Fedora 11 Review
Autor original: Simon Hildenbrand
Publicado originalmente no: distrowatch.com
Tradução: Roberto Bechtlufft
Hoje vamos dar uma olhada no Fedora 11 (Leonidas). Eu estava ansioso para experimentar a nova versão, já que a imprensa vem falando muito bem sobre as novas tecnologias e recursos que o Fedora está implementando, dando a entender que a nova versão seria melhor do que de costume. A última análise que fiz para o DistroWatch foi do Fedora 8 (codinome Werewolf), em novembro de 2007. Já passou algum tempo desde então, e muita coisa mudou para o Fedora e para o Linux no desktop, embora muitas coisas continuem as mesmas.
Fedora 11 – desktop GNOME padrão
Novos recursos
Os três maiores recursos novos do Fedora 11, na minha opinião, incluem a mudança para o novo sistema de arquivos ext4, a inicialização em vinte segundos e o MinGW. A mudança para o ext4 é uma grande atualização para o Fedora, e logo será também para todas as distribuições Linux. Trata-se de um recurso que a maioria dos usuários não vai notar imediatamente, mas que oferece um número substancial de pequenas melhorias que o tornam grande. As melhorias mais notáveis incluem um melhor desempenho, exclusão mais rápida de arquivos, tamanhos de arquivos maiores e verificações mais velozes do sistema de arquivos. A maior parte dessas melhorias não deve ser notada facilmente pelos usuários domésticos, mas ajuda o Fedora a chegar ao seu próximo recurso novo, a inicialização em vinte segundos.
As pessoas continuam migrando para laptops e netbooks ao comprar computadores novos. Iniciar o sistema em vinte segundos, um objetivo estabelecido pela equipe do Fedora, permitirá aos usuários ligar e desligar seus sistemas rapidamente, usando-os apenas quando precisarem. Isso não só é importante apenas para dispositivos móveis como netbooks como também é melhor para o meio ambiente, já que diminui a tendência que os usuários têm de manter os sistemas ligados o tempo todo. Os usuários não estão muito interessados em ter que esperar alguns minutos para iniciar seus sistemas, e fazer isso em menos de vinte segundos é mais um bom motivo para que o Linux seja a escolha ideal.
O último grande recurso é o MinGW. O MinGW permite aos desenvolvedores de sistemas compilar seus programas para o Windows mesmo sem o Windows. Como acontece com o ext4, a maioria dos usuários domésticos não vai notar esse recurso, mas ele vai beneficiar muitos desenvolvedores de sistemas que criam aplicativos tanto para o Linux quanto para o Windows. Esse recurso agrega ainda mais valor à adoção do Linux. Esses três recursos que estou destacando não formam a lista completa de recursos novos e importantes do Fedora 11. Há vários outros recursos novos incluídos nesta versão, e se você ainda não tiver feito isso, eu recomendo que separe um minuto para ler as notas de versão.
Instalação e configuração
Eu instalei o Fedora 11 no meu laptop, um IBM x60 com processador Core 2 Duo de 2,0 GHz, 4 GB de memória, disco rígido de 200 GB e 7200 RPM, placa de vídeo onboard da Intel e placa de rede sem fio interna também da Intel. Usei o live-CD com o ambiente de desktop GNOME. O processo de instalação foi o mesmo das versões anteriores, correndo sem problemas, do jeito que deve ser. O Linux já amadureceu a tal ponto que não esperamos mais por tropeços ou travamentos aleatórios durante a instalação, que deve ser fácil e simples.
A instalação padrão do live-CD inclui os aplicativos básicos (como Firefox, Evolution, Pidgin, Transmission e outros), mas não inclui o OpenOffice.org. Também tentei instalar pelo DVD para ter certeza de que ele não tinha problemas, e o OpenOffice.org foi instalado por padrão, ou seja, se você precisar do OpenOffice.org, eu recomendo usar a instalação pelo DVD ou baixá-lo dos repositórios, o que é fácil de fazer.
Depois que a instalação foi concluída, instalei imediatamente algumas atualizações de software que estavam disponíveis e segui para o RPM Fusion para obter os codecs e o software extra que eu uso (principalmente o reprodutor de mídia VLC). Os arquivos RPM oferecidos pelo RPM Fusion para adicionar seus repositórios ao Fedora são fáceis de instalar, e tudo correu muito bem. A próxima etapa foi ir até o site da Adobe para instalar o Flash Player. Uma coisa legal da parte da Adobe é que ela disponibiliza um arquivo RPM para adicionar seu repositório de software ao Fedora. O repositório da Adobe permite instalar o Flash Player, além de atualizá-lo (bem como quaisquer outros softwares da Adobe que você instale usando esse repositório). De modo geral, se você vai usar o Fedora no desktop, é essencial adicionar esses dois repositórios, que complementam o que o Fedora oferece.
Outro recurso legal no processo de configuração que o Fedora implementou na versão 9 é o PackageKit. O PackageKit avisa quais codecs ou aplicativos eu preciso instalar para fazer o que eu quero. Por exemplo, depois de habilitar o RPM Fusion, a primeira coisa que eu tento fazer é reproduzir um arquivo MP3. O Fedora não toca arquivos MP3 logo de cara, mas quando eu tento abrir um, o PackageKit me diz qual codec eu preciso instalar. Eu aproveito para acrescentar um monte de codecs que vão me permitir reproduzir a maioria dos arquivos de áudio e vídeo de que eu preciso. Eu só preciso fazer isso e instalar o OpenOffice.org, o reprodutor de mídia VLC e o Adobe Flash Player para ter um desktop plenamente funcional, com tudo o que eu preciso.
Gerenciamento de pacotes
Ao instalar programas novos, eu percebi que o gerenciador de pacotes parece mais leve e rápido na realização de tarefas simples. Porém, recursos simples, como poder ordenar os pacotes pelo nome ao fazer buscas, ainda não foram implementados. São recursos simples que melhorariam a usabilidade do sistema e, para ser honesto, não entendo o motivo de ainda não terem sido implementados.
Outro recurso legal desenvolvido pelo Fedora é o Presto, que agiliza o download e a instalação das atualizações, baixando apenas as mudanças feitas nos arquivos, e não os arquivos inteiros. Fiquei um pouco perplexo ao ver o Fedora dar tanto destaque a esse recurso nas notas de versão, já que outros gerenciadores de pacotes já fazem isso há algum tempo. Também não sei ao certo porque isso não vem instalado por padrão, mas pelo menos já foi implementado.
Aparência
O Fedora 11 me impressionou até esse momento da análise, e foi aí que a coisa degringolou. A tecnologia e a engenharia do Fedora são fantásticas, mas o visual deixa muito a desejar. Na minha análise do Fedora 7, uma das coisas que eu destaquei foi a opção da distribuição de continuar usando o tema clássico de ícones, que está em uso há séculos. Curiosamente, o Fedora atualizou alguns ícones, mas outros continuam os mesmos. Vocês os verá sendo usados para a suíte do OpenOffice.org e em alguns itens dos menus de preferências e administração. A coisa piorou, porque agora o Fedora 11 misturou dois conjuntos de ícones, ou seja, há uma falta de coesão que denigre a interface de usuário.
Conjunto clássico de ícones do Fedora
Outra coisa que me decepcionou no Fedora 11 foram os efeitos de desktop. Eu entendo que o Fedora tenha hesitado em usar os efeitos de desktop por padrão quando as outras distribuições o fizeram, mas além de não colocar os efeitos de desktop como padrão, o Fedora ainda fez um péssimo trabalho com a integração dos efeitos ao ambiente de desktop. Na maioria das distribuições atualizadas, como o Ubuntu ou o SUSE Linux Enterprise, você vai encontrar detalhes que parecem insignificantes mas que são importantes, como o redimensionamento de janelas. Essas duas distribuições oferecem aos usuários mais do que a capacidade de usar janelas gelatinosas e o desktop em cubo.
A última coisa a me desapontar no visual do Fedora 11 foi o posicionamento dos botões e a aparência geral do desktop. O Fedora continua usando as barras de janela básicas em cinza, um estilo já bastante antigo. Espero que a comunidade Linux abandone logo esse estilo porque ele já estava fora de moda há três anos, e não vem recebendo muita atenção.
Eu também questiono o posicionamento de alguns botões. Para chegar à seção de preferências, por exemplo, é preciso clicar no menu Sistema, mas dá para chegar aos mesmos controles entrando no Centro de Controle, acessível pelo applet de troca de usuário. Outro item de design irritante é o seu nome ser escrito em negrito no applet de troca de usuário, mas sem negrito quando o applet é posicionado ao lado do relógio. Além disso, o texto do applet de troca de usuário e o applet do relógio não estão alinhados. De modo geral, o visual do Fedora denigre a experiência de usuário.
Conclusão
O Fedora é, e provavelmente continuará sendo, um projeto patrocinado pela Red Hat. Sendo assim, ele é voltado para os objetivos de seu patrocinador, ou seja, os dos usuários corporativos; mais especificamente, das tecnologias para servidores. A tecnologia implementada pelo Fedora é excelente. O Fedora é líder na engenharia e na implementação de novas tecnologias para o Linux, e quando o assunto é esse, o Fedora (e o Red Hat) não perde para ninguém. Mas se você está procurando por uma boa experiência de desktop, ou se quer migrar do Windows ou do Mac OS X, o Fedora não é a opção ideal. Ele é bom, mas a experiência do desktop não se compara à de outras distribuições voltadas para o usuário doméstico – falo mais especificamente do Ubuntu, do Mandriva e do OpenSUSE. Se a gente conseguisse fazer essa turma toda trabalhar de maneira mais unida…
Créditos a Simon Hildenbrand – http://distrowatch.com
Tradução por Roberto Bechtlufft <robertobech at gmail.com>
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