As redes 802.b podem resolver o problema da “última milha”, o maior obstáculo para a popularização do acesso rápido à Internet. O preço dos links de fibra óptica usados pelos provedores vêm, caindo numa razão de quase 50% ao ano. A banda está ficando cada vez mais barata e esta tendência deve manter-se pelas próximas décadas, já que a capacidade de transmissão de dados das fibras ópticas está muito longe de chegar ao limite.
O grande problema é como levar estes links de alta velocidade para os usuários. A grande utopia seria levar cabos de fibra óptica até a cada de cada um, o que resolveria de uma vez por todas o problema. De fato, alguns condomínios já oferecem acesso rápido via fibra óptica para os moradores, já que neste caso precisamos de um único link que é compartilhado entre todos os moradores, ao invés de um para cada casa.
O ADSL e o acesso via cabo aproveitam a infra-estrutura de cabos que já existe, mas também se revelaram soluções problemáticas, já que os aparelhos necessários tanto nas centrais quanto na casa dos usuários também demandam um investimento muito grande e com mensalidades de 50 ou 80 reais o retorno não é tão rápido assim.
Já havia comentado em outros artigos a grande possibilidade de shoppings, aeroportos, escolas, empresas, etc. aproveitarem a flexibilidade e o baixo custo (comparado com outras tecnologias de redes sem fio) das redes 802.11b para estabelecerem redes de acesso público à web, como uma comodidade a seus clientes, o que de fato já está se tornando comum nos EUA.
Mas, duas iniciativas mostram que as redes sem fio podem ir muito mais longe.
A primeira é a da Boingo, uma pequena start-up fundada por Sky Darton, o mesmo que a alguns anos atrás fundou a Earthlink. A idéia da Boingo é interligar todas as pequenas redes Wireless que já existem, além de investir no aumento da estrutura, de forma a oferecer um serviço de acesso à web com cobertura em várias cidades dos EUA. O acesso ilimitado custará US$ 75, que serão divididos entre a Boingo e os provedores associados.
Naturalmente várias das gigantes do mercado de telecomunicações estão de olho na idéia, a Boingo está apenas sendo a primeira a coloca-la em prática.
75 dólares por mês parece um pouco caro não é mesmo? Que tal então se o mesmo serviço fosse oferecido de graça? Esta é a idéia defendida pelo http://www.freenetworks.org/ uma entidade sem fins lucrativos constituída por vários grupos de usuários espalhados pelo mundo que estão tentando estabelecer redes sem fio para acesso à Web nas principais cidades.
A idéia aqui também é a cooperação. Os usuários com banda larga instalam pontos de acesso com antenas de longo alcance e distribuem o sinal entre os vizinhos. Outros usuários colaboram instalando mais pontos de acesso para que a rede se estenda por uma área maior.
Como comentei no tutorial de novas tecnologias de redes (https://www.hardware.com.br/tutoriais/novas-tecnologias-rede/) é possível aumentar o alcance das redes 802.11b para até 500 metros, usando antenas adequadas. Uma antena Yagi colocada perto da janela de um apartamento no 5º andar por exemplo vai cobrir uma área muito grande da cidade, onde qualquer um poderá acessar a Web de graça, através da rede pública. Outros pontos de acesso instalados dentro da área coberta podem estender ainda mais a área de cobertura, como você pode ver no esquema que improvisei, mostrando a área do centro de São Paulo que poderia ser coberta por apenas três usuários compartilhando suas conexões, e mais alguns pontos de acesso instalados nas proximidades:
O interessante é que não é preciso um grande investimento para construir uma rede como esta, já que os usuários estão aproveitando os PCs e conexões que já possuem e os pontos de acesso 802.11b continuam caindo de preço.
Vale lembrar que a maioria dos contratos de acesso via banda larga estipula que os usuários não podem compartilhar as conexões. Se a idéia pegar, as prestadoras de serviço com certeza vão tentar impedir de alguma forma o compartilhamento.
Mas, uma idéia mais inteligente por parte delas poderia ser simplesmente aproveitar a idéia para criar um serviço de acesso pago em parceria com os usuários, que se comprometeriam a manter o PC ligado 24 horas, compartilhando a conexão em troca de algum pagamento, de um link de alta velocidade ou outra idéia qualquer. A operadora entraria com o equipamento e suporte e teria a chance de expandir rapidamente a rede a um custo muito baixo. Seria um modelo semelhante ao da Boingo, mas feito em parceria com os próprios usuários do serviço.
A moral da história é que as redes 802.11b podem mostrar-se uma forte alternativa aos celulares 3G na área de acesso sem fio, caso os grupos de usuários continuem crescendo ou caso alguma grande empresa resolva investir na idéia. Você poderá estar acessando a Web de qualquer lugar antes do que pensa 😉
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