Quando o iPad foi lançado, nem todos acreditaram em no sucesso da empreitada da Apple, em virtude do hardware limitado deste produto. Mas, contrariando todas as expectativas, o tablet não só foi muito bem aceito, como também definiu novas tendências para o futuro da computação pessoal. Neste meio-tempo, a mídia especializada aproveitou a oportunidade para sacramentar o fim dos netbooks, os quais começavam a perder o interesse por parte dos consumidores. Dadas as reclamações, a principal estava nas configurações de hardware limitadas, onde geralmente a grande maioria dos netbooks possuíam basicamente as mesmas especificações técnicas…
Netbook Asus Eee PC 1000, baseado no Atom N270.
A concorrência – aka AMD – inicialmente não apostava no sucesso do segmento; mas, devido às grandes vendas alcançadas pela Intel, acabou sendo obrigada a investir em uma nova plataforma de baixo consumo para acompanhar as tendências do mercado. Nesse meio-termo, chegou a lançar algumas CPUs – como o Athlon Neo MV-40, o AMD-105 e o Sempron 2100, mas estas eram baseados na antiga arquitetura K8, otimizada apenas para a obter uma boa redução do consumo de energia elétrica. Embora oferecessem uma capacidade de processamento superior ao Atom, tais CPUs não eram tão econômicas (o que gerava um grande impacto na autonomia dos dispositivos portáteis), além de terem uma relação custo-benefício inferior à solução da Intel. Queiram ou não, a gigante empresa de semicondutores ainda estava na dianteira, embora o seu principal produto não empolgasse muito.
Netbook Acer Aspire One 521, baseado no AMD-105.
Mas agora, os tempos são outros. No final de 2010 a AMD lançou o Brazos, uma plataforma dotada de uma nova arquitetura de APUs voltadas para o baixo consumo e que dispõem do IGP integrado diretamente no mesmo chip. Além das tradicionais unidades x86 derivadas do bom e velho Athlon K8, as novas APUs Fusion (nome comercial) receberam refinamentos em sua arquitetura, ao mesmo tempo em que foi mantida a capacidade de processar instruções “fora-de-ordem” (out-of-order) e o suporte à extensão de 64 bits (x86_64). Por fim, a integração do IGP ATI Radeon deu à nova APU, as capacidades multimídias tão desejadas para estes netbooks. E tudo isso consumindo “apenas” 9 Watts!
Eis a plataforma Brazos. Em destaque, as famílias de APUs Zacate (dedicadas aos nettops e subnotebooks) e Ontário (dedicadas aos netbooks e tablets).
Tal como os produtos da Intel, a AMD possui APUs dotadas de unidades x86 mono-core e dual-core, sendo estas representados pelos modelos C-30 (1.2 GHz) e C-50 (1.0 GHz), onde ambos consomem o já mencionado valor de 9 Watts (pelo menos, em teoria). À primeira vista, a opção pela APU dual-core parece ser a mais interessante; entretanto, deveremos levar em consideração que em situações de carga máxima, o consumo do modelo dual-core certamente irá exceder o consumo da versão mono-core, penalizando a autonomia da bateria. Ainda assim, o sonho de muitos usuários em dispor de netbooks realmente modernos e poderosos, será concretizado!
O poderoso Eee PC 1015B, que pode ser dotado tanto de uma CPU AMD Fusion mono-core (C-30, 1.2 GHz) ou dual-core (C-50 1.0 GHz).
Dentre os comparativos de desempenho publicados em diversos sites especializados na Internet, as APUs da AMD venceram o Atom por boa margem de diferença, mesmo rodando a apenas 1.0 ou 1.2 GHz (o Atom possui velocidades nominais de 1.5, 1.66 e 1.83 GHz). Entretanto, deveremos levar em consideração que o Atom possui a capacidade de processar 2 threads, graças ao suporte à tecnologia HT (Hyper Thread) desenvolvida pela Intel (o que faz o sistema vê-la como uma CPU de 2 ou 4 núcleos, quando na verdade possuem apenas 1 ou 2 núcleos). Além de melhorar sensivelmente o desempenho em algumas aplicações, o HT minimiza um pouco a diferença de performance geral em comparação às APUs da AMD. E graças à sua arquitetura “em-ordem” (in-order) e a simplicidade de projeto (em virtude da ausência dos circuitos de Branch Prediction), o Atom consumirá ainda menos…
Será que tal plataforma terá a capacidade de rodar os jogos mais atuais?
Fonte: Hardwarezone.com.
Se antes os netbooks eram limitados a rodarem suítes de escritório, navegadores WEB e uma meia-dúzia de aplicativos simples, agora teremos uma nova oferta de possibilidades à disposição, graças especialmente à sua GPU integrada: jogos casuais ou até mesmo sofisticados – mas que utilizam bem os recursos do sistema – poderão ser executados sem maiores inconvenientes (exceto pela tela LCD pequena, o teclado desconfortável e a necessidade de um mouse sem-fio). Em meu antigo netbook Eee PC 900 (Intel GMA 900), eu mal conseguia rodar os antigos jogos FPS Quake 3 e Unreal; agora, poderei “brincar” com os jogos FPS mais modernos, como o Doom 3, Call of Duty 4, F.E.A.R, FarCry, entre outros do gênero! Em contrapartida, terei que desabilitar certos recursos visuais, como os filtros AntiAliasing e Anisostropic, além a alta qualidade gráfica geral das texturas.
Toshiba NB550D: se já não bastasse a elegante APU dual-core C-50, ainda somos agraciados com uma excelente qualidade sonora e autonomia de pelo menos 8 horas…
Outro lado positivo na vinda das plataformas da AMD, está na área dos nettops: se antes, eles sofriam com o desempenho medíocre das CPUs Atom 230 e D410 e razoável das CPUs Atom 330, D510 e D525, agora poderemos contar com as APUs da AMD: o E-240 (1.5 GHz, mono-core, TDP 18 Watts) e o E-350 (1.6 GHz, dual-core, TDP 18 Watts) não só oferecem um poder de processamento bem mais alto que os seus equivalentes para netbooks, mas também enfrente fortemente a concorrência e traz as badaladas GPUs Radeon, estas dotadas de uma velocidade de até 500 MHz em contraste com as versões de apenas 280 MHz das APUs para netbooks. Por fim, o suporte ao decodificador de vídeos (UDV 3) e a API DirectX 11, possibilitará até mesmo tais máquinas rodar jogos atuais (considerando o perfil das configurações), algo antes inimaginável nos primeiros nettops.
Os nettops também serão agraciados com as novidades. Em destaque, o Zotac Zbox Plus, dotado da APU AMD Fusion E-350.
Claro que durante este meio-tempo, a Intel não ficou parada. Além de lançar a sua linha de CPUs dual-core Atom N550 (1.5 GHz), os fabricantes de netbooks dispõem da solução integrada (IGP) nVidia ION 2: o chipset – que traz a relativamente poderosa GPU GeForce 9400M – possui poder de processamento gráfico suficiente para se aproximar das placas de vídeo entry-level, além de possibilitar a decodificação de vídeo via hardware, necessário para rodar os vídeos em alta-definição sem consumir os preciosos recursos (capacidade de processamento) do sistema. Não é bem uma solução integrada, unificada e poderosa como as APUs da AMD; no entanto, ainda servem para quebrar o galho, enquanto não dispõe de soluções à altura.
Além de uma CPU dual-core (Atom N550), o Eee PC 1015PN dispõe do IGP nVidia ION 2 (Geforce 9400M), com um bom potencial para a execução de jogos e multimídia.
E se os netbooks com CPUs x86 não nos convencerem, de que são realmente poderosos para as atividades as quais propõe? Bem, se for o caso, poderemos apostar nos futuros smartbooks! Estes últimos diferenciam-se dos netbooks, por utilizarem CPUs baseadas na arquitetura ARM, as quais eram voltadas exclusivamente para smartphones e tablets. Com o advento das unidades quad-core previsto para o final do ano, bem como as relativamente poderosas GPUs que integram o SoC, certamente veremos novos produtos à disponibilidade do mercado para o próximo ano. Ao mesmo tempo, os sistemas operacionais como o Android, o Chrome OS e o Meego, estarão em um estágio de maturidade muito avançado, oferecendo uma experiência única em usabilidade e conveniência!
Diagrama da futura CPU ARM Cortex-A15 (Áquila) e a promessa de smartbooks poderosos…
Mas até lá, este será o tema de um novo artigo… &;-D
Por Ednei Pacheco <ednei [at] hardware.com.br>
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