NimbleX 2008, uma mini-análise

Por: Julio Cesar Bessa Monqueiro

Review: NimbleX 2008
Autor original: Steven Lake
Publicado originalmente no:
http://distrowatch.com/
Tradução: Roberto Bechtlufft

Faz nove meses que analisei o NimbleX 2007 e concluí que se tratava de uma distribuição compacta e agradável, com muitos recursos únicos. O primeiro deles é o fato de ter sido desenvolvido para rodar do CD, do pendrive e até da rede, e não de um disco rígido, numa combinação que a maioria das distribuições não oferece. Aliás, até onde eu sei, nenhuma outra distro faz isso. O NimbleX 2007 também era muito rápido e cheio de boas ferramentas. Ele estabeleceu um precedente e tanto. E o que há de tão especial na versão 2008 em relação à sua antecessora?

Live-Cd

Na verdade, muita coisa. Ao bootar o live-CD, o menu do grub oferece cinco opções básicas de boot. São elas:

  • NimbleX 2008 – Boot in KDE
  • NimbleX 2008 – Boot in KDM
  • NimbleX 2008 – Command Line
  • NimbleX 2008 – Safe Install
  • Boot from the first harddisk partition (para bootar pela primeira partição do hd)

Para ser franco, essas opções me confundiram um pouco. O KDM é o gerenciador de login do KDE, e é raro uma distribuição oferecer a possibilidade de escolher entre o KDE puro e o KDM. A primeira opção boota uma versão genérica e sem alterações do KDE, incluindo uma lista básica de software. Ao bootar o KDM, no entanto, são oferecidos oito sistemas operacionais. São eles: E16 (enlightenment), EDE, Enlightenment, Fluxbox, IceWM, KDE, Openbox e TWM.

A opção command line boota uma linha de comando básica, que é perfeita para solucionar problemas de hardware. Já a opção safe install boota um ambiente básico com uma interface gráfica simples, caso o hardware cause problemas na instalação gráfica do NimbleX, ou caso você opte pelo caminho mais rápido, seguindo direto para o instalador sem carregar o ambiente do live-CD. As duas opções estão disponíveis, escolha a que mais lhe agradar. A última opção de boot obviamente boota o sistema operacional que estiver instalado no HD.

A escolha do gerenciador de janelas vai, em grande parte, determinar os recursos que você terá à sua disposição. Digo isso porque nem todos os gerenciadores de janelas têm acesso a todos os programas. O KDE parece ser o mais completo de todos, sendo capaz de acessar todos os aplicativos. E há muitos aplicativos. Com tantas opções, o tamanho reduzido da iso do NimbleX surpreende. Ele tem meros 199 MB. Incluir tudo isso num CD desse tamanho é como colocar um elefante num fusca.

Mas os desenvolvedores do NimbleX 2008 deram um jeito de encaixar um sistema operacional inteiro, que encheria um CD sem dificuldades, em um espaço incrivelmente pequeno. É um trabalho impressionante. Em termos de velocidade, o live-CD carrega em pouquíssimo tempo, e mesmo numa máquina de configuração modesta, o cd carregou bem rápido e me levou aonde eu queria em menos tempo que a maioria dos live-CDs por aí.

Quando cheguei ao KDM, fui surpreendido pela tela de login. Fiquei ainda mais surpreso porque ninguém avisou qual era o login. Reiniciei e dei uma pesquisada, e acabei descobrindo que o login padrão é “root/toor”. Não me perguntem porque o login é feito como root, mas como se trata de um live-CD não deve haver muito problema, desde que você não decida brincar de Deus.

Uma vez no desktop (dependendo do gerenciador de janelas escolhido), há várias opções de efeitos disponíveis aos que procuram uma experiência gráfica mais arrojada, e todas elas são muito bonitas. Os gerenciadores parecem quase virgens, sendo oferecidos em condições próximas às originais. Há algumas esquisitices, ajustes e preferências configuradas pelos desenvolvedores que são, no mínimo, curiosas. Por exemplo, não é possível ajustar a resolução da tela se você entrar pelo KDM, mas entrando pelo KDE puro, sim. Além disso, o login é automático ao entrar direto pelo KDE.

A lista de software disponível tanto no live-cd quanto na versão instalada é impressionante. Estão presentes programas populares como Firefox, XMMS (fico feliz por ver este aqui), Mplayer, Gimp, Xine, K3b e muitos outros. Nada da carga adicional de programas que você nunca (ou quase nunca) precisa. Temos alguns jogos, alguns aplicativos secundários como Kmail e Kword, aplicativos úteis como o monitor de bluetooth e um firewall, dentre outros.

A interface do live-CD é clara, ágil e simples, sendo muito prática para uso diário. Embora conte com uma bela lista de aplicativos, o NimbleX não comete excessos. Em suma: as “gordurinhas extras” foram cortadas. Na hora de desligar o computador temos uma situação meio esquisita. Ao invés de fechar tudo, o live-cd só oferece a opção de encerrar a seção do gerenciador de janelas e joga o usuário numa sessão semi-gráfica de terminal (leia-se: um console com uma janela bonita) onde é preciso fazer login. Para acabar de desligar o PC, é preciso tirar o CD e desligar o computador segurando o botão power do computador.

Não me parece muito inteligente, mas as coisas são assim. Por outro lado, daqui é possível reiniciar o X e voltar a trabalhar no live-cd. Também dá para brincar um pouco na linha de comando.

Instalação

Instalar o NimbleX é como jogar dados. Para que tudo dê certo, tudo tem que ser feito direitinho. E reze para o instalador não encrencar. O NimbleX usa um instalador de texto, o nxinst, para realizar a instalação, logo o processo não é tão bonito quanto vemos em outros instaladores, mas ainda assim a instalação é bem simples, e mesmo novatos não devem ter problemas. Quero dizer, quase nenhum. O menu inicial inclui duas opções: Uma para instalar o sistema no disco rígido e outra para instalar no pendrive, além do manjado aviso de isenção de responsabilidade.

O Instalador do NimbleX

Comecei testando a opção de instalação no HD, que falhou, apesar da minha insistência. O interessante é que os desenvolvedores incluíram um aviso de que trata-se de um trabalho ainda não concluído, e que pode apresentar alguns problemas. Não que eu ache legal ter um instalador meio torto num produto finalizado, mas pelo menos eles tiveram a gentileza de mencionar que o instalador é uma versão beta, e que podem ocorrer alguns problemas. Se você escolher instalar no USB e selecionar o HD como destino da instalação, a instalação do NimbleX é feita no HD.

Mas atenção: ao instalar no HD ou no pendrive, o NimbleX instala o sistema em uma única partição ext3, e, curiosamente, todas as configurações são gravadas em uma partição fat32, adicionada pelo instalador. Não sei o porquê disso, mas deve haver alguma explicação bem doida para esse procedimento. De qualquer maneira, é parte da instalação, não fique surpreso. Além disso, ao criar a partição fat32, separe ao menos 25 MB para as configurações do sistema, ou até uns 500 MB dependendo de quantos arquivos pretende gravar.

Do tempo de instalação, 10% corresponde à instalação em si e 90% à configuração. Não que os menus tomem muito tempo. Na verdade, só é preciso fazer algumas poucas escolhas. Partindo do princípio de que você lê rápido, a instalação em si deve levar de dois a três minutos, talvez cinco se o pendrive ou a máquina forem lentos.

Outra coisa: Quando a instalação é concluída e o sistema instalado boota, haverá um ícone “Instalar NimbleX” no desktop. Não entre em pânico por causa disso. O ícone não foi esquecido aí pelos desenvolvedores. Ele continua no desktop para o caso de você ainda querer instalar o NimbleX em outro dispositivo.

Sistema Instalado

A inicialização do sistema instalado é absurdamente rápida. Sem dúvidas, é uma das mais rápidas que já vi. Mesmo me esforçando para atrasar a inicialização, instalando o sistema em um pendrive lerdíssimo ou num PC velho e empoeirado, a inicialização continuava incrivelmente rápida. O desktop e os aplicativos também são muito rápidos.

O Ambiente KDE do NimbleX

Eu estava curioso para ver como funcionava o boot pela rede, já que da última vez acabei não testando esse recurso. Acreditem: funciona. Bem, funciona, mas não 100%. É possível bootar a máquina por uma rede 10/100, e ainda assim o NimbleX roda muito bem. Ajuda bastante o fato do NimbleX vir com seis servidores básicos, incluindo um servidor de boot PXE pré-configurado. É graças a isso que o sistema oferece a opção de boot pela rede. Basta configurar um terminal leve com boot PXE e pronto.

Só um aviso: Certifique-se de ter uma placa de rede sobrando para transformar a máquina em um servidor de boot PXE. Se tiver duas placas de rede, desabilite uma delas e desconfigure-a, deixando a outra tomar conta do acesso à rede padrão. Se não precisar disso, e quiser apenas usar a máquina como um servidor de boot PXE, basta uma placa de rede desconfigurada. Pode ser preciso fazer alguns ajustes, mas não vai ser nada muito dramático se você for do tipo aventureiro.

O lado bom da boot PXE é que podem haver vários terminais leves espalhados pela casa (ou escritório) com monitores touchscreen simples e um pequeno laptop (como o Linutop) com um desses programas simples de quiosques de internet. Isso vai garantir um uso simples e muito interessante para o NimbleX. Os terminais leves têm muita utilidade em escolas, casas, escritórios e demais situações em que você tenha vários PCs com a mesma configuração em funcionamento e não precise de HDs por questões de segurança ou economia. Isso também reduz a ocorrência de problemas de software com os quais você teria que lidar.

E se o PXE não for a sua praia, há mais cinco tipos de servidores a escolher, incluindo servidores web, ftp, ssh, dns e dhcp. Configurar a rede wireless também é muito simples. O NimbleX também se sai muito bem como sistema operacional para navegação básica na internet. Você pode arranjar um computador para sua avó e instalar o NimbleX nele. Ela vai poder fazer login, se conectar à internet, navegar e baixar emails.

Para os power users, o NimbleX traz também o LinuxDC++, feeds RSS, instant messengers, SSH e muito mais. Até o VirtualBox está incluído, e pode ser usado facilmente para emular outras distros e sistemas operacionais. Para os paranóicos, o anti-vírus ClamAV e o firewall Guarddog. Outra ferramenta interessante é o “Kshutdown”. Ele está disponível em todos os gerenciadores de janelas e basta clicar nele para desligar o micro. É bem mais fácil que o procedimento padrão do NimbleX.

Para os que querem mais aplicativos, eles podem ser instalados pela interface gráfica do Gslapt ou pela linha de comando com o slapt-get. Quase todas as funções administrativas avançadas têm que ser realizadas pela linha de comando. Logo, se quiser adicionar outro usuário (e eu recomendo, pois o sistema é executado como root por padrão) será preciso faze-lo pela linha de comando.

Outra coisa que me surpreendeu foi o pouco espaço ocupado pela instalação do NimbleX. Depois de trabalhar com várias distros cujas instalações ocupam de 1,5 GB a 9 GB, ver o NimbleX se acomodar em modestos 372 MB com tudo o que tem direito foi no mínimo impressionante.

Além disso, descobri outra coisa que pode interessar a muita gente. Se você abrir o Firefox e clicar no link “Custom NimbleX”, um site permitirá que você crie sua própria versão customizada do NimbleX. Não estou brincando. É uma remasterização completa do CD a partir da internet. O site até avisa qual será o tamanho da ISO, e ele vai mudando conforme você faz alterações na configuração da ISO. Quando acabar, o site lhe oferecerá seu próprio NimbleX 2008 customizado, empacotado, prontinho para o uso! Se você quer saber, eu achei bem legal. 🙂

Conclusão

Fiquei bastante impressionado com o NimbleX 2008. Ele tem um pouquinho de tudo para usuários minimalistas, novatos e power users. O sistema é simples, estável e excepcionalmente bem feito. Dou o meu ok com facilidade, já que não encontrei muito motivo para reclamar. É verdade que é preciso dar uma acertada no instalador. Mas fora isso, estou muito satisfeito com o que o NimbleX tem a oferecer. Para mais informações sobre esta distribuição, consulte o site do projeto, a página dele no DistroWatch ou, se estiver pronto para embarcar, baixe a ISO de instalação. Ou, se você for do tipo aventureiro, crie seu próprio CD de instalação, do jeito que quiser.


Créditos a Steven Lakehttp://distrowatch.com/
Tradução por Roberto Bechtlufft <robertobech at gmail.com>

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