“Já vi vários artigos seus pouco elogiosos para com a PC CHIPS e seus produtos. Em minha cidade, tenho visto (e montado) diversas máquinas baseadas nas MB da PC-Chips, quer seja na arquitetura Intel como AMD. Embora note menos desempenho nas
referidas em relação a máquinas que não usam dispositivos “onboard”, o fato é que, no geral (problemas, travamentos, etc…) não noto uma diferença tão grande entre esses produtos e os considerados “excelentes”.
Para citar um exemplo, em minha casa, tenho uma máquina com Celeron 533 numa PC-Chips “tudo-em-um” e um PIII 450 Infoway tudo “out-board”. Do ponto de vista de travamento (não de desempenho, claro) não há diferença entre as duas. Também já tive ou usei
máquinas com o K6 e essas MB sem maiores problemas. Então pergunto:
Suas restrições seriam quanto à qualidade das MBs ou somente ao desempenho? Em seus testes notou maior instabilidade em máquinas com essas MB?
Pergunto porque essas placas são muito baratas e constituem uma forma viável de se modificar velhas máquinas a preços reduzidos. Isso sem mencionar o fato de que os recursos dessas MBs (som, vídeo e rede, não modem) rodam bem também no Linux. Vale lembrar
também que foi justamente uma placa da PC-Chips (a M598 ou equivalente) a escolhida para integrar o tal projeto do “micro popular” apresentado recentemente pelo governo federal.
Eduardo Figueiredo”
Oi Eduardo, os meus comentários sobre as placas das PC-Chips são baseadas não apenas em experiência pessoal, que não é pouca, mas também em inúmeras queixas de usuários, opiniões de amigos que trabalham com venda de hardware, etc.
A PC-Chips é uma compania sediada em Hong Kong, que tem como missão produzir placas mãe baratas. Os principais compradores das placas são países de terceiro mundo, a maior parte da ásia, áfrica, parte da Europa, e é claro, o Brasil e outros países da
América latina. Eles não vendem para os EUA, aliás estas placas são desconhecidas por lá, em quase 4 anos de Internet, não li sequer uma análise de um modelo da PC-Chips publicado em algum site dos EUA.
Eu não vejo nada de errado em produzir componentes baratos, mas desde que seja mantida a qualidade. Além dos problemas de desempenho, que são conhecidos, como por exemplo aquele “problema” encontrado em muitos modelos da marca, onde ao invés de trabalhar
a 100 MHz, a placa trabalha a 95 ou mesmo 90 MHz (confira aqui), existe um grande número de placas com defeito que chegam aos vendedores. Alguns lojistas são cuidadosos a ponto de testar placa por placa e devolver as ruins, mas muitos não tomam esta
precaução, preferindo esperar que os compradores reclamem para então trocar as placas defeituosas. Vale lembrar que 20% de perda de desempenho equivale a trocar um Pentium III 800 por outro de 650 MHz. Acabaria saindo o mesmo preço comprar então um 650 e
uma boa placa mãe, tendo o mesmo desempenho com mais estabilidade e mais recursos.
Alguns defeitos são óbvios, uma placa que não funciona, mas outros resultam apenas em perda de estabilidade, travamentos esporádicos, incompatibilidade com os novos drivers da placa de vídeo, registro corrompido e outros fatores com os quais o usuário
acaba se conformando, achando ser “paus do Windows”.
Examine alguns dos modelos e você vai perceber que para conseguir reduzir custos são muitas vezes usados capacitores e outros componentes de baixa qualidade, não é raro a capacidade dos capacitores não atender aos padrões de alimentação elétrica do
barramento AGP por exemplo, entre outros possíveis problemas.
Mesmo se estes dois problemas, perda de desempenho e alto índice de defeitos fossem desprezados, ainda sobrariam modelos como a M585LMR ou a M714LMRT, que pela falta de recursos e de slots de expansão não poderia recomendar de qualquer forma.
Um usuário experimente saberia diagnosticar este tipo de problemas, mas um usuário sem tanta bagagem, que são justamente os maiores compradores de micros já montados, não saberia o que fazer. Sem falar, que na maioria das vezes o usuário leva o PC pra
casa sem saber o que está comprando.
Hoje em dia os componentes onboard estão se tornando comuns, e é possível encontrar placas mãe de qualidade melhor, com os mesmos modem e som onboard, por 30, 35 dólares a mais. Não vale à pena se sujeitar a todos estes problemas para economizar 70 reais.
Como eu venho defendendo em outros artigos, vale mais à pena economizar no processador, comprando um Duron ou Celeron, que estão cada vez mais baratos usando a economia para investir numa placa mãe melhor. Com isso é possível montar um micro de 700
dólares, usando uma placa mãe de qualidade, que pode não dar resultados estelares no 3D Mark, mas que já vai satisfazer um usuário iniciante. No caso de um PC mais caro, de 900 dólares ou mais, realmente não haveria por que resolver economizar justamente
na placa mãe.
No caso do micro popular (confira aqui), a foto que divulguei na matéria era apenas de um protótipo do projeto, não necessariamente o que será vendido nas lojas. Mesmo assim, o fato do projeto ter o apoio do governo federal não significa micros de
qualidade, principalmente se considerarmos o preço de venda proposto, não concorda?
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