Se você gosta de comprar CPUs de cem dólares e placas especiais para liberar o “potencial oculto” da CPU e conseguir o mesmo nível de processamento de um microprocessador de 200 dólares, saiba que a Intel vai complicar a sua vida com a nova geração de chips Sandy Bridge Core série i.
O overclocking é uma prática conhecida e utilizada na indústria há tempos. A princípio, os procedimentos de overclocking eram relativamente simples, já que nem a AMD nem a Intel travavam os multiplicadores de suas CPUs, e era fácil alterar a velocidade mudando a configuração do multiplicador nas placas-mãe. Mas no fim dos anos noventa, a Intel começou a travar os multiplicadores para impedir que terceiros incrementassem CPUs de baixo custo e as vendessem a preços mais altos. A AMD fez o mesmo mais tarde com as CPUs Athlon. Com os multiplicadores travados, os amantes do overclocking tinham que alterar a frequência do barramento para alterar a velocidade de clock. Como as velocidades de clock dos barramentos de diversos periféricos eram definidas por geradores de clock diferentes, modificar a velocidade do PSB (barramento de sistema do processador) não tinha efeitos colaterais sobre outras velocidades.
A plataforma baseada no Sandy Bridge integra o gerador de clock ao chipset. Com isso, é impossível fazer overclocking do PSB, porque ele afetaria as velocidades de clock da interface serial ATA, da interface USB e de outros sistemas, levando a falhas mesmo quando o aumento de desempenho fosse mínimo. Mas a Intel pretende oferecer uma “solução”: chips especiais marcados com um “K”, que trarão multiplicador destravado e que vão custar mais do que os processadores LGA 1155 comuns. O bom é que os novos processadores vão ter uma tecnologia Turbo Boost mais avançada, fazendo overclocking automático e eliminando a necessidade de se realizar o processo manualmente.
“Travar” CPUs para evitar o overclocking é uma estratégia estranha, ao menos do ponto de vista dos negócios. A turma que faz overclocking e os gamers, que compram CPUs praticamente só para fazer overclocking, não é tão numerosa assim. As pessoas que gostam de fazer alterações em seus computadores para fins de entretenimento, como para jogar, e que fazem overclock de suas CPUs e GPUs para obter um desempenho melhor, pagam o que podem pagar. É difícil alguém desse meio decidir comprar CPUs mais caras. Essa jogada vai causar mais danos à reputação da empresa do que lucros financeiros. Obviamente, os PCs vão ficar um pouquinho mais baratos. O problema é que o público que se importa com uma diferença de dez dólares nunca nota nada que não diga respeito ao preço.
Os microprocessadores Sandy Bridge série E e os chipsets da família Patsburg não têm essas limitações. Mas essas plataformas também não vão ser realmente acessíveis, já que os fabricantes de placas-mãe provavelmente vão querer levar vantagem, e a Intel também.
No fim das contas, o overclocking, que já vinha se tornando uma prática cara nos últimos dez anos, agora vai exigir uma grana violentíssima.
Créditos a Anton Shilov – xbitlabs.com
Tradução por Roberto Bechtlufft <info at bechtranslations.com.br
Deixe seu comentário