 7.2 ou 7.3 não terá a mínima dificuldade com este.
B) O Bluecurve, o “desktop integrado” proposto pela Red Hat se revelou muito menos problemático do que muitos pensavam. Basicamente ele é um tema que pode ser usado tanto no Gnome quanto no KDE. Você pode desabilitá-lo se quiser e usar o tema de sua preferência, mas ele oferece vários motivos para você não fazer isso.
A principal vantagem é que usando o Bluecurve o visual e comportamento dos aplicativos do KDE e Gnome ficam muito semelhantes, na verdade ele é bem mais do que um simples tema, implicando em várias modificações nas duas APIs, que asseguram uma perfeita interoperabilidade entre as duas famílias. Os ícones e fontes usados apresentam uma qualidade muito boa e o antialising de fontes do Gnome 2.0 (que ao utilizar o Bluecurve passa a ser usado também no KDE) dá um efeito muito bonito. Se você já utilizou o MacOS X vai notar uma grande semelhança na qualidade das fontes. Outra observação é que a instalação de fontes true-type pode ser feita apenas copiando as fontes desejadas para a pasta .fonts, dentro do seu diretório de usuário.
C) O Red Hat 8.0 é um “business desktop” declarado. O principal alvo são empresas interessadas em migrar seus desktops para o Linux, não os usuários domésticos. O principal reflexo disso é que apesar de todo o cuidado com a Interface, o sistema não vem com praticamente nenhum suporte multimídia por default. Nada de flash ou java, nada de programas de visualização de vídeos (nem mesmo o Xine ou o Xmovie), nada de suporte a plug-ins como o Real Video e nem mesmo suporte nativo a arquivos em MP3. É preciso instalar tudo posteriormente (veja o tópico a seguir), o que sem dívida pode desanimar muitos usuários iniciantes, que ao contrário de alguém usando o sistema no trabalho não pode contar com o departamento de suporte.
É muito bom perceber que tanto o Mandrake 9.0 quanto o Red Hat 8.0 conseguiram atingir uma maturidade muito grande. Ambos oferecem uma qualidade visual excelente e uma facilidade de uso ainda maior que nas versões anteriores. No que diz respeito à distribuição de qualidade, estamos muito bem servidos 🙂
Muita gente que já está usando o novo Red Hat ou então está considerando migrar para ele atraído pelo antialising, a maior interoperabilidade entre o KDE e o Gnome e as novas ferramentas de configuração acaba ficando em dúvida sobre a questão do suporte a multimídia.
Devido à restrições nas licenças o Red Hat não inclui suporte nativa à MP3, nem DVD, nem nenhum dois principais plug-ins para os navegadores, como o Flash, Real Player e Acrobat.
Isto não deixa de ser sempre uma notícia desagradável, mas nada que não possa ser corrigido depois da instalação. Para ouvir MP3, use o XMMS, que pode ser baixado em:
http://www.xmms.org/download.html
Depois de instalar o pacote basta teclar “xmms” num terminal ou criar um atalho no desktop para o “/usr/bin/xmms”.
Outra opção é o bom e velho mpg123 (modo texto) que está disponível em: http://www.mpg123.org
O formato MP3 sempre foi proprietário, mas agora o pessoal do instituto Fraunhofer está tornando a licença cada vez mais restritiva, tentando cobrar não apenas pelo encoder, mas também pelo decoder, necessário para ouvir as músicas. Ou seja, em breve pode ser que não existem mais MP3 Players gratuítos. O ideal é começar a converter seus MP3 para o formato ogg, que é livre (até mesmo para uso comercial) e oferece uma taxa de compressão maior. Você pode converter as músicas usando o grip (incluído no Red Hat e em outras distribuições ou outro dos programas gratuitos listados no http://www.vorbis.com
Os arquivos .ogg já podem ser ouvidos nas versões recentes de todos os principais players, seja para Linux, Windows ou outra plataforma. Atualize o seu:
http://www.vorbis.com/software.psp
Para assistir DVDs, basta seguir as dicas do capítulo 3 deste livro. Basicamente você precisa baixar dois pacotes, o libdvdread e o libdvdcss e ter instalado um player como o Xine.
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