Do Fedora 9 ao openSUSE 11.0

From Fedora 9 to openSUSE 11.0
Autor original: Ladislav Bodnar
Publicado originalmente no:
http://distrowatch.com/
Tradução: Roberto Bechtlufft

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Vocês que acompanham religiosamente o DistroWatch Weekly devem se lembrar que eu costumo mudar de distribuição a cada seis meses. Isso é, em grande parte, resultado da minha vontade de acompanhar as novas tendências em cada distribuição, para que eu seja o mais objetivo possível ao comparar e avaliar produtos diferentes. Depois de seis meses de Fedora 8 e 9, chegou a hora de escolher uma nova distro para a minha estação de trabalho principal. O resultado? Esta edição do DistroWatch Weekly é a primeira de muitas a serem criadas no openSUSE 11.0.

Antes de darmos nossa primeira olhada na distribuição da comunidade da Novell, permitam-me tecer alguns comentários sobre as duas últimas versões do Fedora. Parece haver uma tendência entre as distribuições Linux na qual uma versão excelente sempre é seguida por uma versão medíocre. É como se os desenvolvedores de distribuições ficassem satisfeitos após uma ou duas versões bem-sucedidas, pensando que em seis meses nada pode dar errado. Assim ele se sentem mais aventureiros, fazem escolhas erradas e adicionam recursos experimentais, numa combinação que geralmente leva ao desastre. No Fedora 9, tenho a impressão de que os desenvolvedores abriram mão do ótimo trabalho que fizeram nas duas ou três versões anteriores e chutaram o balde com softwares e recursos ultra-modernos. Não é de se admirar que o Fedora 9 tenha tido uma recepção tão morna entre os críticos, enquanto muitos usuários usaram palavras não muito gentis para descrever suas experiências.

Meus sentimentos não diferem muito dos expressos em análises recentes. O Fedora 8 pode ter sido o melhor lançamento de todos os tempos do projeto Fedora – claro que também havia problemas, mas de modo geral as coisas funcionavam bem, especialmente depois das primeiras levas de correções de bugs e atualizações de software que se seguiram ao lançamento. Por outro lado, o Fedora 9 mal pode ser classificado como uma versão estável. A decisão de incluir o KDE 4 como único ambiente KDE foi dolorosamente errada, especialmente no momento em que a equipe do KDE no Fedora tem sido tão atuante ao tentar nos convencer que o Fedora não é mais uma distribuição GNOME. E incluir uma versão do X.Org que não funcionava com os drivers proprietários da NVIDIA também deve ter custado ao Fedora alguns usuários.

Mas não foi só o KDE 4 que fez do Fedora 9 um sistema operacional bugado e de recursos incompletos. Durante o uso que fiz do produto também topei com vários outros problemas, dentre os quais a incapacidade de encontrar o gravador de CD/DVD (reiniciar resolveu o problema, ao menos por uns tempos) foi o mais incômodo. Minha câmera Nikon Coolpix era detectada sem problemas no Fedora 8, mas não funcionou no Fedora 9 (tive que remover o cartão SD e plugá-lo ao leitor de cartões USB para extrair o conteúdo dela). E a atualização da semana passada, com mais de 200 novas versões de pacotes para o Fedora 9, inutilizou meu GRUB (tive que usar um live CD para reinstalar o gerenciador de boot). Todos esses probleminhas sugerem que o Fedora 9 sofre não apenas de escolhas erradas em seu design, mas também da falta de um controle de qualidade durante a fase de testes e nas atualizações que o sistema vem recebendo.

Por isso, logo depois que o openSUSE 11.0 foi lançado, na semana passada, decidi dedicar meu segundo HD a esse que prometia ser um dos produtos mais ambiciosos da recém-concluída temporada de lançamentos de distros. Vamos ser francos – tanto o Mandriva Linux 2008.1 quanto o Ubuntu 8.04 foram versões bem conservadoras, parecendo atualizações e não novas versões (o que não é ruim, muito pelo contrário). O Fedora, por sua vez, incluiu todo tipo de recursos novos e softwares instáveis em sua árvore de desenvolvimento. Ainda que os desenvolvedores do openSUSE tenham feito basicamente o mesmo, eles se deram um tempo de desenvolvimento bem maior. A presença de vários proeminentes desenvolvedores do KDE na equipe do openSUSE também aumentou o nível de confiança em sua implementação do KDE 4. E ainda que o KDE 4 seja o ambiente KDE padrão no openSUSE 11.0, felizmente estão disponíveis nos repositórios da distribuição o KDE 3.5 e seus componentes, que podem ser instalados com uns poucos cliques do mouse.

Um problema do openSUSE 11.0 que não é técnico é, obviamente, o infame acordo de proteção de patentes entre a Novell e a Microsoft, que continua a ser muito debatido nos fóruns do DistroWatch Weekly semana após semana. Mas uma coisa está clara: embora as pessoas que fazem campanha pelo boicote aos produtos da Novell sejam bem barulhentas, elas ainda são uma clara minoria. Um indicativo disso é o interesse que o lançamento do openSUSE 11.0 gerou aqui no DistroWatch na semana passada. Você pode conferir na tabela abaixo, que classifica os maiores lançamentos de distribuições com base no número de acessos únicos às páginas específicas de cada distro, três dias após o lançamento. Como se pode ver, o openSUSE teve mais de 16.500 visitas, perdendo apenas para o Ubuntu em termos de interesse pós-lançamento entre os visitantes do Distrowatch.

Classificação Distribuição Data de lançamento Visitas
1 Ubuntu 8.04 24/04/2008 19.236
2 openSUSE 11.0 19/06/2008 16.513
3 Fedora 9 13/05/2008 13.408
4 Mandriva Linux 2008.1 09/04/2008 9.700
5 Linux Mint 5 08/06/2008 8.058
6 Slackware Linux 12.1 02/05/2008 4.671
7 FreeBSD 7.0 27/02/2008 3.312

E então, como foram meus primeiros dias com o openSUSE 11.0? Minhas primeiras impressões foram bem mais positivas do que as que tive com o Fedora 9. Passei boa parte do tempo migrando dados e configurações,e acertando a interface para aumentar minha produtividade. Uma das surpresas mais agradáveis, e essa me ganhou, foi a inclusão do Konqueror 3 na instalação padrão. Esse truque simples que o Fedora não “pescou” tornou possível usar o KDE 4 como desktop padrão, e ao mesmo tempo apreciar as vantagens e a flexibilidade do KDE 3.5 nos pontos em que a versão 4 não resolve. Sejamos honestos, em termos de recursos e opções de customização, os gerenciadores de arquivos Dolphin e Konqueror 4 são péssimos substitutos ao excelente Konqueror do KDE 3.5.

Também tive uma surpresa agradável com as melhorias no YaST e no gerenciamento de pacotes, especialmente no que concerne à velocidade. A última vez em que usei por mais tempo o openSUSE foi em 2002, mas mesmo as análises mais recentes expressavam insatisfação com a velocidade dos utilitários de gerenciamento de pacotes e de administração. Fica claro que os desenvolvedores ouviram os usuários e fizeram grandes esforços nesse sentido. No meu sistema x86_64, a instalação de software pelo YaST2 não foi mais lenta do que com os utilitários de gerenciamento de pacotes do Fedora, e o sistema inicializa bem mais rápido que versões anteriores do openSUSE. Como instalei o sistema pelo live CD, passei um tempo considerável atormentando os utilitários de gerenciamento de pacotes do openSUSE, mas tirando uma falha de conexão a um mirror lotado, não tive problemas para instalar e remover pacotes. A instalação de pacotes proprietários, não-livres, ou de suporte a placas de vídeo e multimídia no openSUSE 11.0 foi surpreendentemente intuitivo e simples. Mesmo aplicativos de terceiros, como o Opera 9.50 e a mais nova versão do Google Earth, foram instalados sem problemas.

De modo geral, o openSUSE 11.0 é uma agradável surpresa. Em comparação ao Fedora 9, talvez ele só perca na configuração das fontes; em meu monitor de LCD as fontes padrão têm um lindo visual em todas as versões recentes do Fedora e do Mandriva, mas é preciso mexer bastante nas outras distros para se obter o mesmo efeito. Fora isso, o openSUSE 11.0 parece bom é confiável, e espero ser um usuário satisfeito do openSUSE pelos próximos seis meses.

E você? Como foi sua experiência com o openSUSE 11.0? Venha compartilhar dela conosco!

Créditos a Ladislav Bodnarhttp://distrowatch.com/
Tradução por Roberto Bechtlufft <robertobech at gmail.com>

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