OPINIÃO: Não seja fanboy

OPINIÃO: Não seja fanboy

Já faz um bom tempo que eu estava pensando em escrever sobre esse tema, que é, ao mesmo tempo, tão tosco e presente. Sinceramente tenho uma opinião bem desenhada na minha cabeça sobre o que é ser fanboy, e assim como em outras discussões, os incomodará. Espero que você não seja um deles.

O crítico musical Regis Tadeu costuma dizer que todo fã é um idiota. O idiota que Regis se refere é a idolatria por aquela marca, produto, banda, ou qualquer outra coisa. A idolatria é um veneno, você inala aquela ideia, e ela começa a perpetuar sobre você, causando um belo estrago no seu senso crítico. A idolatria interfere na nossa capacidade de julgamento e discernimento. Esse tipo de fã, sim, é um completo idiota.

O termo fanboy é comumente associado ao mundo geek, porém pode ser ampliado para qualquer coisa. O simples ato de tomar as dores por uma marca ou produto já o credencia como um fanboy. Quantas vezes você já viu ou participou de debates sobre Windows x Linux, Intel x AMD, NVIDIA X AMD, PlayStation x Xbox, Android x iOS e PC x Console?. E é claro que nesses debates acalorados, provavelmente, você sentiu que algum fanboy estava por perto, é bem fácil detectar esse povo. Você pode apresentar os melhores argumentos, o fanboy sempre rebaterá mesmo que saiba que não conseguirá acrescentar nada de útil, a vontade de erguer a bandeira da marca ou produto sempre fala mais alto.

A teoria do ursinho de pelúcia que o jornalista Leandro Narlock usa para definir como certas pessoas se agarram a uma convicção política pode ser muito bem aplicado aqui. O fanboy agarra-se no seu ursinho de pelúcia, transvestido de iPhone ou PlayStation e então defende de forma imatura caso alguém tente desmerecer o “ursinho”.

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Um dos maiores trunfos que uma empresa pode alcançar é criar uma legião de clientes fiéis, que compram, desfilam e comentam sobre seus produtos. No entanto essa busca pode exercer um poder realmente evangelizador, clientes que cantam a quatro pulmões que amam aquele produto e a marca e que estão dispostas a discutir com quem diga o contrário. 

A situação fica ainda pior quando formadores de opinião caminham por essa região do fanboylismo argumentando de uma forma que cria ainda mais discussões desnecessárias, o simples ataque pelo ataque. 

No ano passado Michael Patcher, analista da Wedbush Security, disse em entrevista ao Daily Star que os gamers de PC são como racistas e arrogantes que se relacionam somente com o seu grupo. A declaração de Patcher foi uma analogia para a rivalidade entre PCs x Console. Comparações desse tipo nada acrescentam ao debate, inclusive dão mais força para haters e fanboys defenderem seus pontos de vista com a agressividade que lhes é característica.

Eu também acredito que o fanboy é um consumidor ressentido e magoadinho com as opções de mercado. No mundo capitalista não é possível ter tudo, sempre falta algum bem material a ser adquirido, e, como a grande maioria das pessoas têm que sempre escolher entre comprar um ou outro, alguns manifestam essa frustração com ódio, criticando o produto similar àquele que foi comprado, como se isso fosse valorizar o investimento feito. 

Só que na prática o efeito é o contrário, o fanboy de carteirinha não troca de jeito nenhum de marca, por mais que ela não seja tão relevante como antigamente. A concorrência é ótima para o mercado, tira as companhias da sua zona de conforto, porém a maioria dos fanboys não enxerga assim, eles querem mais que os concorrentes se explodam, e que a entidade corporativa que eles tanto amam e idolatram fiquem sozinhas. Falta no fanboy a visão periférica, de olhar ao redor e reconhecer os méritos dos “ursinhos” de outras marcas.

Admitir que a marca concorrente lançou um console ou placa de vídeo melhor do que aquela que você idolatra, na visão do fanboy, é como uma traição, uma rebeldia aquela corporação que sigo e admiro. Uma baboseira sem limites.

Recentemente foi condenado a 9 anos de prisão o programador russo Aleksander Trofimov. Ele simplesmente esfaqueou o seu amigo e ex-colega de trabalho Evgeny Lylin em setembro do ano passado, por uma briguinha sobre placas de vídeo NVIDIA e AMD. Trofimov que é um fanboy convicto da NVIDIA ficou revoltado quando Lylin defendeu as placas da AMD. Ambos estavam bêbados. Juntou bebida com esse sentimento incandescente de fanboy, e o problema está feito.

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O assassino ainda tentou se safar, tirou o corpo e o transportou em seu carro para tentar esconder em um terreno baldio. Muito cuidado com os que dizem “eu defendo minhas convicções custe o que custar doa a quem doer”, esse daí é um fanático e com certeza é um fanboy de alguma marca produto ou qualquer outra coisa. 

Continue apostando em suas marcas preferidas, e em produtos que você já se acostumou, só não entre nesse modo inconsciente de discussão e defesa, ser fanboy é acima de tudo não raciocinar. Como dizia Pascal: “não me envergonho de mudar de opinião, porque não me envergonho de pensar”.

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Editor-chefe no Hardware.com.br, aficionado por tecnologias que realmente funcionam. Segue lá no Insta: @plazawilliam Elogios, críticas e sugestões de pauta: william@hardware.com.br
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