Em matérias anteriores, já aprendemos como configurar um servidor de arquivos Linux, configurando o Samba através do Swat. Desta vez vamos aprender os truques mais simples, quer permitem criar compartilhamentos com mais facilidade e acessar os compartilhamentos de rede ao usar o Linux também como cliente. Onde será que foi parar o Windows que estava aqui? 🙂
A configuração do Samba através do Swat é bem simples para configurar um servidor de arquivos por exemplo. Mas, e se você quiser permitir que os usuários também criem compartilhamentos, assim como no Windows? Não seria muito prático ter que ensiná-los a usar o Swat, sem falar que seria como dar uma arma na mão de uma criança.
O KDE possui um módulo que resolve este último problema, permitindo que os usuários compartilhem arquivos dentro dos seus respectivos diretórios de usuário de uma forma bastante simples, algo parecido com o que temos no Windows 98.
Como os arquivos podem apenas compartilhar seus próprios arquivos, a possibilidade de danos ao sistema é pequena. Se você tiver um firewall isolando a sua rede local da Internet você poderá conviver com isso sem muitos sustos 🙂
Dentro do Centro de Controle do KDE, acesse a seção Network > File Sharing e marque a opção “Allow users to share files fron their HOME directory”:
A partir daí os usuários poderão compartilhar pastas simplesmente acessando a opção “Share”:
Basta marcar a opção “Local Net Sharing” (compartilhamento com a rede local) e o compartilhamento já será criado. Por default outros usuários poderão apenas ler o conteúdo da pasta, mas sem permissão de escrita. Isso pode ser mudado na aba “Permissions”, basta marcar as permissões de escrita para o grupo ou para todos os outros usuários.
Este compartilhamento do KDE faz na verdade um duplo compartilhamento. Além do Samba, os compartilhamentos ficam disponíveis na rede através do NFS, permitindo que você possa escolher qual protocolo prefere usar em cada caso. Lembre-se que se você não quiser o compartilhamento via NFS basta desativar (ou desinstalar) o serviço “NFS“
Naturalmente, para que o compartilhamento funcione, você deverá ter o servidor e o cliente Samba instalado no sistema e manter o serviço SMB ativo.
No Mandrake:
# urpmi samba-client
# chkconfig smb on
(para habilitar o serviço)
No Debian (e derivados) e no Conectiva:
# apt-get install smbclient
O Samba também inclui um módulo cliente, o smbclient que pode ser usado para fazer inverso, ou seja, acessar compartilhamentos de máquinas Windows apartir do Linux.
Assim como o cdrecord usado pelo xcdroast e tantos outros exemplos, o smbclient é um programa base, que pode ser tanto usando diretamente (via texto) ou então usado com a ajuda de um utilitário gráfico que torne a coisa mais palatável e prática.
Como o nome sugere, o LinNeighborhood visa simular um “ambiente de rede” nos clientes Linux. Ele pode ser usado tanto para acessar compartilhamentos de máquinas Windows quanto de outros micros Linux que estejam rodando um servidor Samba.
Ele pode ser encontrado na maioria das distribuições. Se ele não estiver instalado no seu sistema, instale-o com o comando “urpmi linneighborhood” (no Mandrake) ou “apt-get install linneighborhood” (Debian e derivados ou Conectiva). Se por acaso você não encontrá-lo nos CDs de instalação, baixe no site oficial: http://www.bnro.de/~schmidjo/
O programa é bem plug-and play. Poucos segundos depois de abrí-lo você já verá uma lista com os grupos de trabalho e hosts disponíveis na rede:
Se os compartilhamentos estiverem disponíveis com controle de acesso por usuário, o que é o default no Windows NT/2000/XP, os compartilhamentos não aparecerão imediatamente. Clique com o botão direito sobre o grupo e acesse a opção “scan group as user”:
É exatamente o que você está pensando 🙂 Se os compartilhamentos estão disponíveis com autenticação por usuário, você precisa fornecer um usuário e senha válidos para acessá-los. Uma das vantagens do LinNeighborhood é que ele permite que você utilize um login diferente em cada host ou em cada compartilhamento se necessário.
Depois de devidamente identificado, você será capaz de ver os compartilhamentos disponíveis na rede. Toda a configuração do linneighborhood é feita com o seu próprio login de usuário, não há necessidade de usar o root.
Para que os compartilhamentos fiquem acessíveis, falta apenas monta-los. Para isso clique sobre um compartilhamento e selecione a opção “mount“
Por default o linneighborhood montará todos os compartilhamentos dentro da pasta “mnt”, no seu diretório de usuário, mas você pode montar em outra pasta qualquer se desejar.
Numa máquina que é usada por vários usuários, você pode criar uma pasta “Ambiente de Rede” no diretório raiz e montar todos os compartilhamentos de rede dentro dela. Assim a mesma configuração serve para todos os usuários e você ainda cria um ambiente semelhante ao que eles estão acostumados no Windows.
Depois de montados os compartilhamentos aparecem no gerenciador de arquivos como se fossem pastas do sistema. Você pode navegar, abrir e salvar arquivos, mover arquivos, etc:
Claro que não seria muito legal ter esse trabalho toda vez que você ligar o sistema. Para que os compartilhamentos sejam montados automaticamente quando você ligar o micro, clique em Edit > Preferences na tela principal do linneighborhood:
Na aba Miscellaneous marque a opção “Memorize Mounted Shares / Remount on Next Startup”, clique em “Save” e voilá, mais um problema resolvido.
Na aba “scan” você pode editar mais algumas opções caso necessário. Você pode por exemplo indicar manualmente o IP ou nome do servidor com a função de master browser na rede, o que agiliza um pouco a navegação na rede:
Outro exemplo de front-end gráfico para o smbclient é o Komba2. Ele não costuma ser incluído nas distribuições e por isso não é tão usado quanto o linneighborhood, mas não deixa de ser uma opção interessante:
Para facilitar, o Komba monta os compartilhamentos por default dentro da pasta “komba”, dentro do seu diretório de usuário. Facilita as coisas no início, principalmente se você for utiliza-lo numa rede onde os usuários não estão muito familiarizados com o conceito de montagem e desmontagem.
É possível inclusive configurar o komba para montar os compartilhamentos automaticamente ao ser aberto e fecha-los ao ser finalizado. Para isto, basta marcar as opções “Unmount all connections on exit” e “remount all on next start” em Configurações > Configurar > Scan/Mount.
Clicando sobre um compartilhamento você pode inserir seu login e senha de usuário, que será usado para acessar o compartilhamento. É possível definir um login e senha diferentes para cada compartilhamento, para cada PC ou mesmo usar o mesmo login para todos os compartilhamentos da rede. Você pode ainda configura-lo para pedir a senha ao acessar cada compartilhamento, caso precise de mais segurança.
Já tive a oportunidade de usar o Komba e o Linneighborhood durante um bom tempo junto com uma outra máquina Windows 2000. Por incrível que possa parecer, as duplas Samba/Komba ou Samba/Linneighborhood funcionam melhor, sempre conseguindo exibir todos os compartilhamentos disponíveis na rede corretamente, enquanto o Windows se perde muito fácil: demora para exibir micros que acabaram de ser ligados, trava durante um tempinho ao tentar acessar um micro que foi desligado, mas que continua aparecendo no ambiente de rede e assim por diante.
O Komba chegou a ser incluído no Mandrake 9.0 mas sumiu novamente no 9.1. Você também pode encontrá-lo no Kurumin. Se ele já estiver instalado, basta chama-lo usando o comando: “komba2“
Caso não esteja, procure pelo pacote nos CDs da distribuição, ou baixe a versão mais recente no site oficial:
http://zeus.fh-brandenburg.de/~schwanz/php/download.php3
Aqui estão disponíveis pacotes em RPM para o Red Hat (que também podem ser usados no Mandrake e Conectiva) pacotes para o Debian e os tradicionais .tar.gz para usuários de outras distribuições.
Um detalhe importante é que existem versões separadas para o KDE 2 e para o KDE 3. As versões para o KDE 2 não funcionam nas distribuições baseadas no KDE 3, a menos que você tenha as duas versões instaladas.
Para os pacotes em rpm basta usar o “urpmi pacote” ou “rpm -ivh pacote” e no caso do .tar.gz basta descompacta-lo com o comando “tar -zxvf pacote” e depois dar o tradicional “./configure”, “make”, “make install”, assim como já fizemos centenas de vezes até chegar aqui 🙂
Obs: O Mandrake 8.2 tem um pequeno problema com o arquivo libpng.o.2 usado pelo Komba, basicamente atualizaram para a versão 3 mas esqueceram de incluir um link com o nome da versão antiga 🙂 Não sei se o problema afeta outras distribuições, mas de qualquer forma é simples de corrigir.
Basta dar o comando (como root):
Pronto, agora o Komba vai instalar e rodar normalmente, basta chama-lo com o comando “komba2“.
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