Agora vem o verdadeiro teste: será que o OpenIndiana é simples e amigável? É claro que o sistema vai apresentar alguns problemas, mas será que eles serão resolvidos rapidamente (como no Linux) ou vamos ter que gritar de desespero por meses a fio? Vamos ver.
Um desktop comum costuma ser inútil se não tiver música, vídeo e Flash. E não temos mesmo nenhum codec proprietário pré-instalado, mas é possível instalá-los, embora não de maneira totalmente simples. Se você tentar tocar um MP3 no media player, o Indiana vai pedir para baixar o plugin correto. Ao contrário do Linux, que usa o GStreamer, no OpenIndiana temos o Codeina, que oferece pacotes da Fluendo. Há um conjunto gratuito de codecs, além de várias opções pagas. Para baixar e instalar o plugin é necessário criar uma conta.
Baixando os codecs no OpenIndiana
Minha primeira tentativa não deu muito certo. O assistente deu erro. Na segunda tentativa, o plugin foi instalado corretamente e eu consegui ouvir a música. Parece que esse bug só acontece uma vez. No caso do Flash, você vai ter que seguir o rumo tradicional: baixar um arquivo compactado da Adobe, descompactar o arquivo e copiar o objeto compartilhado para o diretório do Firefox. Para fazer isso, você vai ter que usar o root clássico ou o pfexec, mas como eu já disse, esta última opção só funciona se você tiver criado uma senha forte durante a instalação. Com uma senha fraca o pfexec não vai funcionar. O Flash funciona, mas a reprodução dá uns “engasgos”. Os usuários comuns não vão gostar do procedimento complicado de instalação, que exige que você se cadastre em um site e execute comandos no terminal.
Instalação do plugin do Flash
O OpenIndiana vem com uma seleção de programas que pode não ser muito empolgante, mas é decente. Estão presentes Firefox, Thunderbird, Evince, Brasero, OpenOffice.org, Pidgin e outros. O firewall pode ser gerenciado por meio de uma interface gráfica simples. Aplicativos menos óbvios incluem o GNOME Pilot para sincronização de dispositivos Palm e o Codeina, por exemplo. Obviamente o Java está incluído, isso eu nem preciso dizer.
Os aplicativos
Quem quiser outros aplicativos pode recorrer ao gerenciador de pacotes. O gerenciador de pacotes parece mais fácil de usar do que em versões anteriores, mas ainda falta muita coisa nos repositórios. Coisas triviais, como o VLC, por exemplo, não estão na lista. Mas o maior problema é o gerenciador de atualizações. Ele simplesmente não funciona. Em duas ocasiões diferentes, invocado diretamente pelo menu do sistema ou pelo gerenciador de pacotes, ele disse que não era possível atualizar o sistema porque eu estava rodando a imagem live do sistema. Acontece que eu estava rodando o OpenIndiana instalado no HD. Talvez eu tenha feito alguma coisa errada, mas nesse caso, acredito que a maioria das pessoas vá errar também.
O gerenciador de pacotes do OpenIndiana
Os efeitos de desktop podem ser ativados no menu de aparência, igualzinho ao que acontece no GNOME. Mas faça isso por sua conta e risco, porque se você não tiver uma placa de vídeo com suporte a todos os tipos de firulas tridimensionais, o resultado vai ser uma tela branca. Ao menos no meu caso, foi exatamente isso o que aconteceu. Fiquei meio desapontado, mas não surpreso. Já já vamos falar mais um pouco sobre os gráficos.
A impressão não funcionou. Quando eu tentava gerenciar meus trabalhos de impressão, o OpenIndiana exibia uma mensagem pouco amigável dizendo que um negócio qualquer não estava disponível. Nada que ajude muito o usuário, que fica sem saber o que fazer para resolver o problema.
Problemas com a impressão…
O OpenIndiana já vem com alguns programas úteis instalados. Você pode, por exemplo, personalizar suas notificações ou ativar o Time Slider, que cria instantâneos incrementais do seu sistema, incluindo a capacidade de salvar dados em mídia externa para backup. O Solaris sempre favoreceu o driver binário da NVIDIA. É por isso que o gerenciador de configurações da NVIDIA vem incluído, mesmo que você não tenha hardware dela. Para que usa o compartilhamento de desktop, o Indiana vem com o Vino e o VNC Server instalado. A configuração é bem simples. Levei três minutos para criar uma sessão e me conectar remotamente a partir de um PC com o Maverick.
Time Slider do OpenIndiana
O Indiana é bem leve quando comparado a versões anteriores. Mas os números podem ser alarmantes: ele consome 500 MB, quase o dobro das distros Linux comuns. O Time Slider e o ZFS também devoram alguns ciclos de CPU. Mas o desktop é mais rápido e responde melhor do que as outras versões, e é isso o que mais importa aqui.
Recursos do sistema
Metade do sistema de suspensão funcionou. O OpenIndiana pode ser posto para dormir tranquilamente, mas acordá-lo é que é o problema. Não sei qual combinação de hardware e software foi responsável por isso, mas no meu computador essa soneca não deu muito certo.
Geralmente eu não falo muito sobre o kernel e as tecnologias relacionadas, porque elas têm menos utilidade para os usuários de desktops. Mas o OpenIndiana é uma exceção. Temos muitas surpresas nessa área, incluindo diversos produtos originais da Sun. Só para citar alguns: ZFS, virtualização com zonas, framework DTrace para depuração do kernel, Crossbow, uma pilha de rede totalmente virtualizada e de alto desempenho e outras coisas. Visto dessa perspectiva, o OpenIndiana é tão moderno quanto as distros Linux mais recentes.
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