“Dizem que o Pentium 4 é mais lento do que o Pentium III.
De fato o Pentium 4 é mais lento do que o Pentium III? Por quê?
A Intel disse que os testes feitos com o Pentium 4 usaram programas não
calibrados. Bom, mas será que para usar o Pentium 4 terei que ter programas
especialmente feitos para ele? Não será o Pentium 4 um novo MMX (com
instruções especiais que prometem vantagens, mas que na prática não
adiantam muito porque pouca gente usa)?”
Realmente, clock por clock, o Pentium 4 vem perdendo para o Pentium 3 em praticamente todos os aplicativos, apesar de ganhar em algumas aplicações devido ao clock mais alto. Apesar do Pentium 4 existir em frequências muito mais altas, o número de instruções processadas por ciclo é menor. Você paga por um processador de 1.5 GHz mas tem o desempenho de um processador de 1.0 ou 1.1 GHz, esta é a verdade.
Como você sugeriu, o Pentium 4 depende da otimização dos programas para mostrar um bom desempenho. O Tomshardware divulgou um teste bem interessante, mostrando como o desempenho do Pentium 4 aumentou ao ser usada uma versão do Flask MPEG, um programa de compactação de vídeo, que teria sido otimizada por uma equipe de analistas da própria Intel. Os números são interessantes, pois depois de literalmente “perder de lavada” do Athlon de 1.2 GHz usando a versão anterior do programa, o Pentium 4 de 1.5 GHz passou a ganhar por uma margem significativa usando a nova versão otimizada para ele. Possivelmente, se fosse realizado outro teste, usando uma versão otimizada também para o Athlon, o Pentium 4 voltaria a perder. A matéria pode ser lida em: http://www4.tomshardware.com/cpu/00q4/001206/index.html
Vendo por este ângulo, até parece que seja uma mera questão de tempo para que o Pentium 4 passe a apresentar um bom desempenho na maioria dos aplicativos, mas na prática o cenário é muito diferente. Realmente, os programadores procuram otimizar seus programas para os novos processadores, mas este é um processo bastante lento. Até hoje, a maioria dos programas em uso são otimizados para processadores 486! Uma pequena parte é otimizada para processadores Pentium, outros tantos são otimizados para Processadores Pentium II, enquanto apenas uma parte ínfima é otimizada para processadores Pentium III e Athlon. O Pentium 4, como foi o último a ser lançado, será pela lógica, o último a começar a receber otimizações.
Como a Intel está adotando uma estratégia de longo prazo com o Pentium 4, e parece decidida a gastar muito dinheiro para populariza-lo, é de se esperar que daqui a dois, três anos o Pentium 4 seja o principal processador da Intel, e que já tenhamos uma boa safra de aplicativos otimizados para ele. é possível também que o próprio processador seja modificado para apresentar um desempenho “menos ruim” 🙂 nos aplicativos atuais.
Por outro lado, o Athlon também carece de muita otimização por parte dos aplicativos, assim como o Pentium 4, o Athlon apresentará bons ganhos de desempenho a cada nova safra de programas. Um exemplo clássico é o Quake III: na maioria dos timedemos usados para fins de benchmark, um Athlon de 1.0 GHz fica atrás de um Pentium III também de 1.0 GHz. Porém o Athlon tem um coprocessador aritmético muito superior ao do Pentium III e usa um barramento mais rápido, o EV6, por que ele ainda perde então? Simplesmente por que o Quake III é muito mais otimizado para as instruções SSE2 do Pentium III do que para o 3D-Now do Athlon.
De qualquer forma, esqueça a compra de um Pentium 4 pelo menos até o final do ano, será dinheiro jogado fora. Hoje é possível adquirir um PC com um desempenho superior, baseado no Athlon, por quase metade do preço. Se você ainda não leu, não deixe de dar uma olhada na minha análise “10 motivos para não comprar um Pentium 4”. https://www.hardware.com.br/analises/pentium4/10motivos.asp
Se você quiser pesquisar mais sobre a arquitetura do Pentium 4, eu recomendo a leitura do “Pentium 4 In Depth”, um artigo escrito pelo Darek Mihocka, do Emulators Inc., que pode ser lido em http://www.emulators.com/pentium4.htm
Vale lembrar que este artigo tem cerca de 50 páginas, é altamente técnico e está em inglês. Tirando a postura “inti-Intel” do autor, todos os dados citados por ele são reais.
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