Design, usabilidade e marketing: os três pilares da Apple?

Design, usabilidade e marketing: os três pilares da Apple?

Desta vez, preciso me redimir. Critico bastante a postura da Apple (sempre quando posso), além de questionar muito a suposta qualidade e inovação de seus produtos, mas também tenho que reconhecer as suas qualidades. E a apresentação de seus produtos, sempre em torno de uma aura de mistérios, nos dá a interessante impressão de estarmos lidando com algo fantástico, mesmo sabendo em condições normais, não é “bem assim”…

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O que torna os produtos da Apple tão vislumbrantes para o seu público aficcionado? Muitos resumiriam a resposta em “Steve Jobs” e o “logotipo da Maçã”, mas reconheço algo além disso. Tirando certas práticas restritivas e algumas atitudes anti-éticas (mas que funcionam), praticamente poderia consagrar o seu sucesso em apenas 3 palavras que na minha opinião, são os pilares da empresa: design, usabilidade e marketing.

Imagine a seguinte situação: você está numa calçada de um centro urbano e, ao olhar para o outro lado da rua, nota a vitrine de uma loja de eletrônicos. Em sua prateleira, observa uma série de produtos de informática à venda, como telefones celulares, notebooks, câmeras, tablets, entre muitos outros da categoria. Dada a distância, não haveria como identificar a marca dos aparelhos, embora fosse perfeitamente possível vê-los. Pergunto: como você saberia que um determinado produto, visto entre os demais da vitrine, seria fabricado pela Apple?

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Branquinho, com contornos bem delineados e uma estética super-clean, certamente seriam os atributos notados no dispositivo visto à distância para serem reconhecidos como produtos típicos da Apple. Em poucas palavras, o seu belo e elegante design seria a assinatura que não se passaria por desapercebido pelos consumidores, diferenciando os seus produtos tal como uma bolinha azul branca no meio das vermelhas pretas! No máximo, a única possibilidade deles serem confundidos à distância com outros fabricantes seria se houvesse na mesma prateleira, certos clones “made in Taiwan”; mesmo assim, algumas ressalvas devem ser consideradas… 🙂

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Para se ter uma ideia, simplesmente não encontro palavras para descrever as minhas impressões sobre o design dos produtos da Apple com precisão. Sim, confesso à vocês: mesmo não tendo simpatia à esta companhia, sou um profundo admirador da beleza e do capricho de seus produtos, sintetizados em um design “único” (mas felizmente, o meu “lado técnico” suplanta o meu “lado fashion”, por isso as minhas opções de compra acabam sendo decididas pelas especificações técnicas do produto). Aliás, estamos falando do mesmo design que fazem as mulheres suspirarem por eles e os estúdios de Holywood utilizá-los para ilustrarem as cenas de seus filmes!

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Mas por outro lado, de que adianta um produto ser belíssimo, se não for fácil e agradável de usar? Por exemplo, seria extremamente inconveniente ter que acessar uma determinada função de um gadget, com meia dúzia de atalhos e malabarismos, tal como acontece em muitos produtos da concorrência. Mas não para a Apple: a usabilidade de seus produtos é projetada de maneira tão intuitiva, prática e eficiente, que a impressão geral de seus consumidores é de estarem habituados à seus produtos como se tivessem utilizando-os há anos, mesmo tendo sido comprados recentemente!

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iPad, o novo table da Apple que, apesar das suas limitações técnicas, é bem recebido pela crítica especializada.

A interface simples, combinada com controles e botões objetivos, tornaram o uso de seu produtos mais fácil agradável, sob o ponto de vista do usuário. Inclusive, muitas funções podem ser perfeitamente acessadas sem a necessidade de visualizar a interface, como é o caso de uma simples troca de faixa ou aumento do volume (som) de um iPod, em situações onde lhe é impossibilitado retirar o aparelho do bolso (como em transportes públicos). Está bem, sei que muitos outros aparelhos também podem prover de tais funções sem necessariamente serem visualizados; mas destes, quantos inovaram à ponto de remover a interface (LCD) sem prejudicar a usabilidade do produto?

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iPod shuffle: excelente usabilidade, mesmo sem uma interface…

Em outras situações, as interfaces touchscreen combinadas com a interatividade do sistema operacional, acabam trazendo experiências únicas aos seus usuários. Por exemplo, quem nunca se vislumbrou pela facilidade do iPhone em exibir fotos e aplicar o zoom em detalhes através da abertura dos dedos indicadores e polegar, ou ainda, rolar páginas da WEB através de simples gestos no navegador? E o mais interessante, não só o iPhone, como também outros produtos da Apple, são dotados de interfaces touchscreen, como o iPod e o iPad. Mas, a digitação de textos na interface touchscreen deixa à desejar em alguns aspectos, visto que o teclado convencional é suprimido (ou melhor dizendo, se tornou “desnecessário”). Se não fosse este “mero detalhe”, a sua usabilidade poderia ser considerada perfeita, digna dos maiores louvores.

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Por fim, vem o marketing. À começar pelas semanas ou meses que precedem aos rumores de um possível lançamento, nada (que conheço) supera as expectativas e comoções causadas em torno dos produtos da Apple: quanto mais se espera de um produto, mais as atenções para ele são direcionadas, culminando em um incrível marketing viral! Foi assim com o iPhone; inclusive, lembram-se das filas que viravam a noite para a compra deste admirado smartphone? Agora, chegou a vez do iPad, que mesmo não dispondo de uma configuração de hardware forte, impressiona com a sua aceitação pelos críticos e a paciente espera de seus consumidores. Previsto para o início do mês de abril, já é de conhecimento da mídia especializada que a Apple não conseguirá suprir a demanda pelo seu tão admirado produto. Inclusive, novas filas irão se formar…

Interessante propaganda da Apple, produzida em 1984.

Então, que lições deveremos guardar?

Novamente, reafirmo: não sou simpático à certas práticas da Apple; no entanto, sempre tenho observado com dedicação todos os seus movimentos e ações, na eminência do lançamento de produtos e serviços, sempre procurando aprender algo novo. E o mais importante: ao buscar entender a mente humana e seus caprichos, acabamos ampliando a nossa intuição, capacidade de compreensão e aceitação para as novas ideias e conceitos, que por sua vez nos inspiram a criar coisas novas e originais! Em poucas palavras: queiram ou não, a Apple é uma grande escola!

Pena que eles ainda não lançaram o netbook oficial da companhia… &;-D

Por Ednei Pacheco <ednei.pacheco [at] gmail.com>

http://by-darkstar.blogspot.com/

Veja também: A história da Apple

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